Jeferson Miola
Lula é o centro não só da eleição de 2018, como é o centro político em torno do qual se desenrola a história contemporânea do Brasil. Lula é o espectro que ronda as eleições e a realidade política brasileira.
Tudo passa pelo Lula. Inclusive as definições e escolhas da classe dominante para a eleição deste ano estão condicionadas às possibilidades, às escolhas, às definições do Lula e ao desfecho da perseguição judicial que objetiva baní-lo do jogo político e eleitoral.
A esquerda e o campo progressista é ainda mais dependente da estratégia que o Lula escolher para o período. Não existe – como nunca existiu – um plano b. Menos ainda um plano c, x, y ou z, porque só existe o plano Lula.
Todas os movimentos de dirigentes do PT, até mesmo aqueles dirigidos a adversários e integrantes do bloco golpista, não significam compromissos ou acordos, mas somente a prospecção de cenários.
Prospectar cenários e examinar o terreno da luta política, nestes tempos de imponderabilidade e incertezas, é absolutamente recomendável. Somente assim se consegue apreender a realidade na sua complexidade para poder articular globalmente a melhor estratégia.
Tudo o que se passa acerca do Lula no âmbito interno do PT ou do protagonismo do PT na dinâmica política e no debate público nacional é do conhecimento e consentimento do próprio Lula, até mesmo as especulações e balões de ensaio lançados na mídia.
Lula é o candidato do PT em 2018 até o fim. Ponto.
Lula será o candidato do PT até quando o pouco de democracia ainda existente no Brasil for suficiente para evitar que o regime de exceção casse sua candidatura presidencial.
Se Lula for interditado, será ele mesmo – e nenhuma outra entidade, indivíduo ou agente político – quem definirá, em diálogo com o PT e com o campo progressista e de esquerda do país, a alternativa que adotará.
E isso, longe de representar o plano b, significará o plano Lula, ajustado a uma circunstância da luta de classes e da resistência ao golpe e ao regime de exceção que indicará o ajuste necessário da estratégia.
Na eventualidade do plano Lula ter de ser executado sem o Lula diretamente, o quesito número 1 para quem representar o significado dele na eleição deverá ser o compromisso com a anistia do Lula para anular a condenação política da qual é vítima num processo injusto e enviesado.
Esta posição marca o início da restauração democrática no Brasil e a normalização do funcionamento das instituições.