Aécio Neves na mira da PF

É tão raro ver tucano ser investigado, que vale a pena prestar atenção nos desdobramentos da operação Amphibia, que revela esquemas escusos de financiamento de Aécio Neves.

Esperamos que seja uma investigação isenta, e que Aécio Neves, ao contrário de Lula, seja julgado num processo sem sensacionalismo, sem pressões espúrias da mídia ou da turba. Enfim, que se faça, pura e simplesmente, justiça.

Não quero ver Aécio condenado a 43 anos de prisão, como Marcelo Bretas fez com o almirante Othon, nem condenado sem provas, como Sergio Moro e o TRF4 fizeram com Lula.

Quero apenas, como cidadão preocupado com o avanço do autoritarismo judicial, mas também interessado que a corrupção seja combatida com firmeza, que Aécio seja julgado com moderação e justiça.

Dito isto, acho importante deixar claro o que penso de Aécio Neves: um playboy irresponsável, cafajeste, mau caráter, que não soube perder uma eleição e jogou o país no caos em que estamos.

Não tenho nenhuma compaixão por esse crápula.

***

No Jornal GGN

Operação revela aparelhamento da saúde na gestão Anastasia, por Luis Nassif

QUA, 21/03/2018 – 16:21
Por Luis Nassif

Deflagrada hoje em Minas Gerais pela Polícia Federal, a Operação Amphibia bateu em um dos esquemas de financiamento do grupo de Aécio Neves, e comprova o aparelhamento da gestão do ex-governador Antonio Anastasia.

A operação investigou desvio de recursos da Secretaria de Saúde do Estado no período 2012-2016. As duas empresas envolvidas têm participação direta em campanhas eleitorais, a Varkus para a campanha de Pimenta da Veiga ao governo do Estado, em 2014; a SP Evento Promocionais em campanhas para vereadores em Juiz de Fora, reduto do então Secretário de Saúde, deputado estadual Antônio Jorge, do PPS.

Os primeiros indícios das fraudes foram levantados pela Controladoria Geral do Estado (CGE). Depois, foram aprofundadas pela Controladoria Geral da União (CGU) e constaram de um relatório sobre a legalidade, economicidade e eficácia dos recursos federais no Estado. A análise identificou desvios e falta de efetividade na distribuição dos insumos, o que teria levado ao aumento dos casos de dengue no período.

As fraudes foram cometidas em eventos relacionados ao combate ao virus da dengue.

Uma das atividades do contrato consistia em promover eventos de campanha de combate à dengue em mais de 100 cidades.

Nessa modalidade de licitação, é contratada uma empresa incumbida de subcontratar eventos, sendo remunerada por taxa de administração.

A SP Eventos foi contratada em um leilão presencial. Perícia nas catracas eletrônicas da Secretaria da Saúde confirmaram 15 visitas de pessoas da SP no período imediatamente anterior à publicação do edital. Depois, mais de 90% das subcontratações foram com a empresa Varkus.

O referencial dos preços dos serviços, que serve de base para a definição do orçamento, se baseou apenas contratos das próprias Varkus e SP Promoções.

Investigações constataram elos entre ambas as empresas.

A gestora do contrato – e ordenadora de despesas – era a própria assessora de comunicação social da Secretaria, que era prima de um dos gerentes da Varkus. Por sua vez, a filha de um dos sócios da Varkus era sócia da SP Promoções.

Além do superfaturamento dos eventos, o golpe maior consistiu na simulação ocorrida na prestação de contas.No mesmo período, a Secretaria de Saúde e o Ministério da Saúde, através da CEMAIS, realizavam a mesma atividade, em campanhas contra dengue. Parte do golpe consistia em marcar os eventos da Varkus nos mesmos locais da CEMAIS. Na prestação de contas, fotografam o evento da própria CEMAIS e prestavam conta como se fossem da SP-Arkus. Só nesse tipo de golpe, desviaram R$ 27 milhões, dos R$ 68,58 milhões empenhados no projeto.

Até agora, a saúde era uma das vitrines da suposta gestão superior do governo Anastasia, que foi permanentemente contaminada pelos compromissos políticos do grupo de Aécio..

Psiquiatra, Antônio Rogério fez carreira no funcionalismo público, sempre na saúde pública. É um caso raro de militante da saúde pública envolvido em desvios de verbas

A assessora Gisele continua lotada em seu gabinete, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.