Cada suspiro do STF apequena ainda mais o Brasil

Charge: Aroeira

Por Tadeu Porto

Uma das vantagens de se ter o caos, segundo Nietzsche, é ter a oportunidade de fazer nascer, a partir dele, a luz de uma estrela dançante. É triste, contudo, saber que essa mesma confusão é capaz de revelar, também, a fraqueza daqueles que se apequenam ao não enfrentar a desequilíbrio dessa confusão.

É o caso, por exemplo, da posição covarde do Supremo Tribunal Federal (chamado ironicamente de guardião da constituição) frente crise brasileira advinda do Golpe de Estado de 2016.  

O país vive uma crise abissal, praticamente uma doença terminal, e grandes lideranças institucionais (pois populares estão longe de ser) fogem da discussão do problema como diabo foge da cruz.

Por exemplo, uma discussão da magnitude das prisões após condenação em segunda instância, tema que conversa diretamente com a conjuntura atual, com a presunção da inocência e com a própria constituição, deveria gerar debates qualificados pelo país e não ocasionar um barraco entre ministros e ministras [tenho vergonha até de escrever isso]. Minimamente, essa questão deveria suscitar longos debates entre grandes juristas nacionais e internacionais, enquanto vemos, na realidade, a visita de movimentos protofascistas como Vem Pra Rua aos gabinetes do STF.

Tais atitudes demonstram como os alto escalão da República apequena, de maneira microscópica, nossa democracia e consequentemente nosso país. É impensável em qualquer sistema coerente que juízes com cargos quase vitalícios ajam como crianças mimadas e tomem decisões pautados por pressão da mídia golpista e pelo mercado, sem a menor interlocução oficial com a população que paga seus salários e privilégios.

Cada dia que passa, o STF se junta ao legislativo mais achacador dos últimos tempos e ao executivo de “notáveis” golpistas para envergonhar o país, escancarando nossas fragilidades e sem qualquer pudor de demonstrar que nossa burocracia trabalha diuturnamente para atender a agenda de uma elite nacional e internacional que vive da exploração dos demais.

Enfim, não há muito do que se esperar de uma Presidenta da Suprema Corte recebe o Presidente da República denunciado – pelo mesmo Supremo – fora da agenda oficial e se recusa a reunir com demais ministros da casa em uma pauta definida.

Enquanto nossa estrela não dança, viveremos tempos sombrios. Com supremo, com tudo.

 

Tadeu Porto: Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil
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