No momento em que a Globo tenta diluir a força política de Marielle Franco, esvaziando-a de toda a carga revolucionária autêntica que ela representava, tentando transformá-la em seu contrário, num símbolo dessa falsa e enganosa meritocracia contra a qual Marielle sempre lutou, vale a pena resgatar algumas ideias proferidas pela própria, em sua página.
Eu destaquei algumas:
Posts de Marielle
Comemoração da indicação de Guilherme Boulos como pré-candidato do PSOL a presidência da república.
Críticas à seletividade da Lava Jato
Denúncia de violência policial em Acari
Denúncia de violência do Estado na Vila Kennedy
Comemorando ocupação da Globo por mulheres ativistas
Contra a intervenção federal e a matança de pobres
Marielle denunciando o golpe e exigindo, na rua, diretas já
Trechos do post:
Diretas, já! O povo quer votar! O golpe machista e misógino não vai ficar por isso mesmo, o povo tá na rua e a elite pira!
#ForaTemer
#Marielle50777
#Freixo50
#DemocraciaJá
O texto de Marielle que mais me impressionou, todavia, foi esse manifesto contra o golpe e o uso espúrio das instituições judiciais contra Lula, linkado a seguir. Partindo de uma agente política que sempre se posicionou tão duramente, na oposição de esquerda, contra os governos petistas, as declarações da vereadora ganham uma dimensão moral impressionante. E revelam grande maturidade política.
Contra o golpe institucional e midiático de 2016
Trecho do post (do dia 24 de janeiro de 2018, dia da condenação de Lula no TRF4):
Sou dessas que, em 2016, foi às ruas na luta contra o golpe institucional e midiático.
Sou dessas que, no dia seguinte ao golpe, estava organizando ato pelo Fora Temer e pelas Eleições Diretas.
(…) Não existem atalhos na política. Da mesma forma, aqueles que pretendem derrotar o lulismo através das togas cometem um atentado à democracia. Só derrotaremos o lulismo nas lutas sociais e na construção de um programa de superação do capitalismo e de toda política de conciliação de classe. Um programa radical, feminista, antirracista, anti-lgbtfóbico, ecossocialista e horizontalizante é a força capaz de superar Lula e derrotar as elites desse país. É este o caminho, seja nas urnas em 2018 ou nas ruas e na luta política em 2019.
Aqueles que querem derrotar Lula e lançam mão dos atalhos togados sentem náusea da democracia. São saudosistas da ditadura civil-militar, são as forças aristocráticas ainda muito presentes nos poderes do Estado brasileiro, com especial predileção pelo Judiciário. São forças que, associadas às velhas oligarquias políticas, à Fiesp, à Firjan, aos partidos políticos de direita, querem criar um W.O. às avessas nas eleições presidenciais de 2018, onde o time é impedido de entrar em campo e, por isso, perde os pontos.