Foto: Carolina Antunes/PR
No último domingo, 18/03, Michel Temer plantou no Estadão, seu diário oficial, sua intenção de concorrer a reeleição. A notícia teve alta repercussão na mídia golpista inclusive nos dias subsequentes, confirmando a tentativa de dar ao vampiro usurpador algum tipo de sobrevida ou chance de visibilidade positiva.
A princípio, eu ri. Não tem outra reação que não seja a gargalhada como resposta à esse desejo surreal do senhor Michel Temer – presidente mais impopular da história – de querer receber a maioria dos votos da população brasileira. A chance de Michel ganhar nesse tipo de pleito é quase zero, inversamente proporcional ao tanto que ele irá afundar seus companheiros de coligação.
Que Temer não tem a menor chance de ganhar no voto, qualquer um sabe. Com as diversas denúncias contra ele que pairam no ar; com os inimigos que fez, inclusives os meganhas lavajateiros; e com uma campanha contra (“Fora Temer”) que une desde militantes de esquerda à fãs do Bolsonaro, Temer não se elege nem pra síndico do Jaburu.
Contudo, não podemos menosprezar o vampiro muito menos o seu partido, o MDB. Ratazanas como essas não costumam jogar com amadorismo, assim, se Temer é mesmo considerado candidato tem que ter alguma lógica que o viabilize.
Lembro que, há duas semanas, Rodrigo Maia fez um movimento semelhante, ao se lançar para a presidência, numa outra jogada que parecia não fazer o menor sentido.
Isso porque Maia não teve boa votação nem pra deputado e muito menos para prefeito (na cidade do Rio de Janeiro, que além de tudo está um caos); não tem alta popularidade nem é carismático; e, mais importante, ao se candidatar em contraponto ao Governador Geraldo Alckmin, desfaz uma aliança histórica entre DEM (antigo PFL) e PSDB, justamente no momento em que esses partidos precisam derrubar a principal força anti-Lula do cenário atual: Jair Bolsonaro.
O que faz, então, partidos arriscarem candidaturas claramente inócuas num momento de crise que permite pouca margem de erro?
Uma das hipóteses, considerável nesses tempos sombrios de recuo nas práticas democráticas, é uma eleição indireta em 2018. Maia é presidente da câmara e, inegavelmente, possui bom trâmite entre os parlamentares. Já Temer, com a ajuda de Cunha e seu fiel escudeiro Marun, comanda o “Centrão” do legislativo e, nesse sentido, tem fatia considerável de deputados e deputadas sob seu controle.
Como o fantasma da ditadura rondando abertamente nossa sociedade e com um histórico de presidentes que não foram eleitos pelo voto direto – como Tancredo, Sarney, Itamar e o próprio Temer – não se pode descartar uma hipótese como essa.
Afinal, o Golpe veio para usurpar a participação popular e uma eleição indireta seria a cereja do bolo.
E as candidaturas de Temer e Maia, infelizmente, só tem lógica – e votos – sem a participação popular.