(General Heleno dá palestra sobre 50 anos da “contrarrevolução”, em loja maçônica da Bahia).
Leiam essa nota publicada na Folha, sobre discurso de general Augusto Heleno, aplaudido efusivamente, na Escola Superior de Guerra:
Bem, francamente, eu acho que o general demoliu a lei de Godwin, segundo a qual um debate termina quando alguém compara seu adversário a Hitler.
O que dizer de um general que, aplaudido por todos, prega a execusão sumária de pessoas, sem julgamento, sem processo, fazendo troça dos direitos humanos?
Para mim, não há outro termo para isso: o general acabou de demonstrar a consolidação, nos meios militares, de uma cultura nazista.
As pressões políticas da extrema-direita para transformar a intervenção militar, no Rio e em outras cidades, num grande genocício de jovens e negros, mais ainda do que o genocídio já em curso, estão ganhando força.
A imprensa apenas assiste ao jogo, com interferências tímidas, quase envergonhadas, o que significa que é parceira por omissão.
No máximo, como a Folha, dá uma nota sobre o discurso de um Augusto Heleno, com quase envergonhadas observações críticas, tão discretas que mal se notam,sem nenhum contraponto editorial de peso, sem nenhuma repercussão mais contundente de representantes nacionais e internacionais de movimentos em prol dos direitos humanos.
A omissão do judiciário é gritante. Os ministros do Supremo que costumam falar de tudo, desde que os temas agradem à Globo, naturalmente, fazem um silêncio sepulcral diante do crescimento do ódio fascista e assassino aos pobres, como este que se vê na fala do militar.
Onde está, agora, o ministro Luis Roberto Barroso?
Nem governo, nem judiciário, nem a mídia apresentam soluções pragmáticas para a questão humanitária envolvendo o desemprego e a miséria nas periferias das grandes cidades.
Quer dizer, o governo responde sim: asfixiando e cortando financiamentos da Caixa, BNDES e BB, que poderiam ativar construção civil, gerando empregos rapidamente para milhões de jovens; cortando programas sociais, incluindo o Bolsa Família; descapitalizando os serviços de educação e saúde, o que torna a situação dos mais pobres ainda mais desesperadora.
A intervenção militar no Rio, que ameaça chegar em outras cidades, sofre o risco sério de terminar uma tragédia de proporções bíblicas. O exército está cercando comunidades que, por conta da crise social provocada pela Lava Jato e pelo golpe, estão vendo suas tensões sociais crescerem a um nível insuportável. Ou seja, ao mesmo tempo que o golpe empurra a juventude, em massa, para o mundo do crime, ganham forças teorias nazistas que pedem resposta letal, também em massa, contra os mesmos jovens.
Até o momento, o que tem evitado um massacre é, aparentemente, o bom senso dos próprios comandantes militares à frente da intervenção no Rio, que parecem não estar se empolgando tanto com as sugestões violentas oferecidas pelos setores bolsonaristas das forças armadas.