Às milhões de Hannah Arendt que ainda vão nascer

[Esse post é maneira mais objetiva que encontrei de homenagear todas as mulheres do mundo, neste dia internacional da mulher. A moça da foto é Hannah Arendt, minha cientista política preferida].

Ao final do ano passado, o Washington Post publicava, atônito, os resultados da pesquisa anual da Fundação de Vítimas do Comunismo. Essa fundação, criada em 1993, por um senador republicano saudoso das batalhas da Guerra Fria, tinha como o objetivo manter sempre viva, na memória do mundo, os enormes prejuízos humanos provocados pelas ideologias marxistas. Financiado pelo governo, a instituição se encarregou de produzir pesquisas periódicas para monitorar o grau de informação do povo americano em relação a essas ideologias malignas.

Por muito tempo, ninguém parecia dar bola para as pesquisas e informes da Fundação, até que, de uns anos para cá, números alarmantes começaram a aparecer. Daí voltamos à assustada matéria do Washington Post, comentando a pesquisa realizada entre setembro e outubro de 2017, com 2.300 pessoas, que traz um número alarmante para os americanos mais velhos, e que ainda arrastam antigos preconceitos ideológicos: 44% dos jovens nascidos depois de 1980, que eles chamam de “millenials”, disseram preferir viver num país socialista; outros 7% responderam que gostariam de viver num regime comunista; 42% disseram preferir o capitalismo.

No resultado geral, com todas as idades, 34% responderam viver num país socialista.

Estamos falando dos Estados Unidos, mais conservadora entre as nações mais desenvolvidas, a meca do capitalismo, a pátria mãe do neoliberalismo. As mesmas pesquisas em países europeus, conforme vamos ver, mostram números ainda mais favoráveis ao socialismo.

A pesquisa me deixou animado, afinal eu tenho feito um caminho oposto ao percorrido por algumas figuras (José Serra, por exemplo). À medida que vou ficando mais velho, me torno mais aferrado à ideia da necessidade de uma transformação da sociedade, com a implementação de um regime socialista, democrático por certo, inclusive a nível internacional.

Minha opinião, contudo, não importa aqui.  Eu só a menciono porque ela me levou a outras pesquisas, e daí eu chego ao voto da mulher.

Segundo o Instituto Pew, um dos principais centros de pesquisa dos Estados Unidos, numa sondagem feita ao final de junho de 2016, pouco antes das eleições presidenciais que dariam vitória a Trump, o voto de direita no país é majoritariamente masculino.

Se Trump ganhava entre homens, de 49% a 43%, entre mulheres, o republicano perdia feio, de 59% a 35%. Quando você associa gênero e idade, ou gênero e raça, a disparidade é ainda maior: entre jovens mulheres (18 a 34 anos), Clinton ganhavam de 69% a 25%; entre mulheres negras, a candidata democrata de 91% a 6%.

 

Aqui no Brasil, não é tão diferente. Segundo a última pesquisa Datafolha, feita entre os dias 29 e 30 de janeiro de 2018 (tentando capturar, como eles sempre fazem, os efeitos da condenação judicial de Lula em 2ª instância), o candidato orgânico da direita, Jair Bolsonaro, é absolutamente marginal entre as mulheres, com apenas 10%, empatado tecnicamente com Alckmin e e Ciro Gomes.

Lula, por sua vez, tem 38% entre as mulheres, 28 pontos à frente de Bolsonaro.

Estou publicando esse post ao final do dia, mas antes tarde do que nunca. Feliz Dia das Mulheres!

 

 

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.