(Foto: Pedro Breier)
Por Pedro Breier
Caminhando entre o mar de prédios de São Paulo, ontem, deparei-me com o lindo arco-íris que ilustra este post.
O inusitado arco colorido no céu da cidade mais cinza do Brasil remeteu-me ao pré-lançamento de Guilherme Boulos e Sonia Guajajara à presidência, ocorrido no último sábado. O PSOL deverá confirmar a candidatura nos próximos dias.
A representação política no nosso país é absolutamente distorcida.
O congresso está longe de representar a população. Empresários, ruralistas, pastores, advogados, médicos e outras ocupações que são minoria no país acabam sendo maioria no parlamento.
Lula foi o primeiro representante da classe trabalhadora a ser eleito presidente da República, em 2002.
Os governos do PT proporcionaram avanços sociais inéditos. Milhões de pessoas saíram da linha da pobreza. A política externa, a política para a Petrobras e para os bancos públicos, por exemplo, foram grandes acertos da era petista.
Entretanto, a política continuou cinza.
A vocação golpista da direita brasileira e a moderação exacerbada do PT em temas fulcrais como as reformas de base levaram-nos ao cenário desastroso no qual estamos hoje.
É claro que não é uma tarefa nada simples implementar um programa radical de esquerda.
A direita tem o capital, a mídia hegemônica e o judiciário ao seu lado. A esquerda jamais teve sequer maioria no parlamento.
Mas isso não vai perdurar para sempre.
Noam Chomsky afirma, com propriedade, que a direita não gosta da democracia. Por isso mesmo os espaços de poder aos quais a esquerda tem acesso – legislativo e executivo – são extremamente valiosos.
Saudemos, portanto, a chapa Guilherme Boulos/Sonia Guajajara.
Boulos é líder do MTST, movimento que protagonizou intensas – e exitosas – lutas por direitos nos últimos anos. Guajajara é líder indígena, coordenadora da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
Dois lutadores que concorrerão pelo PSOL, partido que vem crescendo e amadurecendo a compreensão de que não basta pregar a revolução; há que incidir na política pelos meios disponíveis.
O povo oprimido tem pressa. Tem sede de dignidade.
Boulos e Guajajara são duas jovens lideranças populares que podem estar dando o pontapé inicial na construção de um novo polo aglutinador da esquerda brasileira.
O fato de Boulos (líder de um movimento por moradia que faz o enfrentamento com o capital na prática) e Guajajara (líder das lutas dos povos originários tão massacrados pela ganância estúpida inerente ao capitalismo) lançarem-se à disputa política institucional é um recado para a classe dominante: os 99% não aceitarão de bom grado os ataques brutais que vem sofrendo do 1%.
A união da jovem militância do PSOL com a militância aguerrida de movimentos sociais é uma lufada de ar fresco no meio da fumaça tóxica e mau cheirosa exalada todo dia pelos tubarões da política.
Um arco-íris no meio do cinza que renova o sonho de um futuro muito mais colorido.
fernando
06/03/2018 - 19h28
Psol é puxadinho da globo!!!
Johne Wayne
06/03/2018 - 19h17
A erva tava “estragada”!
vera vassouras
06/03/2018 - 13h32
Errado. A energia deveria ser conduzida à formação de parlamentos. Concorrer para perder é abrir mão da possibilidade de duas lideranças fazerem a diferença nos parlamentos. Todavia, cegos ou incapazes de ver a realidade, ninguém se preocupa em ENSINAR ao populacho sobre a importância dos parlamentos. Assim, o jogo demo-crático continua sob a égide da hereditariedade da escória que a exploração produziu. É a chamada esquerda cumprindo a estratégia neandertal.
Antonio Carlos
06/03/2018 - 11h52
O Psol prega revolução???