A derrocada da narrativa do golpe

(Ficou difícil sem os militares. Charge: Laerte)

Por Pedro Breier

Algumas notícias dos últimos dias demonstram cabalmente que os artífices do golpe de 2016 perderam espetacularmente a guerra narrativa.

Comecemos pela disciplina sobre o golpe de 2016, que se espalha como rastilho de pólvora por universidades Brasil afora.

O professor Luís Felipe Miguel, do curso de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), foi o primeiro a lançar a disciplina “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”.

A truculência burra do governo Temer expressou-se em toda a sua mediocridade por meio do ministro da Educação, Mendonça Filho, que ameaçou acionar o Ministério Público para apurar suposto “ato de improbidade” por parte do professor.

A tentativa de censura pegou muito mal para o governo e provocou uma linda reação: até agora outras 13 universidades, de diversos estados do país, anunciaram a criação de disciplinas na mesma linha.

Algumas pesquisas recém divulgadas também atestam que as mentiras utilizadas para alijar o governo eleito do poder – e o líder das pesquisas da próxima eleição – estão, uma a uma, caindo por terra.

Da encomendada pela CUT ao Vox Populi o dado mais interessante é que 56% dos entrevistados consideram que o processo e a condenação de Lula foram políticas, enquanto 32% consideram se tratar de um processo normal.

A pesquisa Ipsos/Estadão revelou que Sergio Moro ostenta nada menos do que 51% de rejeição. A rejeição de Michel Temer explica o sucesso do Vampirão da Tuiuti: singelos 93% rejeitam o presidente sem voto.

Essas porcentagens são absolutamente diversas das desejadas pelo oligopólio de mídia que controla a comunicação no Brasil. Imaginem como estaria a opinião pública se houvesse um mínimo de espaço para a esquerda na televisão, nos jornais e nas revistas.

O contorcionismo ridículo da imprensa corporativa para defender o catastrófico governo Temer é, também, evidência de que a disputa pelos corações e mentes dos brasileiros está perdida para o consórcio golpista.

A mais recente pérola chapa branca ficou por conta do Estadão, que conseguiu soltar uma matéria com o seguinte título: “Desemprego sobe, mas isso não é desanimador”. O jornal foi massacrado nas redes sociais.

A cada dia que passa a consciência da população se expande. A lenda do “impeachment para salvar o país” morreu.

Restou aos golpistas correrem a chamar os militares (o que, infelizmente, datou a excelente charge que ilustra este post).

Pusilânimes.

 

Pedro Breier: Pedro Breier nasceu no Rio Grande do Sul e hoje vive em São Paulo. É formado em direito e escreve sobre política n'O Cafezinho desde 2016.
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