(Foto: Fundação Darcy Ribeiro. Darcy é o primeiro sentado, a partir da direita).
O curso montado pelo professor Luis Felipe Miguel, para discutir o golpe de 2016, tornou-se um capítulo à parte na história… do golpe de 2016.
A confusão começou com o escândalo montado pelo site chapa-branca – e agora também dedo-duro – Poder 360, uma das bases midiáticas mais importantes do governo golpista de Michel Temer.
O próprio editor do site, o ex-Folha Fernando Rodrigues, que antes se especializara em matérias para jogar o establishment conservador contra blogs de esquerda, a partir de reportagens em que procurava criar sensacionalismo com as migalhas de verba publicitária que iam para alguns deles (ao mesmo tempo que ignorava, ou normalizava, os bilhões que iam para os grandes grupos de mídia que ele mesmo servia), entrou em cena fazendo tweets agressivos contra o curso na UNB.
O blog da Cynara Menezes, Socialista Morena, que assim como o Poder 36 é sediado em Brasília, captou imediatamente as intenções de Fernando Rodrigues e companheiros: incitar o governo Temer a retaliar o professor, o curso e a universidade. E conseguiram: o ministro da Educação, uma figura truculenta, repugnante, sem a mínima formação ou noção do que sejam os desafios enfrentados pela educação brasileira, desprezado por 100% dos educadores de todo país, que não tem moral ou prestígio para participar de um seminário do setor sem ser xingado de… golpista, partiu para o ataque contra o professor Luis Felipe Miguel, contra o curso e contra a universidade!
A postagem de Fernando Rodrigues em sua conta de Twitter entra, desde já, para a história da nova “deduragem” do… golpe de 2016:
Chega a ser irônico. Tomado de indignação (os beneficiários do golpe sentem mal estar, naturalmente, em admitir que seus patronos são… golpistas), Fernando Rodrigues não percebeu o erro crasso que cometeu.
Em primeiro lugar, a UNB não é “mantida” pelo governo federal. A UNB é uma instituição de Estado idealizada e materializada por Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer, três pensadores nacionalistas e progressistas, todos os três perseguidos pelo… golpe de 1964, aquele golpe que foi apoiado pela Folha de Fernando Rodrigues e pelo partido (Arena, PFL, DEM) do atual ministro da Educação.
O patrono da UNB, o antropólogo, Darcy Ribeiro, é a figura histórica brasileira que mais representa a luta contra o golpe que se possa imaginar: era secretário da Casa Civil de João Goulart quando este foi derrubado pelo… golpe de 1964, um golpe (vamos repetir, para ninguém esquecer) apoiado pela Folha de Fernando Rodrigues, pela Globo, pelo Estadão, e pelo partido (Arena, PFL, DEM) do atual ministro da educação, José Mendonça Filho; anos depois, em 1982, após as primeiras eleições para governador, no período da redemocratização, foi secretário de educação no governo de Leonel Brizola, esta outra figura histórica que também simboliza a luta contra o… golpe.
O governo de Brizola também foi perseguido e atacado pelas mesmas forças golpistas – com seus jornalistas a soldo – que lucraram com o regime militar.
Fernando Rodrigues e seu mentor ideológico, o ministro da Educação José Mendonça Filho, talvez por serem beneficiários de um golpe que, ao derrubar uma presidenta eleita legitimamente por 54 milhões de cidadãos brasileiros, desprezou a mais importante lei do país, a soberania popular, inscrita na máxima de que “todo poder emana do povo”, instituindo um regime corrupto, ilegal e entreguista, esqueceram que a autonomia universitária é garantida pela Constituição de 1988, no artigo 207:
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
Ponto final!
Se Fernando Rodrigues e seu blog Poder 360, assim como José Mendonça Filho, autor (diga-se de passagem) da emenda golpista que permitiu a reeleição de FHC sem que a nova lei fosse aprovada por um plebiscisto popular, não querem que a UNB crie um curso sobre o… golpe de 2016, então que não promovessem e apoiassem um golpe de Estado!
A esta altura do campeonato, já foram publicados dezenas, quiçá centenas de livros, mais alguns milhares de artigos, nos mais diversos idiomas, que chamam o impeachment de Dilma Rousseff de um… golpe de Estado.
Atribuir ao “petismo” a conceituação de golpe ao que houve em 2016, é ofender a inteligência de milhares de intelectuais, em todo mundo, que assistem, perplexos, o desenrolar brutal do… golpe no Brasil.
É mais que natural, portanto, que comecem a aparecer cursos para explicar aos estudantes como foi tramado e organizado e realizado o… golpe de 2016.
É porque houve um… golpe!
Para completar o quadro de … golpe, só faltava aparecer jornalistas dispostos a fazer o jogo sujo de incitar a violência da meganhagem golpista instalada no Planalto contra professores, contra a universidade e contra a autonomia científica do país!
Abaixo, a íntegra da representação contra o ministro golpista da Educação, José Mendonça Filho.
PS Cafezinho: Fontes do Cafezinho informam que professores da Unicamp e da UFPB vão aplicar a mesma disciplina em suas universidades em solidariedade ao Luis Felipe.
O material do curso está circulando pelas redes, e pode se abaixado aqui (espalhem!).