Fachin, que soltou capanga de Temer, mantém tortura prisional de Bendine

(Aldemir Bendine. Crédito: José Cruz/ABr – Agência Brasil)

Por todos os ângulos que se olhe, não há razão para se manter a prisão de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras.

Ele tem residência fixa, bons antecedentes e não tem mais absolutamente nenhuma condição de atrapalhar qualquer investigação.

A decisão do ministro Edson Fachin, tomada há algumas horas, de mantê-lo preso, explica-se somente pelo modus operandi da Lava Jato, de manter seus réus estratégicos presos por tempo indeterminando, até que eles não mais resistam ao sofrimento e decidam “colaborar”, ou seja, tornem-se “dedo-duros”, ou “cachorros” de Sergio Moro.

Até o momento, a Lava Jato não encontrou um centavo desviado nas contas de Bendine. Sua prisão, como tantas outras, é inteiramente arbitrária e baseada em delações de terceiros.

Mais que isso, a sua prisão serve aos propósitos narrativos da Lava Jato. Ele é um réu “estratégico”, por ter sido presidente do Banco do Brasil e da Petrobras.

Sobre sua atuação no Banco do Brasil, Ademir Bendine foi o responsável por reerguer o banco, que vinha sendo vergonhosamente sucateado nos anos neoliberais de FHC, para se tornar uma das instituições financeiras mais modernas do mundo.

E tudo isso mantendo taxas de lucro crescentes.

O lucro do Banco do Brasil, que havia sido de apenas R$ 2 bilhões em 2002, passara para R$ 15,8 bilhões em 2013, mesmo reduzindo spreads e juros, e abrindo cada vez mais linhas de crédito populares.

Eu sou antigo cliente do BB. Eu testemunhei a melhora dos serviço do banco nos anos Lula/Dilma e assisto, estarrecido, o governo golpista destruir a instituição numa velocidade recorde.

Milhares de agências do BB foram fechadas em todo país. Aqui em Copacabana, onde eu moro, duas importantes agências foram encerradas. Aqui perto de casa, meses depois do encerramento de uma agência BB, o Itaú abriu uma nova agência, logo ao lado.

Eu não tenho mais nenhum Banco do Brasil perto da minha casa, mesmo residindo num dos bairros mais populosos do país.

O BB está fechando até mesmo terminais de autoatendimento, como se estivesse empurrando seus clientes para os bancos privados. Aliás, um amigo me relatou que um dos gerentes de sua agência o aconselhou a abrir conta no Itaú, para resolver uma questão.

Isso é o golpe.

Isso é a Lava Jato.

O Brasil não pode sequer ser chamado de capitalismo, porque o nível de concentração do mercado bancário, em apenas dois bancos privados (Itaú e Bradesco) não tem paralelo em nenhum lugar do mundo.

O capitalismo brasileiro é sui generis. Ele não faz circular o capital. Os bancos não emprestam, nem para pessoa física, nem para empresas.

A China vem se desenvolvendo rapidamente com auxílio de bancos públicos e estatais, a nível municipal, estatal, regional, federal, que são os principais financiadores de projetos de infra-estrutura que vem transformando o país numa nação moderna.

O Brasil está ficando para trás por falta de crédito e projetos de infra-estrutura. Nos cidades estão ficando cada vez mais atrasadas do ponto-de-vista da infra-estrutura de transporte, e o golpe parece ter vindo para que esta situação fique ainda pior.

A grande mídia não faz nenhuma crítica porque ela é cúmplice e corrupta. As verbas federais para a Globo, por exemplo, aumentaram mais de 60% em 2017. Isso é propina.

Voltando à Lava Jato, o seu modus operandi é inacreditavelmente desonesto.

Se Bendine contar qualquer mentira que corrobore a narrativa golpista da Lava Jato, independente de provar ou não, será solto.

A cumplicidade de Edson Fachin, que herdou os processos da Lava Jato após a morte de Teori Zavaschi (cuja estranha morte veio bem a calhar), é triste.

Edson Fachin mandou soltar o capanga de Michel Temer, o deputado federal Rocha Loures, que havia sido flagrado com uma mala de 500 mil reais.

Loures, ele sim, poderia delatar, porque, à diferença de Bendine, não pode alegar inocência.

Por que Fachin mandou soltar Loures e nega o direito de Bendine de aguardar uma sentença que, aliás, já está escrita, visto que Sergio Moro não julga nada, ele só chancela as acusações do MP?

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No site do STF

Mantida prisão preventiva de ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras

19/02/2018 20h30 – Atualizado há 14 horas

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou liminar por meio da qual a defesa do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine pedia a substituição de sua prisão preventiva por medidas cautelares alternativas. Bendine é investigado no âmbito da Operação Lava-Jato e acusado de receber propina do grupo Odebrecht.

Na decisão tomada no Habeas Corpus (HC) 152676, o ministro não verificou ilegalidade flagrante na decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que não acolheu recurso interposto pela defesa. Ele lembrou que o deferimento de liminar em habeas corpus constitui medida excepcional, que somente se justifica quando a situação demonstrada nos autos representar manifesto constrangimento ilegal, hipótese que, em análise preliminar do caso, não constatou.

Caso

Aldemir Bendine teve sua prisão preventiva decretada pelo juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba em julho de 2017. O Ministério Público Federal (MPF) o acusa de ter recebido R$ 3 milhões de propina da Odebrecht. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e o STJ mantiveram a custódia preventiva.

No HC 152676 impetrado no Supremo, a defesa do acusado alega que a instrução do processo a que ele responde já foi encerrada, então não poderia mais influir na investigação. Argumenta ainda que ele não pretendia fugir do país, como afirma o MPF, que não ocupa qualquer cargo público e não participou das fraudes em contratos públicos da Petrobras apurados pela Lava-Jato.

RP/AD

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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