Em tempos tão sombrios, uma risada ecoa mais alto. Permitam-me, portanto, uma sonora gargalhada, que poderá durar até o fim deste ano.
Valeu a pena escolher o Tijolaço, do mestre Fernando Brito, como a primeira leitura do dia.
Fui lá dar uma olhada e encontro um post comentando uma nota de Monica Bergamo sobre Luciano Huck.
Trecho do post do Tijolaço:
[Nota de Monica Bergamo] Luciano Huck está triste “como quem interrompe uma gravidez” por ter desistido de disputar a Presidência, diz um de seus mais próximos interlocutores.
“O corpo todo se preparava e se movia para a chegada dessa nova vida. E ela teve que ser interrompida. É frustrante”, completa o amigo do apresentador.
“Vou ali chorar um pouquinho e já volto”, disse o próprio Huck a colegas que conversaram com ele depois da decisão. [Fim da nota]
Ah, tenham paciência, mas só pode ser a reação de um menino mimado que se viu sem o brinquedo que já achava ser seu.
E “abortou” a candidatura por quê? Ora, por dinheiro, porque é o que perderia se tivesse chutado os belíssimos contratos que tem para ser candidato. Chorar por isso é ter lágrimas de crocodilo.
Monica diz que “Huck teria percebido também que a campanha presidencial não seria um passeio: desde a semana passada, começou a ser questionado sobre a compra de um avião particular com financiamento do BNDES e sobre o uso de leis de incentivo para projetos sociais.”
Ora, ora, ora!
Huck revelou-se mais chorão e fujão que Marina Silva. Quem não se lembra de Marina lamuriando-se, na campanha de 2014, do “jogo sujo do PT”, atribuindo ao partido uma série de denúncias, muitas delas bem humoradas, de suas contradições e defeitos, feitas por milhares de internautas sem ligação partidária.
Lula aguenta porrada, tiro, bomba, todo dia e se mantém firme, bem humorado e crescendo nas pesquisas.
Luciano botou o rabo entre as pernas ao som da corneta, antes mesmo de ver o exército adversário avançando.
A nota de Bergamo confirma a força das redes sociais, de um lado, e o papel importante jogado pelos blogs, de outro.
Infelizmente (ou felizmente, não sei), não há “prêmios de jornalismo” para blogueiros, visto que as instituições que dão prêmios no Brasil são todas controladas pela Globo.
O chororô de Luciano, no entanto, vale mais do que muitos prêmios. Parabéns, Fernando.
Ri melhor quem ri por último, tudo bem, e isso a gente vai demorar para saber, mas nestes primeiros dias do pós-carnaval, não acho que faz mal rir um pouquinho da lata velha da Globo.
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Anuncia-se que um fator mais prosaico possa ter ajudado Huck a desistir da candidatura. Em outra parte da internet, fico sabendo que Huck teria de arcar com multa de R$ 150 milhões à Globo, caso viesse a concorrer à eleição.
Sei não. Huck dificilmente teria arriscado pensar em ser candidato senão contasse, de antemão, com aval da família Marinho, que aliás sempre o blindou e protegeu.
Na minha opinião, o que deve ter acontecido é o seguinte: o candidato preferido da Globo para 2018 é Alckmin, governador de São Paulo. Quem lê o Valor sabe disso. Já foram escritas dezenas de colunas e matérias, em que se fala que o candidato preferido do “mercado” (leia-se Globo) é o tucano velho de guerra, já experimentado em inúmeros pleitos. Alckmin e os irmãos Marinho devem ter se sentado a mesa e negociado. Talvez venha por aí um novo contrato entre governo de São Paulo e Globo… Ou entre governo Temer, hoje controlado em boa parte pelo tucanato (apesar das simulações mal ajambradas de abandono do barco) e a Globo.
Ou seja, a Globo, ao cabo, pode ter usado Huck para botar pressão na tucanada paulista e arrancar mais alguns bilhões de reais em negociatas.