(Foto: Cadu Bazilevski)
Por Pedro Breier
Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, concedeu entrevista agora há pouco na sede do Barão de Itararé, em São Paulo.
O Cafezinho esteve presente e perguntou sobre quais estratégias a esquerda deverá adotar, em caso de vitória do campo canhoto na eleição presidencial deste ano, para evitar uma nova investida da direita, que certamente buscará inviabilizar o governo ou reprisar o golpe.
Flávio Dino respondeu o seguinte:
Não podemos perder a proximidade do povo, o que foi fatal no processo de impeachment. Por isso mesmo você tem que ser sempre muito claro sobre onde você quer chegar.
Não pode ter ilusão de que sendo bonzinho vão esquecer quem você representa.
E você tem que lembrar do território que você está. Você está fazendo política institucional e você tem, portanto, que travar a luta institucional, segundo seus instrumentos. Isso se refere, por exemplo, à maioria parlamentar, à chamada governabilidade. Você não pode fugir disso. A não ser que você não queira jogar esse jogo, o que é uma escolha histórica. Todos os partidos progressistas, socialistas, comunistas, de esquerda no mundo tiveram que fazer. A nossa escolha é travar a luta institucional, então você tem que ser coerente com isso. Mas você não pode, em nome da luta institucional, perder o apoio popular. Porque senão você fica refém e cai. Foi exatamente isso que aconteceu no processo do impeachment.
É o básico. O básico é sempre revolucionário. José Martí disse que sempre que repetir uma verdade é contar uma novidade.
Mais algumas análises de Dino, cujo governo angariou 58% de aprovação dos maranhenses no levantamento feito em junho do ano passado:
- A atividade judiciária se dá segundo marcos construídos ao longo do tempo, marcos legais, jurisprudenciais, que no caso do julgamento de Lula foram ignorados. Isso que chamo de coisas esotéricas: interpretações inovadoras, artificiais, construindo certos conceitos com o objetivo claro de garantir um resultado pré-definido.
- O povo é doido por Estado. Falar em Estado mínimo para o povo significa que vai fechar restaurante popular, por exemplo, e o povo não quer saber disso. Por isso que não pode ter sufrágio universal na visão para eles.
- Falar em plano B ajuda a inviabilizar a candidatura de Lula nesse momento.
- Só um olhar aristocrático pode negar a sabedoria do povo de identificar os seus líderes.
- Só através de uma requalificação da política poderemos combater a hipertrofia do Judiciário.
- O problema dos julgamentos televisionados é que se criou um escrutínio inadequado. Às vezes o Judiciário precisa ser contramajoritário. Como agora todos os juízes são conhecidos, o juiz que julga de acordo com certa fração da opinião pública ganha prêmios. O que vai contra, sofre constrangimentos. Se não tenho garantias para ser contramajoritário, por que eu o seria?
Aqui a íntegra da entrevista em vídeo e a reportagem do site do Barão.