Em primeiro lugar, é preciso saber que fomos atropelados por um golpe. Isso já está claro para muita gente, tanto é que os institutos de pesquisa não fazem mais perguntas neste sentido, porque tem medo da resposta.
Será preciso muita “Escola Sem Partido” nos próximos anos, muita censura em universidades e colégios, para esconder um fato que, com o passar do tempo, gerará cada vez mais indignação e revolta.
Em segundo, é preciso saber quem nos atropelou.
Isso é um pouco mais difícil. Como foi um golpe no qual a mídia desempenhou um papel central, uma de suas funções é esconder e proteger seus protagonistas.
Entretanto, o Cafezinho sabe muito bem quem eles são: Globo e Lava Jato, e seus respectivos tentáculos na sociedade.
A Globo é a cabeça de um sistema de mídia comprometido, até os ossos, com a preservação das desigualdades. Jornais, revistas e outros canais de TV fazem parte do mesmo cartel, que opera como um monopólio ideológico controlado rigidamente pela família Marinho.
A Lava Jato liderou o processo no judiciário, instituição que, igualmente, parece ter como objetivo central manter o Brasil como campeão mundial em desigualdade.
Os políticos que operaram o golpe, como Eduardo Cunha, Michel Temer e Rodrigo Maia, agiram como ratinhos de laboratório. A mídia e a Lava Jato seduziram-nos, intimidaram-nos, pressionaram-nos, para que derrubassem o governo Dilma.
Por isso, por mais bandidos que sejam esses políticos, eles só tiveram coragem de agir porque uma classe de bandidos muito mais perigosa, muito mais poderosa, lhes deu autorização: os donos da mídia e do dinheiro, esses sim, os “capos” da bandidagem.
Todos os vazamentos, prisões e delações eram costurados, com extremo cuidado, para que exercessem um efeito devastador sobre a opinião pública e, em especial, sobre os operadores políticos do golpe, que rapidamente entenderam o recado.
Uma reportagem publicada ao final do ano passado, no site da Oxfam, revela que o Brasil está experimentando uma verdadeira catástrofe social. E estamos só no início. Os cortes que virão, sobretudo com a PEC do Teto de Gastos, uma das primeiras medidas aprovadas após o golpe, cairão como uma bomba atômica sobre a qualidade de vida e a segurança dos brasileiros.
Não é exagero.
A hecatombe começou já em 2014, quando a Lava Jato, com suas ações de terrorismo judicial, começa a congelar a atividade econômica e a paralisar todo o sistema político.
É importante compreender ainda o que o golpe está fazendo no interior do país.
É uma situação de guerra. Enquanto a grande imprensa, que age como um exército a serviço dos inimigos do povo brasileiro, continua bombardeando o público com novos vazamentos de delação, prisões e operações espetaculares, o golpe vai devastando as regiões mais vulneráveis.
Destaco um trecho do texto abaixo:
Da Plataforma Dhesca, a coordenadora Denise Carreira trouxe informações obtidas diretamente em missões no interior do país, em cidades de Goiás, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. “Nós fomos ouvir as famílias afetadas e vimos um desmonte, por exemplo, das políticas de agricultura familiar e reforma agrária”, revelou, apontando ainda o aumento da violência nas comunidades, contra os povos indígenas, a população de rua e o desmantelamento das políticas de saúde, revelando o agravamento, por exemplo, das epidemias de arbovirose em Pernambuco.
Sugerimos ainda, fortemente, que os internautas analisem com atenção o estudo disponibilizado pelas organizações (Oxfam, Inesc, e outras), com dados sobre distribuição de renda, situação tributária, etc, no país.
O Brasil é o país com a pior distribuição de renda do mundo. Estamos atrás inclusive do oriente médio, região devastada por guerras e ditaduras.
A parcela de 1% mais rica da população fica com 28% da renda nacional, enquanto os 50% mais pobres, com apenas 13%! Apenas seis pessoas detêm renda superior a mais de 100 milhões de brasileiros!
Separei alguns quadros do estudo.
Eu vou abordar a questão da desigualdade no próximo post Outro quadro que me chamou a atenção traz a distribuição da carga tributária por faixa de renda. Enquanto os 10% mais ricos tem carga tributária de 21%, a menor do mundo para essa faixa da população, os mais pobres gastam 31% de sua renda com impostos.
O brasileiro precisa entender, por isso mesmo, que o judiciário é financiado pela população mais humilde, tanto por seus impostos, como por seu trabalho a serviço dos mais ricos.
Outro gráfico impressionante revela que, no Brasil, quando mais rico você é, menos impostos você paga. A razão principal disso é uma lei, aprovada no primeiro ano do governo FHC, que eliminou impostos sobre lucros e dividendos, a principal fonte de renda dos setores mais ricos.