(Lula no ato com artistas e intelectuais ontem, em SP. Foto: Pedro Breier)
Por Pedro Breier
Mencionar Lula em qualquer conversa de boteco sobre política geralmente produz reações que oscilam entre o amor e o ódio – raros são os que tecem análises frias e racionais sobre o primeiro operário a ser presidente do Brasil.
Paradoxalmente ao fato de provocar emoções fortes opostas nas pessoas, Luiz Inácio também é objeto de unanimidade em alguns pontos.
Sua genialidade, por exemplo.
Aqueles que se informam apenas por meio da mídia hegemônica e seus incontáveis tentáculos devem ter certeza de que Lula é um gênio do crime. Afinal, chefiar um mega esquema de corrupção e ter sua vida completamente devassada pela “Justiça” sem que se obtenha uma mísera prova de enriquecimento ilícito, a ponto de seus perseguidores serem obrigados a usar como desculpa para condená-lo um apartamento no qual nunca dormiu, é coisa de deixar Don Corleone no chinelo.
Já os que tem um mínimo de capacidade de análise e acesso à informação fora da bolha da velha imprensa sabem que Lula é um gênio político, como atestam sua trajetória inverossímil, sua capacidade única de conciliar interesses e de conquistar plateias de todos os tipos e tamanhos.
Outra unanimidade em torno de Lula, também provocada pelo avassalador massacre midiático-judicial do qual é alvo há alguns bons anos, tomou forma recentemente. Partidos e quadros da esquerda que possuem grandes – muitas vezes inconciliáveis – desacordos com o ex-presidente têm se posicionado firmemente contra a condenação sem provas que tende a ser confirmada pelo TRF da 4ª Região.
Ontem, no ato com artistas e intelectuais em SP, Gilberto Maringoni, importante quadro do PSOL e com significativas diferenças em relação à política de Lula, falou com o Cafezinho e foi assertivamente cirúrgico:
O que eles (desembargadores do TRF) estão querendo é decidir se o povo brasileiro tem liberdade de escolha na democracia ou se a democracia vai ser restrita. Se a gente vai ter um regime em que alguns podem se candidatar e exercer a sua cidadania e outros não ou se nós vamos ter um regime aberto. (…) Se o Lula for inabilitado não é ele que vai ser preso, que vai ser cassado. É o povo brasileiro que vai ter cortada a possibilidade de exercer o regime democrático.
Guilherme Boulos, provável candidato do PSOL à presidência, também estava presente e foi categórico: defender o direito de Lula ser candidato é dever de toda pessoa de esquerda; é estar do lado certo da história.
Lula fez, por óbvio, o maior discurso da noite. Afiado e hipnotizando a plateia como de costume, falou que está tranquilo e a impressão é que está mesmo. Disse que, seja condenado pelo TRF ou não, permanecerá tranquilo “e a minha tranquilidade vai infernizar eles”.
Tem toda a razão.
Inocentado, só uma hecatombe impede sua vitória nas eleições.
Confirmada a condenação sem provas esdrúxula de Moro, Lula se torna um cabo eleitoral absurdamente poderoso. O desastre chamado governo Temer não ajuda em nada a direita na corrida por votos.
Aparentemente, sustentar um golpe em 2018 não é tão simples como nos anos 60.
Getulio Evangelista Neto
21/01/2018 - 16h07
A tão propalada meritocracia dos neoliberais fanáticos tem o seu maior exemplo no mundo moderno, num menino que caiu de um pau de arara nordestino e se transformou num dos maiores líderes mundiais de todos os tempos, exatamente, por ser antagônico a tudo que vem do neoliberalismo . Lula é sinônimo de integração, igualdade social, nacionalismo e soberania para o Brasil é todos os brasileiros …Lula 2018!!!
Gustavo
20/01/2018 - 12h15
A exceção da frase “Esse cidadão é bisneto do general que invadiu Canudos e matou Antônio Conselheiro” acredito que tenha sido bastante produtivo
Gustave lejeuneé
20/01/2018 - 13h35
Porquê a exceção? Se é bisneto do sujeito que na ultima luta invadiu Carnudos e destruiu tudo, inclusive depois da morte dos ultimos combatentes, fez uma fila de degola com velhos, mulheres e crianças. Um assassino frio e bárbaro e esse Juiz tem o DNA deste bandido, pois é seu bisneto e nao é atoa que queira a desgraça de LULA! Este Coronel bisavo só nao teve o prazer de matar o conselheiro porque morrera antes de uma desinteria, mas o desenterrou e o expôs como trofeu de guerra. Quem sabe este bisneto seguindo exemplos de família nao queira fazer o mesmo com LULA?!
Gustavo
20/01/2018 - 17h27
Os espanhóis roubaram e saquearam a América Central levando todo o ouro (há inclusive um ótimo manifesto de Evo Morales a respeito).
Os portugueses acharam o Brasil e levaram todo o ouro para a Europa para pagar dívidas com a Inglaterra e sustentar luxos
Os ingleses levaram a borracha para a Europa levando a economia da Amazônia a ruína
Todos nós temos DNA desses povos que tiraram não a vida de uma comunidades, mas milhares de vidas cuja consequências são sentidas até hoje. Achar que o DNA de um bisavô pode determinar o caráter de alguém não me parece adequado (e nem cientificamente comprovado). Estou certo que existem várias pessoas ao lado de Lula, Aécio, FHC, Dória, Boulos, Haddad, Tarso, Jaques, Dilma, etc que de uma forma ou de outra também devem manter laços genealógicos com pessoas da história que possuíam conduta reprovável.
Regina Maria de Souza
20/01/2018 - 09h11
Nosso complexo de vira-latas precisa acabar. Não fôssemos capazes de grandes feitos, não teríamos a potência hegemônica nos nossos calcanhares, a puxar nossos tapetes, a submeter-nos a seu poder por ojeriza a nós próprios. O melhor do Brasil – que é um país dotado do melhor – é o povo e o que podemos fazer pela humanidade.
Leo Salvador
20/01/2018 - 01h23
Estou lendo o livro Falacias do Moro de Euclides Mance, acabei de concluir a leitura da primeira parte que é uma síntese das várias falácias. Confesso que sabia das fragilidades e da falta de imparcialidade do Juiz, mas o caso é muito mais grave. Aconselho a leitura do livro http://solidarius.com.br/ma…
No final da primeira parte o autor trabalha com duas hipóteses básicas para a atuação do juiz na sentença, são elas:
“Hipótese 1. O autor da sentença tem preparo lógico para
identificar as falácias nela contidas e, nesse caso, elas devem ser
caracterizadas como sofismas, a indicar algum desvio de conduta
no seu exercício do poder de Estado na condição de juiz.
Hipótese N. O autor da sentença não tem preparo lógico
para identificar as falácias nela contidas e, nesse caso, elas devem
ser caracterizadas como paralogismos, a indicar seu despreparo
para o exercício do poder de Estado na condição de juiz.”
Os defensores do Moro podem escolher as hipoteses 1 ou a N, mas não podem fugir dessas alternativas. A não ser que não sejam providos de cérebros.
Antonio Passos
19/01/2018 - 23h04
Na minha opinião o fenômeno Lula é explicado por sua extraordinária e única simplicidade. Conservar-se simples diante de tudo que já viveu, de todas as honras que já recebeu, é obra para uma grande alma. Não tenho a menor dúvida de que Lula está no mesmo patamar de Gandhi.
Darley
19/01/2018 - 23h01
Os golpistas no dia 24 de janeiro de 2018 estarão decidindo o seus futuros, eu acho que não vai ser um futuro do jeito que eles estão pensando. O povo já está cansado de ser feito de otário,escravo,mula,capacho,saco de pancadas, mas agora será diferente quem planta vento só pode colher furacão ou tornado.
Reginaldo Gomes
19/01/2018 - 22h51
Unanimidade, é que o golpe quer fazer toda a política tradicional virar pó.
A evidência cabal dessa afirmação , é que o golpe só trabalha com possíveis candidatos a presidente vindos de fora da política, empresários, apresentadores de tv, e gente do judiciário.
Não vai escapar nem psdb ; o golpe quer passar o trator em tudo.
augusto
19/01/2018 - 22h07
Alo, alo CUT , alo resistencia.
o pessoal devia levar escondido a POA um boneco de Tiradentes.
Se condenado nosso 1º Torneiro Mecanico encenar o enforcamento e trucidar o proprio e salgar os local.
Nada impede que se leve tambem um de J.Silverio dos Reis.
Luiz Carlos P. Oliveira
19/01/2018 - 19h37
Essa ópera bufa tem dois caminhos: condenam sem provas e arcam com o castigo de terem seus nomes gravados para sempre nos anais do Direito como juízes politiqueiros à margem da lei OU absolvem por inconsistência jurídica e salvam suas reputações. Se condenarem sem provas, todos os processos que decidirem futuramente estarão sob suspeição. É lamentável que a nossa justiça foi jogada na lama.