Professoras gravam vídeo em frente ao escritório de amigo de Moro

No Sul 21

Maria Isabel Papaterra Limongi, professora de Filosofia Política Moderna, e Viviane de Castilho Moreira, professora de Filosofia Grega Antiga, na Universidade Federal do Paraná. (Reprodução/Facebook)

O que vale para a mãe de amigo de Moro não vale para Lula, questionam professoras de Filosofia da UFPR

Por Marco Weissheimer

Duas professoras de Filosofia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) gravaram um vídeo, em frente ao escritório do advogado Carlos Zucoloto, em Curitiba, afirmando que a democracia brasileira está sendo ameaçada pelo uso impróprio da Justiça e dizendo porque viajarão para Porto Alegre no dia 24 de janeiro, quando ocorrerá o julgamento do ex-presidente Lula, no Tribunal Regional Federal da 4a. Região.

Professora de Filosofia Política Moderna, Maria Isabel Papaterra Limongi, lembra que um dos pilares da democracia moderna é a separação entre os poderes, princípio que estaria sendo atropelado no Brasil pela interferência indevida do Judiciário na esfera da política. “O que a gente tem observado no Brasil é uma interferência muito grande do Judiciário sobre o jogo político. Um dos presidenciáveis está sendo julgado aqui em Curitiba por supostos ilícitos e esse julgamento é bastante polêmico, pois está ocorrendo sem provas. O resultado dessa disputa pode ser a retirada de um dos presidenciáveis da disputa eleitoral, o que é bastante grave. É uma capacidade de interferir no jogo político muito grande do Judiciário”, afirma.

Professora de Filosofia Grega Antiga da UFPR, Viviane de Castilho Moreira, explica no vídeo o porquê do mesmo ter sido gravado em frente ao escritório de Carlos Zucoloto. “Carlos Zucoloto é um advogado muito amigo do juiz Sérgio Moro. Foi padrinho de casamento dele e ex-sócio da esposa de Sérgio Moro. Zucoloto foi acusado por um ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Durán, na CPI da JBS, de negociar vantagens para que ele fizesse uma delação premiada na Lava Jato. Ele também acusou o Ministério Público Federal. Essas denúncias sequer foram mencionadas no relatório da CPI da JBS”.

Além disso, Viviane de Castilho aponta um segundo caso envolvendo a mãe de Zucoloto, que foi beneficiada em um julgamento na Justiça Federal no Paraná, que foi confirmado no TRF4 em Porto Alegre. “A razão na qual se baseou o tribunal foi que a propriedade de um imóvel era da pessoa em cujo nome esse imóvel estava registrado. Isso valeu para a mãe do amigo de Sérgio Moro, então é natural, até por uma questão de jurisprudência, um princípio fundamental do Direito, que valha também para o julgamento que vai acontecer em Porto Alegre no dia 24 de janeiro”. Sem jurisprudência, acrescenta Maria Isabel Limongi, o Direito não é imparcial, pois ele se baseia justamente no princípio de julgar todos os casos segundo uma mesma regra.

As duas professoras lembram ainda a recente decisão da juíza Luciana Correa Tôrres de Oliveira, da 2ª Vara de Execução e Títulos no Distrito Federal, que determinou a penhora dos bens da OAS, entre lês, o polêmico triplex no Guarujá, atribuído por Sérgio Moro ao ex-presidente Lula. “Isso nos preocupa muito e achamos que não está sendo apurado com a devida transparência. É em nome disso que estamos indo a Porto Alegre para acompanhar de perto esse julgamento, preocupadas que estamos com os rumos da democracia brasileira”.

Editoria: Tá na Rede
Palavras-chave: Carlos Zucoloto, filosofia, Lava Jato, Lula, Rodrigo Tacla Duran, Sérgio Moro, TRF4, UFPR

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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