Por Pedro Breier
O povo não é bobo.
A frase que é normalmente seguida de um “abaixo a rede Globo!” nos atos da esquerda nunca fez tanto sentido quanto no ano que está findando.
O plano das alas política e midiática do consórcio que deu um golpe na democracia brasileira em 2016 era fazer a economia crescer – daquele jeitinho maroto neoliberal, precarizando os empregos e rebaixando os salários – para vender à população a ideia de que a direita salvou o país da bancarrota que o PT teria provocado.
Deu ruim.
O crescimento da economia é pífio.
O desemprego explodiu e não retrocedeu, mesmo com a precarização dos postos de trabalho.
A mídia tenta dourar a pílula para o governo todos os dias, pateticamente, sem resultado.
As pessoas não são burras. Veem e sentem na pele o que o golpe fez com o nosso país. Uma crise que poderia ser debelada sem maiores traumas virou a volta ao período pré Getúlio Vargas no que tange aos direitos e condições de vida da classe trabalhadora.
Os resultados das pesquisas de opinião são invariavelmente desanimadores para os planos golpistas.
Temer é o presidente mais impopular do planeta Terra.
62% das mulheres brasileiras acham Temer pior que Dilma.
70% dos brasileiros são contra as privatizações, vejam vocês. O marketing profissional da mídia hegemônica, do MBL e quejandos aparentemente não engana tanta gente assim.
Lula, alvo do maior massacre midiático-judicial de que se tem notícia na história da humanidade – isso não é um exagero retórico – não para de subir nas pesquisas. Os candidatos do establishment, sejam os oficiais ou os balões de ensaio, não saem do rés do chão nas intenções de voto.
O povo, de fato, não é nada bobo. Está, isso sim, cada vez mais consciente.
Nem tudo são flores, entretanto. A má notícia de 2017: Bolsonaro com algo em torno de 20% nas pesquisas.
Ele não é o candidato do estabilshment por causa da sua imprevisibilidade, do seu completo despreparo e da sua tosquice raivosa. A direita só vai de Bolsonaro como última opção.
Mas é extremamente preocupante o fato de que as ideias fascistas tenham angariado tamanha popularidade, especialmente entre os mais ricos e os jovens.
Entre os mais ricos é até lógico. O ódio ao diferente que se espalha pelo país como uma praga reverbera forte em quem tem medo de perder seus privilégios para quem é visto como a ralé da sociedade. Os pobres. Os pretos. Os nordestinos. A maioria da população do Brasil.
Entre os jovens, é assustador constatar que visões de mundo tão tacanhas quanto nocivas como “bandido bom é bandido morto” façam sucesso na idade em que normalmente o ser humano é mais revolucionário.
Que em 2018 a consciência e a sabedoria da maioria do povo brasileiro sobreponham-se às trevas e à ignorância.
Bom ano novo às leitoras e leitores do Cafezinho e boas lutas aos que sonham com a liberdade e a emancipação humanas.
Até a vitória.