Foto: Diego Padgurschi/Folhapress
Por Tadeu Porto*,
Quando a piada vem pronta, fácil, acessível e ainda é boa demais da conta, o mínimo que nos cabe é desconfiar. Mineiros como eu, então, que desconfiam até da sombra em noite de apagão, não conseguem ler uma situação absurda sem tentar entender o porquê dela existir.
Confesso que cheguei a gargalhar quando li, no Tijolaço, que Aécio seria candidato ao senado ou ao governo de minas. Rachei os bico, como se fala aqui no estado do Galo.
“Ele só pode tá de zueira, não é possível”, pensei.
Mas pessoas como Neves não brincam em serviço, por isso, não é coincidência que o Estadão tenha lhe dado de presente de Natal essa entrevista – light como as dietas prometidas para 2018 – onde o neto de Tancredo pôde se explicar sem um contraponto forte e ainda anunciar sua candidatura.
E não há sombras de dúvidas – apesar das desconfianças – que um dos objetivos do senador mineiro é chantagear o PSDB, que, majoritariamente, lhe escorraçou na convenção nacional do partido.
Não é difícil imaginar a dificuldade que é compor uma chapa com Aécio em Minas, em pleno 2018. Considere-se, ainda, que o estado é o segundo maior parque eleitoral do país. Tem-se, então, um campo minado completo para o candidato do PSDB – praticamente Alckmin – tentar caçar votos nas Gerais (imagina que beleza deve ser aparecer na TV do lado de Aécio).
Se pode inferir, pelas última eleições do país, que os candidatos que possuem apoio massivo do Nordeste e de parte do Sudeste dificilmente perde as eleições.
Sabe-se, também, que Alckmin vem muito forte em São Paulo, sem dúvidas, principalmente pela vitória recente de Dória (apesar do prefeito ter caído consideravelmente em popularidade). Contudo, sem os votos de Minas e do Nordeste, fica complicado almejar uma vitória em segundo turno e qualquer bobo consegue fazer essa conta, quiçá Aécio Neves.
Assim, o ex-governador de Minas, com seu anúncio, mostra seu potencial hiper destrutivo e, principalmente, sua disposição em levar até os últimos do seus “aliados” como ele para a vala da história.
*Tadeu Porto é editor do Cafezinho e diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (SindipetroNF).