Ora, Nassif, não é tão difícil entender.
Gilmar Mendes, que sempre fez dobradinha com o complexo jurídico-midiático, desde a Ação Penal 470, que sempre surfou na onda da meganhagem, resolveu pisar fundo no freio da violência jurídica e virar, da noite para o dia, um garantista.
Todo jurista que se preza sabe que ser garantista (ou seja, defender as garantias fundamentais), no Brasil de hoje, é estampar, na testa, o estigma de “revolucionário”.
O que, neste Brasil ultraconservador, é a mesma coisa que “subversivo”.
Os professores Afranio Silva Jardim e Pedro Serrano tem dito e escrito isso com todas as letras.
Quem tem o poder no Brasil, hoje, é a meganhagem juridíca, com apoio da mídia pitbull.
O surto garantista de Gilmar, e isso é coisa que todos sabem, veio à tôna quando a Lava Jato, embriagada com o golpe de Estado e com a mudança de regime que ela ajudou a implementar, resolveu avançar sobre os mesmos setores políticos que ela levou ao poder, como o núcleo golpista do PMDB e, sobretudo, o PSDB, partido orgânico da elite neoliberal.
Gilmar, então, resolveu peitar a Lava Jato, para salvar Aécio, Temer e todos da sua turma. E conseguiu. Aécio foi salvo. Temer foi salvo. E todos os tucanos serão salvos.
Mas aí surgiu um conflito intra-golpista, entre a meganhagem, jurídica e midiática, que tem apoio internacional, e o PSDB, do qual Gilmar é o rosto jurídico mais importante.
As revistas semanais são gratas a Temer, que tem feito jorrar dinheiro público para seus departamentos de publicidade, mas sabem que o poder maior está na Lava Jato, que pode acusar, mesmo sem prova, qualquer um no país, inclusive donos de revista.
E por trás da Lava Jato há o capital financeiro, que também sabe remunerar muito bem seus apoiadores.
Isso explica, Nassif, o ataque das revistas a Gilmar Mendes.
Tenho para mim, contudo, que os golpistas talvez cheguem logo a um acordo: afinal, eles tem um inimigo em comum, que é o povo brasileiro, e o candidato deste povo, que é Lula.
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No Jornal GGN
As dúvidas sobre a ofensiva das semanais contra Gilmar, por Luís Nassif
DOM, 17/12/2017 – 00:03
ATUALIZADO EM 17/12/2017 – 07:23
Por Luis Nassif
Confesso que ainda não entendi totalmente a ofensiva das semanais contra o Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Do lado da Veja, é evidente que a munição foi fornecida pelos porões da Lava Jato. E é possível entender a motivação da revista, mordendo e assoprando, e tendo de se equilibrar entre recuperar a imagem, depois do desastroso período Eurípides Alcântara, e, ao mesmo tempo, fazer o jogo das fontes.
Um pouco atrás, deu a capa com o advogado Adriano Bretas, o dono da chave do milionário mercado da delação premiada. Agora, a matéria sobre Gilmar.
A dúvida maior é em relação à IstoÉ.
A revista não costuma pensar na construção da imagem editorial. Sempre vive o momento como se não houvesse amanhã.
Nas últimas eleições, acertou o apoio a Aécio Neves. Depois do golpe, acertou com Eliseu Padilha apoio incondicional ao governo Temer. Gilmar é garantia de blindagem de Aécio e Temer. Porque o ataque da IstoÉ, em cima de um caso antigo?
Há uma explicação, mas que deixa a incógnita sobre o patrocinador.
Aparentemente, os patrocinadores entenderam que a defesa intransigente do garantismo, por Gilmar, para os tucanos, acabaria transbordando para Lula, enfraquecendo a ação claramente persecutória de Sérgio Moro e do TRF4 contra Lula.
Mas quem são os patrocinadores? Aparentemente decidiu realizar prejuízo (imagem do mercado quando o investidor decide vender suas ações na bacia) com Aécio, Serra e demais cadáveres políticos. E jogá-los ao mar com Lula.
A propósito, de fonte bem informada: Antonio Palocci vai dançar com sua tentativa de delação, por alguns motivos óbvios:
A tal história do dinheiro de Kadafi para o PT em 2002 não bate. Se fosse em 1988 ou 1994 ainda teria algum sentido. Mas em 2002 o PT estava com caixa garantido e já tinha caído a ficha sobre Kadafi. Palocci não terá como apresentar provas.
Depois de 158 acordos de colaboração premiada, a Lava Jato arrisca-se a não ter ninguém preso. Soltar Palocci seria um tiro a mais no pé.