O jornalista Dacio Malta, fala ao Cafezinho sobre “El Gato Tuerto”, o emblemático cabaré cubano
O Cafezinho conversou com o jornalista Dacio Malta, que tem frequentado festivais de cinema para exibir o seu documentário “O Gato de Havana”. A trajetória de Dacio na atividade jornalística dispensa apresentações. Foi responsável pela criação do Caderno Cidade, no Jornal do Brasil, dando mais dinamismo e destaque à cobertura dos assuntos do Rio. Foi dele a reforma e revitalização de O Dia, além de ter chefiado a sucursal do JB em Brasília, função que veio a desempenhar mais tarde também em O Globo.
Dacio levou para o teatro a vida e a obra de Gonzaguinha, e fez sua estréia no cinema com o documentário “Noel Rosa – O Poeta da Vila e do Povo”, contando a vida do compositor. O filme foi apresentado em festivais no Brasil, no Japão e em Paris.
Agora o jornalista investiu na história do cabaré mais emblemático de Havana, “El Gato Tuerto”, fundado há cinqüenta e cinco anos por Felito Ayón. Ali foi dançado o bolero mais longo do mundo, de acordo com o livro Guinness. O filme entrelaça músicas, principalmente boleros, com imagens de arquivo e comentários inéditos de artistas como: Meme Solis, Pablo Milanés e Chucho Valdés e Caetano Veloso.
O documentário foi produzido com os seus próprios recursos e tem percorrido festivais de cinema de vários países, inclusive na Armênia, tendo concorrido com 150 filmes para participar da mostra. Foi exibido no Festival do Rio, com casa cheia nas salas São Luiz, em Ipanema e em Copacabana, onde foi aplaudido ainda durante a exibição.
Inaugurado em 1960, El Gato Tuerto era ponto de reunião e tertúlias de escritores. Em sua fase áurea, por lá passaram Pablo Neruda, Gabriel Garcia Marques e muitos outros intelectuais e artistas de Havana, que iam ouvir Pablo Milanés e nomes de peso do Bolero, um estilo de música romântica que se espalhou pelo mundo.
No papo com O Cafezinho Dacio fala das suas 40 idas a Cuba (não é número figurado. São as vezes que ele realmente foi para lá), e das dificuldades que tem enfrentado para adquirir os direitos das mais de 20 músicas, cujos trechos são exibidos no filme. Fala, ainda, do preconceito de empresários que, embora queiram o mercado cubano para vender cerveja e biscoitos (importados pagos à vista), não querem suas marcas ligadas a um filme que fala de Cuba.