(crédito imagem: el intransigente)
Assim como prometeram , os movimentos sociais e a CTEB voltaram neste 14 de dezembro a porta do Congresso para lutar contra a reforma da previdência do governo Maurício Macri.
Olhar o protagonismo do povo argentino reforça a ideia que só a participação e mobilização popular poderá frear os retrocessos dos direitos individuais e humanos. Desta vez o uso da força desproporciona,l ordenada pela ministra da Segurança Patricia Bullrich, atingiu não só a classe trabalhadora e estudantes , mas alvejou profissionais da imprensa e deputados da República.
Seja na avenida ” Hipolito Yrigoyen ou Entre Rios” , os manifestantes lutaram na ” Plaza do Congreso” contra uma força de mais de mil homens da ” Gendarmería” . Em alguns momentos os policiais atiravam a esmo e em seguida distribuíam o gás amarelo. Foram 15 detidos e centenas de feridos que levou entidades de direitos humanos, como “H.I.J.O.S Capital, Abuelas de Plaza de Mayo ou Detenidos por Razones Políticas” dentre outras, pedir a liberação imediata dos presos e e interrupção da violência.
A imprensa passou ser objeto de desejo da violência policial que passou atacar sem razão, como descreveu Pablo Poviano, fotógrafo do jornal Pagina 12:
” Um policial me viu com a câmara e disparou a meio metro de mim. Estava quieto com minha câmara e me atingiu sem avisar. Vivemos um tempo de violência e repressão policial preocupante.”
Mesmo os parlamentares que estavam nas ruas tentando dialogar e se indentficaram , foram alvejados com gás de pimenta no rosto . Foram atingidos os deputados da esquerda: Mayra Mendoza, Matias Rodrigues e Horacio Petragalla. É demasiadamente claro que a polícia para deflagar estas atitudes recebeu ordens do executivo e proteção de um judiciário conivente.
Dentro do Congresso uma ópera de terror se delineava. Diante da pressão das ruas a coalizão oficialista tentou continuar sessão sem quorum. Quando a oposição denunciou esta situação, um parlamentar governista sai e volta com mais dois deputados. Nunca se chegou os 129 necessários, apesar da tentativa declarada pela mesa os deputados eram estaduais e nunca tinha sido juramentados.
A ópera se transformou num circo quando o presidente da câmara, Emílio Monzó tentou socar outro parlamentar, Leopoldo Moureau. Diante de tantos devaneios, pressionada pela realidade, a líder de Macri pediu o encerramento da sessão.
No campo da política a crise tem os pilares no oficialismo, pois desde que ganhou as eleições parlamentares o presidente tenta promover um quantidade maior de propostas conservadoras em menor tempo possível. Deste modo vale-se de acordos pontuais com peronismo nos estados. Macri, no âmbito classista, ainda consegue vender a ideia de prosperidade individual para elite , classe média e até parte dos trabalhadores.
A oposição, por sua vez, conseguiu uma vitória ao inviabilizar o quorum. A capacidade de mobilização do kirchnerismo e da esquerda cresceu com uma pauta real e ajudada pelas centrais de trabalhadores e os movimentos sociais, pode ascender.
O que nos mostra estes fatos, é que governo argentino busca retirar mais dos que menos tem, quer se apropriar dos fundos de previdência para dar como garantia aos rentistas e poder se endividar mais com estes e renovando o ciclo. Este objetivo, vem da redução seu déficit orçamentário via aviltamento da renda do trabalhador. A estratégia se dispõe até assaltear os direitos constitucionais, deter o futuro dos classe trabalhadora, golpear deputados, balear fotógrafos e matar os povos originários, os mapuches. Um tango que os argentinos não pretendem deixar tocar.