Por Waldeck Carneiro, colunista do Cafezinho
A crise no Rio de Janeiro, na sua dimensão econômica, é síntese de múltiplas determinações.
Em primeiro lugar, a temerária governança estadual dos últimos dez anos: endividamento crescente; política de isenção fiscal irresponsável; arriscadas antecipações de royalties em operações com fundos estrangeiros; ausência de estratégia de desenvolvimento econômico para superar a “estrutura oca” da economia fluminense, que se manteve excessivamente dependente da cadeia de óleo e gás; desvios, compadrio, corrupção, que colocaram o RJ nas páginas criminais.
Em segundo lugar, a queda vertiginosa do preço do petróleo no mercado internacional de commodities, no final de 2014, que abalou a economia fluminense: afinal, o arranjo produtivo do petróleo representava cerca de 1/3 do PIB estadual.
Em terceiro lugar, as investigações da Operação Lava Jato, que, a pretexto de combater a corrupção, contribuíram decisivamente para desestruturar a Petrobras, sediada no RJ, e várias empresas do setor privado. Combater a corrupção? Investigar criteriosamente os suspeitos? Punir os comprovadamente culpados? Sim, era preciso fazer tudo isso, mas garantido o devido processo legal, pilar do Estado Democrático de Direito, e preservada a atividade econômica das empresas para que continuassem gerando empregos e recolhendo tributos.
Em quarto lugar, o equivocado Pacto Federativo brasileiro, que tem gerado concentração de recursos na União, em detrimento dos entes subnacionais, que acumulam responsabilidades em áreas estratégicas, como educação, saúde e segurança pública.
Em quinto lugar, a agenda antinacional do governo ilegítimo de Temer: retirada da Petrobras da operação no pré-sal; supressão da política de conteúdo local que favorecia nossa indústria naval; isenção tributária trilionária concedida às petrolíferas internacionais, que deixarão de recolher impostos sobre importação de maquinário, além de ferir de morte a indústria nacional de máquinas e equipamentos.
Portanto, está claro que o Rio de Janeiro só sairá da crise, se puder contar com o apoio substantivo do governo federal. Mas não sob o formato atual, pois o acordo de recuperação fiscal celebrado com a União não contribui para a geração de receitas novas e duradouras, elemento central para virarmos a página da crise. Arrochar servidor público, aumentar o endividamento, privatizar a CEDAE e desmontar o parque científico estadual, prescrições de Temer para o RJ, são medidas que não geram receitas novas e ainda aprofundam a crise.
Apenas um governo eleito democraticamente, comprometido com a soberania nacional e com uma agenda desenvolvimentista, capaz de fortalecer a economia nacional e gerar empregos, poderá salvar o RJ.
*Professor da UFF e Deputado Estadual (PT-RJ).
Antonio Passos
14/12/2017 - 13h02
Resumindo, o motivo número 1 foi elencado apenas por, desculpe, demagogia. O Rio de Janeiro não foi governado de forma diferente de todos os demais estados. Nossos erros são os mesmos dos outros, que por sua vez não são nenhuma novidade e estão aí desde 1500. Basta ver as contas do Estado que se percebe que o problema não é de despesa mas sim de receita. Então os verdadeiros motivos são do segundo em diante.