Texto de Romulus Maya, para O Cafezinho
Imagem/Camila Govedice
Colocados nas cordas pelo escândalo de corrupção na FIFA e pelas revelações bombásticas de Tacla Durán Globo e Lava Jato, respectivamente, tentam um último contra-ataque desesperado: criar um fato político com a antecipação para janeiro próximo do julgamento pelo TRF-4 do recurso do ex-Presidente Lula no processo do triplex. Evidentemente, trata-se de uma “fuga pra frente”. Uma tentativa açodada de retomar o controle da pauta política e da narrativa, hoje perdido para Lula e a sua clara perspectiva de poder (e.g., pesquisas, defecções de políticos (antes) “golpistas”, em Brasília e nos estados, caravanas, etc.).
Como mencionado no programa, a ofensiva dos Marinho, de saída (!) já fadada ao fracasso, lembra importante lição de estratégia dada pelo General De Gaulle aos americanos, no contexto da Guerra da Argélia. De Gaulle fora eleito para resolver a “questão argelina”. Na sua histórica viagem a Argel, então capital da “Argélia francesa”, em público!, De Gaulle celebremente disse aos colonos, contrários à independência, “je vous ai compris”, livremente traduzido como “eu entendi os seus anseios” – para aplausos frenéticos da multidão. No entanto, já no voo de volta a Paris, confidenciava aos conselheiros mais próximos: “estive lá e pude ver. A Argélia e os argelinos jamais serão franceses. A guerra está perdida”.
Contudo, os atos que se seguiram aparentemente demonstravam o contrário: De Gaulle ordenou na sequência a maior ofensiva das forças militares francesas contra os insurgentes independentistas de toda a Guerra!
Como explicar?
Abismado com a manobra, o representante do governo americano, também convencido da inevitável derrota francesa, pergunta ao General por que, estando numa posição de fraqueza, não negociava com os rebeldes, em vez de ataca-los daquela forma.
De Gaulle não hesitou deu lição ao americano:
– Ora, justamente! É por estar em uma posição de fraqueza que não podemos negociar! Isso seria uma capitulação – e não uma negociação! Para negociar, temos de estar em uma posição de força. Daí o nosso ataque feroz!
Da mesma forma, é por estarem nas cordas que a Globo e a Lava Jato, convencidos de sua derrota no final, ensaiam o contra-ataque atrevido. Querem, na realidade, conseguir um acordo – menos ruim – para ambos.
E como deve reagir Lula?
Ora, deve ele também seguir a máxima do General De Gaulle e partir para cima com tudo:
– Convocar (como Cristina Kirchner na semana passada!) coletiva, onde dará o tom (feroz!) da resposta. Para além da imprensa estrangeira, o repórter da Globo deve, inclusive, ser brindado com um lugar na primeira fila!
– Antecipar a Caravana pelo Sul do país para a segunda e terceira semanas de janeiro, concluindo-a na véspera do julgamento, em frente ao TRF-4, onde militantes devem acampar.
– Ordenar, por óbvio, um #OcupaPortoAlegre #OcupaTRF-4 para o dia do julgamento.
– Convocar todos os líderes latino-americanos vítimas de lawfare (made in USA!) e apoiadores no restante do mundo para grande ato, em Porto Alegre, na véspera do julgamento.
– Convocar seus articuladores em Brasília – desde já! – para a batalha seguinte, uma vez que o resultado do “julgamento” no TRF-4 já é de conhecimento geral.
Ouça o General De Gaulle, Presidente:
– À luta, Monsieur Lula!
Assista ao programa Expresso da Manhã de hoje: http://bit.ly/2AT36hw