(Imagem: VTV)
Mesmo que oficialmente, se registre de 680 a.c. os primeiros lingotes e placas que foram usadas como moeda na região de Lídia, entre a Turquia e Grécia, é na China há 5000 anos que cientificamente se deduz a utilização mais antiga.
Conceitualmente a moeda é usada como medida de valor, instrumento de poder de compra e meio de reserva de riqueza. Pode-se reportar que se trata de um título emitido pelo país de origem, e desta forma seu valor real está na riqueza daquela nação em honrar aquele papel-moeda.
Entrementes, a razão da forma de valor não apenas se constitui da riqueza do país, mas na liquidez de sua moeda que pode ser medida pela aceitação em transações, foi com base nesta definição que os Médicis na Itália do século XV, os Fugger e os Weiser na Alemanha entre o século XV-XVI formaram grandes montantes de capitais e uma rede de conversão por toda Europa.
Transportado para nossa realidade , vivemos um dilema histórico, onde por mais que uma nação seja hegemônica caminhamos para um mundo multipolar ou pelo menos a existência de três potências. Esta abordagem é uma premissa necessária, pois assim como econômica a supremacia monetária se reporta a geopolítica. Os tempos mudam, os impérios vem e vão.
O dólar é a moeda majoritária atualmente. Mas ela está longe de ter um grau hegemônico do pós-guerra até o início do século XXI. As circunstância dos Estados Unidos ainda os sustenta como líder monetário, posssui 18,6 trilhões de dólares de PIB, o maior mercado consumidor global e concomitantemente o maior poder bélico, o que permite uma ascendência as outras nações do mundo.
A China representa o segundo PIB com 11,2 trilhões de dólares, o maior parque industrial do planeta e a economia mais forte no conceito paridade poder aquisitivo(PPA-ler a coluna de 20/11). Apesar dos primeiro cinquenta anos a revolução ter subdimensionado seu poder militar, os investimentos atuais junto com a Rússia impõe uma frente paritária com EUA, difícil dimensionar uma vitória neste campo sem apoio dos dois países asiáticos.
A situação chinesa é de maior comprador de petróleo do mundo, posição necessária para suprir a sua indústria, de energia. Desta forma tem implementado uma pressão para que países exportadores ampliem sua venda ou iniciem utilizando o yuan e abandonando a moeda estadunidense, que é padrão desde a crise de 1973. Somente esta mudança pode totalizar 900 bilhões a menos de demanda pelo o dólar, gerando uma inflexão que paralelamente valorizaria o Yuan. A realidade que se apresenta é que a Venezuela, o Irã , Indonésia e Rússia já adotaram este paradigma que tende se tornar majoritário.
Os Estados Unidos por possuírem grande déficit comercial e fiscal permite financia-los pela emissão de mais papel-moeda e pagando seus credores em dólar, por conseguinte inundando a economia global com sua moeda, desta forma realimentando este padrão monetário.
A China segue o sentido inverso, sendo superavitária nas suas transações correntes e contas do Estado ela tende acumular dólar e não ” exportar” sua moeda. Este modelo permitiu acumular 3 trilhões de dólares em reserva cambial além de ser a maior credora do país americano.
É particularmente claro que a China, por esta análise, possui uma realidade próxima de superar o dólar. Superado a questão do mercado de petróleo coma inserção do yuan, o país inicia uma fase decisiva para cambiar a moeda mundial: A China vai ofertar sua divisa em forma de bônus, ou seja, criar atrativos para investidores aplicarem suas reservas em yuan.
Segundo o diretor do Instituto de Energia e finaças da Rússia, Mijail Yershov:
” A China prepara uma liberalização multifuncional do mercado financeiro, assim as autoridades chinesas tem programado zerar restrições
existentes a participação de pessoas não residentes em seu mercado de valores nacional no prazo de três anos, atualmente com limite de 51% do capital total.”
Esta mudança histórica significa uma emissão mais ativa em yuan. A liberalização reduz dependências do dólar, inundando o mercado com moeda chinesa. parceiros com a Bloomberg, Barclays e J.P. Morgan abririam novas posições de investimento em bônus chineses.
Conclusivamente a China possui ferramentas para derrocar o dólar, seja pelo poder ascendente do petroyuan, seja por um novo sistema de aplicações de títulos agora da eminente líder mundial. Afinal os tempos mudam, impérios são substituídos por novos impérios mais eficientes.
Autor: Tulio Ribeiro é graduado em Economia, pós-graduado em História Contemporânea, Mestre em História Social e doutorando em Ciências para Desenvolvimento Estratégico.