Por Denise Assis
Quando Michel esticou a sua ponte para o passado e se aboletou na cadeira presidencial, em nossas vidas caía a tarde feito um viaduto.
A sociedade brasileira, entorpecida pelo bombardeio midiático, e, crédula nos senhores “da Lei”, seguiu em passos trôpegos, tal qual um bêbado trajando luto. Sim, nós brasileiros, hoje, fazemos papel de palhaços. E isto me lembrou Carlitos.
Somos obedientes e submissos, como se vivêssemos no mundo da lua.
Enquanto isto, Michel, tal qual o dono de um bordel, diz com quem a pátria vai para a cama. Com que empresa estrangeira ela vai se deitar… Por aqui, os ditames da Constituição mais parecem a nós, cada estrela fria a implorar um brilho de aluguel.
Para 2018 prevemos nuvens, lá no mata-borrão do céu. E tememos os tempos em que falar em eleições era o mesmo que chamar os homens que chupavam manchas torturadas, que sufoco.
Sim, o povo brasileiro mais parece o Louco, o bêbado com chapéu-coco. Vai haver um momento, em que se acorde da letargia para impedir que a horda de malucos fascistas queira de volta o batalhão que fazia irreverências mil pra noite do Brasil, meu Brasil…
Esta terra, que hoje não sonha e nem sequer espera a volta do irmão do Henfil, e de tanta gente que partiu num rabo de foguete, apenas chora. Difícil, quase mesmo impossível é prever o futuro da nossa pátria mãe gentil.
Por toda parte choram Marias e Clarices no solo do Brasil, por terem sido banidas dos programas sociais e, com isto, não terem mais o que dar aos seus filhos na hora do jantar.
Esta é uma dor genuína, pungente, a de assistir a um filho desmaiar na escola por não ter sido alimentado. Este retrocesso, no entanto, não há de ser inutilmente vivenciado por esta população desvalida. Pois, certamente, ela não tem o que comer, mas tem boas lembranças do tempo em que havia iogurte na geladeira. Essa gente tem título de eleitor, essa gente tem vontade própria. A esperança de que haja eleições e possam exercer o inalienável direito do voto, dança na corda bamba de sombrinha. Há incertezas. E em cada passo desta linha a população sabe que pode se machucar. É para ela que sobra sempre.
Mas azar também para os políticos que insistiram em ficar do lado das medidas opressoras para a classe trabalhadora. Para esses, os eleitores podem reservar boas surpresas nas urnas, caso as eleições ocorram.
A esperança equilibrista de tirar de cenas esses “senhores”, pode calar fundo naqueles que sentiram o golpe do roubo dos seus direitos. Cada trabalhador, a cada dia que nasce, sai de casa para buscar o sustento da família, e o faz porque sabe que o show de todo artista tem que continuar. Mas na boca da urna, é ele quem dirige o espetáculo.
- Written by Aldir Blanc, Joao Bosco • Copyright © Universal Music Publishing Group