BRICS enfrentam os EUA criando o novo mercado de ouro

(crédito imagem:agcnews.eu)
Antes de avançar sobre o protagonismo do BRICS, faz-se necessário reportar sobre o mercado do ouro que é particular por ser uma matéria inalterada. Os estoques constituídos são muito superiores a produção anual.

O ouro tem servido há muito tempo como um padrão para as moedas internacionais. Desta forma, foi o que se sucedeu a partir do século XIX até a primeira guerra (1914), neste período os bancos centrais possuíam quantidade de ouro físico suficiente para converter em liquidez. Este sistema foi abandonado e foi uma das causas da crise de 1929.

Terminada a segunda guerra, a paridade ouro/dólar foi restabelecida no acordo de Bretton Woods (1944). A crise do petróleo com a guerra árabe/israelense fez o preço do barril de petróleo triplicar rapidamente, levando desequilíbrio para países consumidores. Este fato, fez os Estados Unidos reconhecerem que não possuía reservas de ouro suficiente para garantir a quantidade de dólar emitida, a paridade foi cancelada mais uma vez (1971).

Pese o ouro ao longo da História recente sofrer um período inicial de depreciação, em momentos de turbulência mundial ele recupera o valor exatamente por representar o”refúgio seguro” para as reservas financeiras.

Sobre olhar deste processo, uma explicação realista é que o protagonismo do BRICS em criar um mercado paralelo do ouro não deve somente na busca da rentabilidade mas principalmente dar voz a questão da geopolítica e o retorno da guerra fria.

Os Estados Unidos acentuaram a depois da década de 60, a política de restrições comerciais e financeiras contra blocos ou nações que se mantivesse averso a seus objetivos como potência mundial. Existe atualmente 80 países que sofrem algum tipo de sanção das 194 nações oficiais, inclusive Rússia, Irã, China e Venezuela. Os embargos visam dificultar acesso a produtos estadunidenses, canadenses e da União Européia (UE); principalmente ao principal título mundial, o dólar.

O bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do sul, representam 20 % do PIB mundial. Os chineses são os maiores produtores de ouro(490 toneladas/ano 2015) a Rússia o terceiro(242 t) e Africa do Sul o sétimo(140t). Em 2015 criaram o ” Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS¨, uma alternativa ao Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional que seguem as políticas dos EUA, UE e OTAN.

O objetivo de se apresentar como alternativa a um paradigma já estabelecido requer construir algumas premissas que os EUA já possuem. Primeiro formar uma capacidade financeira do bloco para se financia e também vender seus produto em escala mundial. Podemos enumerar a segunda como edificar condições de pagamentos em sua cesta de moedas ,ou no yuan chinês. Isto permitiria aumentar a demanda por suas moedas gerando dependência de outras economias em seus títulos e por conseguinte aviltando o preço do dólar no mundo. O ouro vai de encontro com esta estratégia ao permitir uma importante nova forma de negócio e meio de pagamentos fora dos títulos estadunidense, e ao novo controle do BRICS.

Segundo o vice-presidente do Banco Central da Rússia, Serguéi Shvetsov a abordagem apropriada ao mercado de ouro é de transformação:

“O sistema tradicional de comércio de ouro está perdendo força e que atualmente está surgindo novos polos. Apesar do negócio ainda se concentrar em Londres e algumas cidades suíças, está se originando novos focos como India, China e Africa do Sul , portanto da bloco do BRICS.”

Shvetsov , numa entrevista coletiva semana passada, analisou o objetivo do grupo de países:

“Nós analisamos a possibilidade de estabelecer um sistema integral de comércio de ouro, tanto no marco das instituições, como mediante a contratos bilaterais. A Rússia já rubricou um memorando com seu sócio chinês e pretende iniciar a base trocas em 2018”

É necessário entender que os BRICS, e mais especificamente a Rússia e a China, ao se debruçar como novos líderes mundiais em contraponto aos Estados Unidos , devem lançar ferramentes mais amplas possíveis para se manter neste patamar. A leitura realista é de que absorção do ouro, significa um passo tão importante como substituir o dólar como única moeda mundial para transações correntes ou financeiras. Permutar meios de pagamentos da esfera estadunidense, por outras próximas, é reafirmar a crescente atração que Rússia e China possuem em relação as demais nações.

Autor:

Tulio Ribeiro é graduado em Economia, pós graduado em História Contemporânea, mestre em História Social e doutorando em Ciências Estratégicas.

Tulio Ribeiro: Túlio Ribeiro é graduado em Ciências econômicas pela UFBA,pós graduado em História Contemporânea pela IUPERJ,Mestre em História Social pela USS-RJ e doutorando em ¨Ciências para Desarrollo Estrategico¨ pela UBV de Caracas -Venezuela
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