(Qual a relevância da vida pessoal dessa galera com umas roupas ridiculamente anacrônicas?)
Acabo de descobrir que o príncipe Harry vai se casar com uma atriz americana.
A absolutamente irrelevante notícia é destaque nos portais dos maiores jornais do país: Folha, Estadão e O Globo.
Lembrei do nascimento do filho do irmão de Harry, o outro príncipe britânico (não é chocante que ainda existam príncipes?), que mereceu uma cobertura do Jornal Nacional tão enorme quanto patética.
As notícias sobre a vida pessoal dos integrantes da “família real” e de um sem número de celebridades mundo afora serve muito bem ao status quo.
Enquanto 1% da população mundial detém a mesma riqueza que os outros 99%, segundo estudo da Oxfam (organização não governamental britânica), os poderosos que controlam a informação no planeta empurram para as pessoas as notícias mais irrelevantes possíveis.
Assim, distraídos com futilidades acerca de gente que é vendida como se fosse mais importante que nós, reles mortais, a maioria não se interessa em pensar nos motivos de tanta discrepância de condições de vida e, consequentemente, não tem condições para fazer algo no sentido de mudar as coisas.
Claro que também é importante que possamos relaxar e nos informar sobre assuntos de nosso interesse por puro divertimento.
Mas as notícias sobre as tais celebridades, além de serem entretenimento de péssima qualidade, servem ao propósito de fazer com que as pessoas acreditem que são menos do que quem aparece na TV ostentado luxos absurdos.
Dessa forma, a crença de que uns nasceram para ter tudo do bom e do melhor enquanto o resto nasceu para lutar pela sobrevivência permanece viva e entranhada no inconsciente coletivo.
Desviar o foco dos assuntos que realmente importam é essencial para que tudo permaneça como sempre foi.