Dias depois de gravar vídeo com denúncias contra Globo, Garotinho é preso com esposa

O regime de exceção avança de maneira muito feroz no Brasil, e, em particular, no Rio de Janeiro. O casal Garotinho, Anthony e Rosinha, ambos ex-governadores do estado, foram presos nesta manhã de quarta-feira.

A prisão é um arbítrio absurdo, porque ainda não há sentença transitado em julgado. Garotinho e esposa são políticos extremamente conhecidos no estado. Foram eleitos diversas vezes pela população fluminense, sempre com votações muito expressivas, para cargos de responsabilidade. Tem residência fixa.

Não há necessidade alguma de uma prisão cautelar.

É mais um caso de prisão cautelar, decretada imperialmente por um judiciário que parece só obedecer às diretrizes políticas da Globo.

Certamente não é coincidência que a prisão de Garotinho aconteça dias depois do deputado gravar um vídeo com denúncias contra a Globo.

Há ainda um outro fator: Garotinho também tem denunciado os Sveiter, em especial o desembargador fluminense, que já foi presidente do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e do Supremo Tribunal da Justiça Desportiva. Os Sveiter são antigos advogados da Globo.

A prisão parece ser uma vendeta da Globo e dos Sveiter contra Garotinho.

Ainda mais porque não há flagrante de nada. E a acusação do ministério público contra o casal é extremamente frágil: compra de voto, por causa de programas sociais, em especial o cheque-cidadão, implementados pelo governador.

No Brasil do golpe é assim.

O governo Temer pode entregar o pré-sal aos estrangeiros; ser convencido, por lobistas britânicos, a acabar com o programa de conteúdo nacional; reduzir as exigências ambientais cobradas às petroleiras internacionais.

Temer pode – na maior pedalada fiscal da história – roubar centenas de bilhões de reais do BNDES, que poderiam ser usados para gerar empregos e investir em infra-estrutura, para incinerá-los no buraco sem fundo da dívida pública.

Isso pode.

O que derruba uma presidente eleita com 54 milhões de votos é “pedalada fiscal” para emprestar dinheiro ao governo, por alguns dias, para se pagar bolsa família…

O que dá prisão a um dos políticos mais votados do estado, junto com sua esposa, é um programa para se emprestar dinheiro, a juro baixo, aos mais pobres.

A cortina de fumaça para se abafar tanto as denúncias de corrupção da Globo como as do lobby britânico para se comprar o pré-sal, se torna cada vez mais espessa.

A condução da ex-governadora Rosinha Garotinho a um presídio, por sua vez, não tem outro nome: é terrorismo de Estado.

Na falta de pão, o golpismo midiático-judicial precisa intensificar o circo.

É preciso lançar mais carne humana aos leões da opinião publicada.

***

Abaixo, a nota de Garotinho, divulgada há pouco à imprensa:

Nota oficial de Garotinho

Querem calar o Garotinho mais uma vez

O ex-governador Anthony Garotinho atribui a operação de hoje a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Assembleia Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter.

O ex-governador afirma que tanto isso é verdade que quem assina o seu pedido de prisão é o juiz Glaucenir de Oliveira, o mesmo que decretou a primeira prisão de Garotinho, no ano passado, logo após ele ter denunciado Zveiter à Procuradoria Geral da República.

Garotinho afirma ainda que nem ele nem nenhum dos acusados cometeu crime algum e, conforme disse ontem no seu programa de rádio, foi alertado por um agente penitenciário a respeito de uma reunião entre Sergio Cabral e Jorge Picciani, durante a primeira prisão do deputado em Benfica. Na ocasião, o presidente da Alerj teria afirmado que iria dar um tiro na cara de Garotinho.

Agora, a ordem de prisão do juiz Glaucenir é para que Garotinho vá com sua esposa para Benfica, justamente onde estão os presos da Lava Jato.

Cabe frisar que essa a operação à qual Garotinho e Rosinha respondem não tem relação alguma com a Lava Jato.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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