Pesquisa Ibope divulgada recentemente mostra que a Lava Jato não é mais uma unanimidade nacional.
Um dos pontos da pesquisa pediu a opinião dos entrevistados em relação à seguinte frase:
“A Lava Jato está condenando sem provas”
Apenas o fato do Ibope, instituto amplamente controlado pela Globo e pelas forças golpistas, se sentir obrigado a perguntar algo assim, já é um sintoma do medo das elites em perder o controle da narrativa da Lava Jato, eixo central da mudança de regime operada pelo golpe.
Apesar de uma maioria de 55% responder que “discorda totalmente” da frase, um total de 40% de entrevistados sinalizaram desde algum tipo de dúvida de que isso pode ser verdade.
15% dos entrevistados concordaram “totalmente” com a afirmação de que a Lava Jato está condenando sem provas.
Entre pessoas com mais de 55 anos, um total de 19% concordou “totalmente” com a afirmação.
A rejeição à Lava Jato é maior entre pessoas de baixa renda, mas já está presente em todas as categorias sociais.
O Ibope pede aos entrevistados a opinião sobre a frase “a Lava Jato investiga políticos de todos os partidos do mesmo modo”.
27% dos entrevistados responderam que “discordam totalmente” da assertiva. Ou seja, acham que a Lava Jato opera com um viés partidário, que beneficia ou prejudica alguns partidos.
Entre jovens até 24 anos, 30% responderam também que discordam da frase, ou seja, acham que a Lava Jato é partidária.
Até mesmo entre o público com ensino superior, onde se concentram os extratos mais ricos, de classe média, que costumam apoiar a Lava Jato com mais ardor, um percentual de 29% respondeu que “discorda totalmente” da frase.
A deterioração da imagem da Lava Jato na opinião pública explica a última fase da operação no Rio de Janeiro. Prendendo caciques importantes do PMDB, porém inócuos para o atual jogo de poder, e, sobretudo, políticos com baixa credibilidade, a Lava Jato tenta recuperar sua credibilidade.
Entretanto, quem acompanha o “timing” da Lava Jato não se deixa enganar. A gente sabe como ela agiu antes do golpe. Depois do golpe, ela tenta lavar suas ações prendendo figuras descartáveis da política nacional, como Jorge Picciani e Paulo Melo. De quebra, desestrutura o sistema de transporte do estado, não para abrir espaço para uma mudança popular, mas para a entrada de multinacionais interessadas em absorver ainda mais setores da economia nacional.