A absolvição do senador perdedor nas eleições presidenciais de 2014, em (17/10/2017) no senado, revelou um acordo entre senadores e ao mesmo tempo um recado: estão em guerra contra o povo e estão juntos. Outro acordo também foi firmado, para além do senado, na CCJ que ontem, absolveu pela segunda vez quem ocupa de forma ilegítima a presidência do país. Tudo regado a cargos, emendas parlamentares não investigadas ministério público federal. Vamos agora para o plenário, observar atentamente como vota cada deputado e deputada.
Estamos com um poder executivo desmoralizado, um judiciário desmoralizado, que ora dá sentença em favor de uns, ora em favor de outros – sempre criminalizando a classe trabalhadora – e com um legislativo também desmoralizado ao salvar uns e condenar outros em movimentos sistematicamente seletivos. Fechou o ciclo de desmoralização das instituições do país. Há outro poder desmoralizado, o quarto e imundo, a mídia tradicional, não menos seletiva e tendenciosa.
Após serem salvos, mesmo que com robustas e conhecidas provas, seguimos com o circo de hororres em um país que sangra e clama por socorro.
O ministro de minas e energia, exonerado para cumprimento de tarefas na câmara, poderá depois voltar à função e partir para o desmonte do setor elétrico. É o que nos está reservado no próximo período: resistir à privatização e entrega do setor mais estratégico do país. A privatização da Eletrobras, caso seja realizada, vai significar um dos piores retrocessos para nosso povo, juntamente com a entrega do pré-sal, da Petrobras e demais empresas estatais.
A privatização da Eletrobras, reaparece na mídia com a declaração do presidente da holding, dizendo que a energia não vai subir, que a longo prazo vai inclusive baixar. Tudo isso regado a bastante corrupção, compra de votos e falta de legitimidade. O projeto vencedor nas eleições presidenciais de 2014 era contrário a entrega da soberania nacional. Só estão tentando entregar nossas empresas, por que deram um golpe de estado com característica de traição, contra uma presidenta eleita, contra um projeto e contra 54 milhões de eleitores e eleitoras.
Junto com os eletricitários, no mesmo lado do balcão, cresce a indignação de milhões de trabalhadores e trabalhadoras que enxergam dia após dia, seus direitos conquistados ao longo de mais de cem anos de luta, indo para o ralo. A falta de perspectiva de empregos no mercado privado também assusta, ainda mais quando o ilegítimo governo ataca de forma covarde os postos de trabalho internos. Faz isso incentivando e tirando as garantias de proteção à força de trabalho brasileira e relaxando com as políticas de combate ao trabalho escravo. Movimentos até pouco tempo inconcebíveis. É inacreditável parecendo um pesadelo.
Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Nunca este ditado popular se encaixou tanto para milhões de profissionais que lutaram para conquistar uma profissão e agora enxergam somente desesperança. Com o desmonte das empresas de engenharia no país, não há para onde correr. Junto com trabalhadores e trabalhadoras, há milhares de jovens, recém formados, que perdem a esperança de obter empregos no mercado de trabalho cada vez mais competitivo.
Temos hoje um estado que está equipado com uma polícia bem treinada, que descarrega sua ira contra uma população desprotegida e despreparada para a repressão. Covardemente são treinados para atacar o povo, iniciando pelos professores e se estendendo a todos e todas que lutam por condições melhores para si e seus semelhantes. O estado policialesco é covarde e exerce uma força desproporcional devendo diariamente ser denunciado e nunca naturalizado.
Cada vez mais percebemos a importância de um estado forte e protetor do povo. Cada vez mais percebemos que somos povo e sentimos saudade de sermos tratadas com um mínimo de humanidade. Cada vez mais sentimos saudade de ser governados por gente que entende o que a população sente, o que necessita e o que deseja.
Por fim, após estas ideias soltas e aparentemente desconectadas, vamos cantarolando com Chico esta canção tão atual como nos anos de chumbo, em uma resistência histórica contra este golpe de estado tão indesejado ocorrido em 2016.
Vamos também cultivando um sentimento de esperança, que a cada dia que passa cresce mais com a possibilidade de termos novamente um representante do povo à frente do nosso querido Brasil.
Apesar de Você
Chico Buarque
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Quando chegar o momento
Esse meu sofrimento
Vou cobrar com juros, juro
Todo esse amor reprimido
Esse grito contido
Este samba no escuro
Você que inventou a tristeza
Ora, tenha a fineza
De desinventar
Você vai pagar e é dobrado
Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Inda pago pra ver
O jardim florescer
Qual você não queria
Você vai se amargar
Vendo o dia raiar
Sem lhe pedir licença
E eu vou morrer de rir
Que esse dia há de vir
Antes do que você pensa
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia
Como vai se explicar
Vendo o céu clarear
De repente, impunemente
Como vai abafar
Nosso coro a cantar
Na sua frente
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Você vai se dar mal
Etc. e tal
Lá lá lá lá lai