Por Wellington Calasans, Colunista do Cafezinho
O dia três de outubro foi um dia histórico para a política brasileira. Em meio ao bombardeio de péssimas notícias e escândalos que ocupam os noticiários da imprensa, que é sócia da cleptocracia no poder, foi do Rio de Janeiro que brotou a mais sólida semente de que o Brasil tem rumo. Lula percebeu que não dá para esperar 2018, pois o desmonte do país é real.
O ato que reuniu uma multidão em defesa das empresas estatais seria suficiente para entrar na história como um importante aviso de resistência, mas a presença de Lula merece atenção especial. Não apenas por se tratar do líder disparado de todas as pesquisas de opinião púbica na corrida presidencial, mas porque Lula descolou de 2003 e trouxe 2018 para o centro do debate.
O que vimos foi um dos mais brilhantes discursos da sua história. Mesmo insistindo, como quem tenta dar um freio em si mesmo, que continua sendo “o Lulinha paz e amor”, o que levou o povo ao delírio foi um discurso aprimorado, uma aula que joga no devido lugar, o lixo da história, os entreguistas que tentam vender o Brasil e alimentar o holocausto dos pobres.
Nada de “o pobre tinha um carrinho, tinha ventilador e ar-condicionado”. Lula trouxe para o debate o único caminho que importa, a luta entre aqueles que querem um Brasil independente em oposição ao atalho da turma do “Brasil Colônia”. Palavras e expressões como “Referendo Revogatório”, “Crime lesa-pátria”, “Soberania nacional” ganham um significado maior quando proferidas pelo maior líder político do Brasil.
Lula mostra que está à frente dos adversários, pois no momento em que figuras patéticas da política como João Dória e Marina Silva aparecem com um claro discurso artificial de “conciliação”, Lula vai para a confortável linha de ataque e aponta o dedo para quem provoca o desemprego, fome e violência em decorrência da destruição das suas próprias políticas públicas tão aplaudidas, testadas e aprovadas, dentro e fora do Brasil. Lula sabe que povoa a memória recente de fartura do povo.
A real pulsação da sociedade brasileira neste momento não pede mais um político conciliador com aqueles que destroem o Brasil e os sonhos do seu povo. A bem-intencionada, mas inoportuna, nota do PT no episódio STF x Aécio é uma prova disso. O povo percebeu que não há como dar ares de normalidade e republicanismo a um país anormal, uma república com instituições falidas.
Lula entendeu o recado e assume para ele, com palavras de ordem e amor ao Brasil, defesa das empresas brasileiras e da soberania nacional, a única bandeira que ainda é capaz de unir o nosso povo, a bandeira da Independência do Brasil. Isso ocorre no mesmo momento em que a Veja detona o falso nacionalismo do fraquíssimo Bolsonaro.
Definitivamente, o 7 de Setembro que teve militares batendo continência para Temer, perdeu o estatuto de efeméride para o 3 de Outubro que resgatou o verdadeiro nacionalismo, o espírito de Brasil independente. Tudo isso com um Lula renovado, líder das pesquisas, e que é mais do que nunca a esperança de um povo massacrado.