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Deduragem e fascismo midiático-judicial mataram reitor da UFSC

No Jornalistas Livres Deduragem e prisão espetacular matam reitor da Federal de Santa Catarina. Chega! Luiz Carlos Cancellier de Olivo suicidou-se porque não suportou a humilhação e o vexame a que foi submetido ao ser preso pela Polícia Federal por Laura Capriglione, 2 outubro, 2017 “Minha morte foi decretada no dia de minha prisão”, escreveu […]

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No Jornalistas Livres

Deduragem e prisão espetacular matam reitor da Federal de Santa Catarina. Chega!

Luiz Carlos Cancellier de Olivo suicidou-se porque não suportou a humilhação e o vexame a que foi submetido ao ser preso pela Polícia Federal

por Laura Capriglione, 2 outubro, 2017

“Minha morte foi decretada no dia de minha prisão”, escreveu o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, no bilhete que deixou ao se suicidar nesta segunda-feira, 2/10, em Florianópolis.

Não foi um suicídio discreto. Cancellier, morto aos 60 anos, deixou à vista de todas e todos o seu corpo inerte no meio do vão central às 10h30, no mais tradicional shopping da capital catarinense, o Beiramar.

Trata-se de suicídio que cobre de vergonha todo o país, que consagrou como métodos de investigação a deduragem, a humilhação pública e a prisão estrepitosa, sob os holofotes de uma mídia linchadora e vulgar.

Reconhecido como intelectual e jurista comprometido com os Direitos Humanos e a diversidade, Cancellier militou no movimento estudantil durante a resistência à Ditadura Militar (1964-1985), tendo participado ativamente das campanhas pela anistia, pelas diretas-já e pela Constituinte.

Nada dessa trajetória, entretanto, foi capaz de frear o ânimo da delegada Erika Mialik Marena, da Polícia Federal, que pediu e conseguiu da Justiça a decretação da prisão temporária do reitor Cancellier por supostas irregularidades cometidas com relação às prestações de contas dos contratos do Ensino à Distância (EaD) oferecidos pela instituição entre 2008 e 2014. Ressalte-se que Cancellier tornou-se reitor da UFSC apenas em maio de 2016. A mesma delegada pediu e obteve a decretação do “AFASTAMENTO CAUTELAR DO EXERCÍCIO DO CARGO/FUNÇÃO PÚBLICA de todos os servidores públicos abaixo relacionados [inclusive o reitor], com proibição de que exerçam cargo público de qualquer natureza, de que entrem na UFSC e de que tenham acesso a qualquer material da UFSC…”

Como sempre tem ocorrido, foi uma delação que serviu de gatilho às investigações –“ao que tudo indica feita por um professor do Curso de Física e dirigida ao MPF/SC”.

Na edição de 14 de setembro, o “Bom Dia Brasil” abriu com informações sobre a operação da Polícia Federal desencadeada naquele mesmo momento em Santa Catarina e Brasília contra “fraudes no ensino à Distância”. A apresentadora Ana Paula Araújo assim comentou a notícia: “É roubalheira para tudo que é lado! O reitor da Universidade de Santa Catarina foi preso!”

Em artigo publicado no jornal “O Globo”, apenas quatro dias antes do suicídio, o reitor Luiz Carlos Cancellier de Olivo relatou o sofrimento moral que lhe foi imposto:

“A HUMILHAÇÃO E O VEXAME A QUE FOMOS SUBMETIDOS — EU E OUTROS COLEGAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC) — HÁ UMA SEMANA NÃO TEM PRECEDENTES NA HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO. NO MESMO PERÍODO EM QUE FOMOS PRESOS, LEVADOS AO COMPLEXO PENITENCIÁRIO, DESPIDOS DE NOSSAS VESTES E ENCARCERADOS, PARADOXALMENTE A UNIVERSIDADE QUE COMANDO DESDE MAIO DE 2016 FOI RECONHECIDA COMO A SEXTA MELHOR INSTITUIÇÃO FEDERAL DE ENSINO SUPERIOR BRASILEIRA; AVALIADA COM VÁRIOS CURSOS DE EXCELÊNCIA EM PÓS-GRADUAÇÃO PELA CAPES E HOMENAGEADA PELA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE SANTA CATARINA. NOS ÚLTIMOS DIAS TIVEMOS NOSSAS VIDAS DEVASSADAS E NOSSA HONRA ASSOCIADA A UMA “QUADRILHA”, ACUSADA DE DESVIAR R$ 80 MILHÕES. E IMPEDIDOS, MESMO APÓS LIBERTADOS, DE ENTRAR NA UNIVERSIDADE.”

Em entrevista à jornalista livre Raquel Wandelli, Júlio Cancellier, irmão do reitor morto, disse Luiz Carlos “deu todos os sinais em público de que estava fortemente deprimido e se sentindo exilado, mas não pôde receber o apoio dos amigos porque a juíza responsável pela primeira ordem de prisão mantinha-o incomunicável. Essa foi a grande mágoa dele: estava se sentindo humilhado e vexado e ainda privado do convívio com as pessoas”.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), emitiu uma nota pública em que expressa o pesar pela morte prematura de Cancellier ao mesmo tempo em afirma a “absoluta indignação e inconformismo com o modo como foi tratado por autoridades públicas o Reitor, ante um processo de apuração de atos administrativos, ainda em andamento e sem juízo formado.”

“É INADMISSÍVEL QUE O PAÍS CONTINUE TOLERANDO PRÁTICAS DE UM ESTADO POLICIAL, EM QUE OS DIREITOS MAIS FUNDAMENTAIS DOS CIDADÃOS SÃO POSTOS DE LADO EM NOME DE UM MORALISMO ESPETACULAR. É IGUALMENTE INTOLERÁVEL A CAMPANHA QUE OS ADVERSÁRIOS DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS HOJE TRAVAM, DESQUALIFICANDO SUAS REALIZAÇÕES E SEUS GESTORES, COMO JUSTIFICATIVA PARA SUPRIMIR O DIREITO DOS CIDADÃOS À EDUCAÇÃO PÚBLICA E GRATUITA.”

Só para lembrar, a narrativa inspiradora do juiz Sergio Moro é a Operação Mãos Limpas, levada a cabo durante os anos 1990 na Itália. Também baseada em delações, vazamentos seletivos, prisões e humilhações públicas, a Mãos Limpas teve relação causal direta com 11 suicídios em 1992, 10 em 1993 e outros 10 em 1994, que foram os anos em que as fogueiras estiveram mais acesas.

Quantos mais aceitaremos que morram, literalmente “de vergonha”, até que paremos com a máquina de moer gente que está instalada no Judiciário brasileiro?

Laura Capriglione

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Izabel de Mattos

07/10/2017 - 18h22

Será que este povo não percebe que estão nos comendo pelas beiradas e se demorarmos a acordar aí talvez já seja tarde demais?

Edlberto Pires

05/10/2017 - 13h20

Caro Reitor a sua morte só vai valer a pena se o povo essa sociedade se indignarem-se e ser contra toda essa bandalheira que de podridão é bem verdade de viver nessa sociedade que dirigida como está!! de justiçamentos e abuso de poder onde os verdadeiros criminosos soltos e o ÚNICO QUEM TEM BATALHADO ALERTANDO O POVO DESPERTANDO A BRASILIDADE, O HUMANISMO É LULA E OBSERVA O QUE QUEREM FAZER COM O MISSIONÁRIO? NOBRE REITOR SEU GESTO FOI INFELIZ NA COMPREENSÃO JUNTO A JUSTIÇA DIVINA NINGUÉM TEM O DIREITO DE SI INTERROMPER, CONTUDO OS QUEM TE SUICIDARA, ESSES SIM PAGARÃO CARO PERANTE DEUS, VÁ EM PAZ, CONTUDO AO DESPERTAR LEMBRE-SE TEM UMA MISSÃO JUNTO AO POVO BRASILEIRO JUSTO VAMOS AGIR. NINGUÉM MORRE.

gustavo

03/10/2017 - 23h45

Na verdade, Judiciário, Ministério Público e polícia vivem de seus negócios privados, por fora de suas instituições. Ou seja, não querem trabalhar duro nos órgãos para os quais fizeram concurso. Daí, privilegiarem a delação premiada.

Reginaldo Gomes

03/10/2017 - 19h44

A preguiça e incompetência.
O estado brasileiro , incompetente e preguiçoso , para oferecer justiça a seu povo , abandonou completamente a tecnologia e ciência aplicada na persecução penal, para somente usar a cagüetagem e o esculacho de pessoas no combate ao crime. Criou até lei para premiar o cagüeta. É o maior atestado de incompetência que o estado elaborou para si próprio. É o fim do mundo. Isso é uma vergonha.

Gilberto Barros Vieira

03/10/2017 - 19h06

Será que a consciência do dedo duro mentiroso dói. Será?

Celso

03/10/2017 - 18h59

Preso e humilhado acusado de obstruir a justiça de um suposto crime que não cometeu (piada!!!)…Enquanto isso, o golpista presidente compra escancaradamente deputados com emendas parlamentares para votar contra a denuncia de corrupção em tramite no Congresso Nacional – A Casa dos Horrores.

Maria Aparecida Lacerda Jubé

03/10/2017 - 17h33

Enterrado o Dr. LUIZ CARLOS CANCELLIER DE OLIVO, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, enterra se também a justiça brasileira, há muito em estado falimentar de todos os seus órgãos.

Aristides Bartolomeu Novaes

03/10/2017 - 17h31

Esta farsa servirá para destruir os próprios bate-panelas de São Paulo e cia que virão seus pleitos de cursarem faculdades públicas de graça extintos, já que a tendência é pela privatização e o extermínio da universidade subsidiada pelo governo. É a extensão do golpe, é a volta ao regime de escravidão pregada pelos liberais.
Mas ficou claro que o Reitor Consallier provou que tinha vergonha na cara algo que falta na maioria dos que o detiveram. Partiu, mas deixou o legado de que a vida não se concretiza apenas com dinheiro, principalmente, quando é sujo.

Benoit

03/10/2017 - 15h37

Parece inacreditavel que pessoas sejam presas a pedido de um delegado qualquer sem direito previo de contestar o pedido de prisao. O reitor nao foi acusado de crime violento, nao representava perigo para ninguem, nao tinha sido condenado num julgamento e mesmo que teoricamente houvesse o risco de fuga, que provavelmente na pratica nao existia, isso nao justificaria medidas desproporcionais como as que foram tomadas por um sistema juridico enlouquecido e fora de controle.


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