(crédito imagem:ensartaos.com.ve)
Os padrões monetários surgem a partir da aceitação generalizada de reservas de valor do papel-moeda para utilização em trocas de mercadorias e serviços, ou simplesmente de acumulação de riqueza. Entre meados do século XVIII até o final do século XIX, as moedas se baseavam na prata e em outras cédulas recunhadas. A falta de insumo e a instabilidade entre as nações levou a um novo ciclo que migrou para o padrão-ouro, seja do Reino Unido ou dos Estados Unidos. Entre 1914 e 1945 com período das guerras mundiais e a crise de 1929, o descontrole de emissões do papel-moeda e a instabilidade entre nações determinou o abandono deste modelo. O ano de 1946 trouxe o acordo de Bretton Woods, um sistema próximo ao padrão-ouro. Na verdade a premissa era de que a paridade de U$S 35 por 31,104 gramas de ouro seria respeitada, garantindo o sistema.
Em 1970 , a França foi a primeira a trocar suas reservas em dólares por ouro estadunidense , e diante do objetivo de outras nações seguirem este ação, os Estados Unidos de forma unilateral e sem aviso declarou que não iria honrar o acordo de Bretton Woods, abandonando-o em 15 de agosto de 1971.
A História agora nos apresenta mais um capitulo marcante. A China impulsionará o fim do domínio do dólar, usando seus montantes de ouro acumulados com a liderança do comércio mundial. O dólar pautou o mercado petroleiro a partir de 1974 com o aceite da Arábia Saudita como divisa referência para atividade. Neste momento o país asiático usa seu poder de compra e sua reserva de ouro para expulsar o dólar da liderança mundial.
No que tange nossos dias, a China aplica um grande golpe contra a moeda estadunidense. O país passa a firmar seus contratos futuros de compra de petróleo em yuanes, com opção de convertibilidade em ouro. A sua condição de líder do comércio mundial, detendo alta reserva em ouro e a maioria dos títulos da dívida dos EUA, lhe credência para um ato desta magnitude.
Atualmente os chineses são os maiores compradores de petróleo do planeta e este novo paradigma permitirá adquirir ¨hidrocarburos¨ da Rússia e do Irã em yuan, prática que já se iniciou com a Venezuela. Vinculado a este fato, pode-se reduzir a demanda por dólar em 800 bilhões por ano. Gerando assim uma maior instabilidade desta moeda, atingindo o valor das reservas de países que mantém o acúmulo de riqueza nesta unidade monetária. Seria um movimento semelhante na escala que a França exerceu nos anos setenta.
A perda da liderança estadunidense é aparente quando vislumbramos que o Fundo Monetário Internacional(FMI) incluiu o yuan em sua cesta de reservas de moeda,bem como as economias do G-20. É visível por conseguinte com a criação do Banco Asiático de Investimento em Infra-estrutura e do Banco de cooperação de Shangai. O horizonte não apenas parece ,mas na prática já trocou de mãos.
Segundo o economista venezuelano Jorge Giordani ¨o dólar como referência mundial perdeu sua capacidade expressiva com a deterioração da economia de seu país que diminuiu sua presença em mais da metade do comércio nos últimos 50 anos.¨ Pode-se usar como parâmetro a pesquisa do economista James Rickards que aponta ¨o ano 2000 com reservas posicionadas 70% em dólar e atualmente
desceu a 62%, mantendo esta inércia logo atingiremos os 50%.¨O país da América do Norte simplesmente não conseguiria quitar o débito que possui com a China em curto prazo.
A título de constatação o mundo será testemunho de um novo padrão monetário. No que concerne nossa realidade, é de não confiar mais em uma moeda como refúgio de valor que já não possui representatividade de um país líder. A China superou os EUA em tamanho da economia e se aproxima em fazer o mesmo em relação ao PIB. Deste modo,as novas estratégias cada vez mais estarão nas mãos do país asiático.
Fontes:
Artigo de Jorge Giordani em 26/9/2017
www.hispantv.com
James Rickards, The New Case for Gold