Quantos crimes Barroso cometeu em seu discurso no Wilson Center?

Estou terminando minha reportagem sobre quem financiou o golpe. Acho que só vou conseguir publicá-la na segunda ou terça-feira.

Quanto mais pesquiso, mais evidências encontro de que o setor que mais ganhou com a Lava Jato foram refinarias de petróleo norte-americanas.

Uma palhinha do artigo: essas refinarias pertencem a corporações como Marathon, Shell, Chevron, Koch Industries.

Várias dessas corporações financiam, junto com verbas federais liberadas pelo Congresso americano, o Wilson Center.

Pois bem, o excelentíssimo ministro Luis Roberto Barroso, do STF, esteve lá, no Wilson Center, no dia 8 de setembro de 2017.



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Esse vídeo deveria ser baixado e legendado, porque ele mostra um ministro do STF, em pleno think tank controlado pela Casa Branca (que indica toda a diretoria do Wilson, em geral pessoas da comunidade de inteligência; ou seja, o Wilson é centro de espiões), dizendo que há corrupção em todas as estatais brasileiras, como Caixa, BNDES, Banco do Brasil, Petrobrás, Eletrobrás.

Leiam a matéria da BBC Brasil sobre o discurso de Barroso, e me ajudem a contar quantos crimes ele cometeu.

Primeiro: a lei da magistratura proíbe juízes de falar sobre processos em curso, sobretudo de processos que o próprio juiz irá julgar. Barroso deitou falação sobre a Lava Jato e outros processos, que ele mesmo deverá julgar a qualquer momento.

Mas Barroso cometeu um crime ainda maior do que esse. Imagine um juiz norte-americano ir a um importante centro de inteligência de outro país, acusar as estatais norte-americanas de estarem tomadas por corrupção?

A fala de Barroso é um ataque ao soft power brasileiro, e, com isso, deve ser classificada como um crime de traição à pátria.

A pergunta que fazemos é: Barroso recebeu cachê para falar essas barbaridades contra o Brasil? Ou fez de graça mesmo, bancado com recursos suados dos contribuintes brasileiros?

A passagem para os EUA foi paga pelo Wilson Center?

A presidente Dilma, assim como outras autoridades, já participaram de atividades no Wilson Center, mas isso bem antes da Lava Jato e do golpe. E não foram lá falar mal do Brasil, muito menos comentar sobre investigações em curso – ou pior, corroborar processos judiciais altamente polêmicos!

Barroso, além disso, mentiu.

Barroso é um desonesto.

Ao elogiar a Lava Jato, ele omitiu que a operação foi chamada de processo típico da Inquisição, por Luigi Ferrajoli, e que Eugenio Raúl Zaffaroni, o maior jurista da América Latina, denunciou a existência de um Plano Condor judicial na América do Sul. Omitiu também que, dias depois da condenação de Lula, 122 juristas publicaram artigos num livro que denuncia duramente uma série de violações cometidas por Sergio Moro em sua sentença.

Como é possível que Barroso aceite, como normal, tudo que está acontecendo no Brasil? E, mais que isso, que viaje aos Estados Unidos e diga isso num think tank do governo americano (sediado num edifício federal chamado Ronald Reagan, do qual o Wilson não paga aluguel), ignorando críticas de boa parte da comunidade jurídica brasileira?

O livro contra Sergio Moro, escrito por 122 juristas, foi lançado na Faculdade Nacional de Direito! Barroso não respeita sequer um dos centros mais importantes do direito brasileiro?

Barroso teria de coragem de repetir o que falou no Wilson Center na tribuna da Faculdade Nacional de Direito?

Não, não teria, porque é um covarde, e seria imediatamente rechaçado por qualquer estudante, professor ou cidadão consciente!

A UERJ, onde o ministro estudou e onde dá aulas e recebe salários, está fechada! E por culpa, evidentemente, da Lava Jato, que quebrou a economia fluminense.

Esse outro juiz, Bretas, é um sub-Moro. Condenou o almirante Othon Pinheiro, a 43 anos de prisão. Que tipo de país condena o seu maior especialista nuclear, um heroi nacional, a uma pena dessa?

Somente um país sob ocupação militar estrangeira faz isso!

Quando o historiador futuro escrever sobre esse triste período do país, não esqueça de considerar a traição de nossos juízes.

Vai um recado, portanto, às gerações futuras de brasileiros: cuidado com o judiciário, sobretudo quando juízes e procuradores se curvam a um sistema de cooperação internacional hegemonizado por uma potência estrangeira.

Corrupção, deve ser combatida com democracia, respeito às garantias individuais, e, sobretudo, proteção aos interesses nacionais.

Sugiro a Barroso que suas próximas palestras sejam feitas em favelas do Brasil. Explique por lá o sucesso do judiciário nacional, que levou Michel Temer ao poder, violando a vontade sagrada das urnas, em especial das urnas das regiões mais pobres e sofridas do país.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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