Por Pedro Breier
Bolsonaro sugerindo o fuzilamento dos responsáveis pela exposição Queermuseu; Marco Feliciano, Magno Malta e outros próceres da crítica artística visitando museus e decidindo o que deve ou não ser exibido; judiciário proibindo peça teatral e autorizando tratar homossexualidade como doença; general do exército falando em intervenção militar.
Estes são apenas os fatos mais recentes a demonstrar o grau da escalada autoritária no nosso país. Os representantes do fascismo tupiniquim estão assanhados e escancaram suas bocarras horrendas para tentar devorar a liberdade daqueles escolhidos como os inimigos da vez.
Urge pensarmos, portanto, na melhor estratégia para lidar com os que já foram contaminados pela histeria burra e, ao mesmo tempo, trazer os ainda “neutros” para o lado da defesa das liberdades e do respeito à diversidade.
É claro que quando grupos fascistas partem para a violência física a única resposta possível é a autodefesa nos mesmos termos.
Entretanto, nos debates com a galera do “bandido bom é bandido morto”, seja nas redes sociais, seja ao vivo, creio que o caminho é outro.
A resposta está neste sutra – um ensinamento resumido em poucas palavras – de Sidarta Gautama, o Buda:
Neste mundo o ódio jamais dissipou o ódio. Somente o amor dissipa o ódio. Essa é a lei, ancestral e inexaurível.
A verdade dessas palavras é evidente.
Se você duvida, faça o teste com aquele parente que cultiva o gostoso hábito de te criticar, sempre venenosamente, ou com aquele motorista do Uber reacionário que pensa que todo mundo deve se curvar ao que ele entende por correto.
Se você responder a este tipo de pessoa agressivamente, a tendência é que a réplica venha carregada de mais ódio ainda, o que, por sua vez, irá lhe irritar profundamente, fazendo com que seu desprezo inicial transforme-se em uma raiva pastosa que acabará se tornando ódio. Se você sai de uma conversa com uma pessoa que vomita ódio odiando também, ela, de certa forma, venceu. O ódio alimenta o ódio.
Agora, se você lembrar de respirar fundo; deixar a irritação que vem do âmago do seu ser dissipar-se como uma nuvem; e explanar a sua opinião com tranquilidade na voz, serenidade no olhar e amor no coração, você desarmará completamente o odiador. Na maioria das vezes ele muda o tom imediatamente e passa a conversar de forma um pouco menos indigente.
Não estou afirmando que é fácil. Definitivamente, não é. Mas é perfeitamente possível.
Lembrem-se, para facilitar a busca do estado de tranquilidade, de que os fascistas serão derrotados novamente, sem sombra de dúvidas (meditação também ajuda). O desejo humano por liberdade é poderoso demais para ser contido por meia dúzia de obscurantistas e seu séquito.
Sidarta Gautama não se tornou um Buda – aquele que alcança a iluminação – por acaso. Ele manjava dos paranauês: somente o amor dissipa o ódio.