(Ilustração do livro Suruba para Colorir, da editora Bebel Books. Alguém dê um exemplar para a galera do MBL pintar e de repente sossegar um pouco)
Por Pedro Breier
Os jovens-velhos do MBL, as “senhoras de Santana de 20 anos”, como definiu magistralmente a Socialista Morena, conseguiram com que o Santander cancelasse a exibição da exposição de arte “Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira”, que estava em cartaz desde agosto em Porto Alegre.
Muito embora seja surreal convivermos com este moralismo tosco se metendo na arte, creio ter sido mais um glorioso tiro no pé de Kim Kataguiri e demais caretas do MBL.
Em primeiro lugar, porque essa revolta contra uma exposição que mostra alguns tabus sexuais – o que, e isso é óbvio até mesmo para leigos como este que vos escreve, não significa necessariamente apologia – lembra muito o regime nazista de Hitler, que baniu o que era considerado “arte degenerada”.
Detalhe: em 1937 foram exibidas, em Munique, 600 obras censuradas e apreendidas pelo regime, enquanto eram exibidas, em outro ponto da cidade, as obras preferidas dos nazistas. A “Exibição da Arte Degenerada” teve quatro vezes mais frequentadores do que a da arte carola. O povo gosta mesmo é de putaria (inclusive os caretas reprimidos do MBL, no fundinho de cada alma assustada com o avanço da liberdade).
As práticas do MBL são, muitas vezes, típicas de uma milícia fascista. Um dos vídeos divulgados pelo grupo mostra um rapaz transtornado mostrando as obras e dizendo que o curador da exposição deveria estar preso. Ao alçarem-se a condição de censuradores de exposição de arte só confirmam a pecha de fascistas.
O segundo motivo pelo qual a gritaria histérica do MBL não deu tão certo assim foi a forte reação ao cancelamento da exposição. Esse tipo de bizarrice não passa incólume mais.
Os “argumentos” dos projetos de censuradores foram desmontados um a um por textos de grande qualidade que explicaram, detalhadamente, os porquês de ser um absurdo o cancelamento. Deixo aqui o do Pablo Villaça, só para exemplificar.
As obras, cuja apreciação ficaria restrita a quem tivesse visitado a exposição, se espalharam e atingiram um número incalculavelmente maior de pessoas.
Obras “degeneradas”, clássicas ou não, passaram a ser postadas em profusão nas redes sociais. Piadas com a sanha moralista dos jovens-velhos, como esta do Sensacionalista, também pipocaram.
A Editora Veneta lançou a “semana da arte degenerada”, oferecendo desconto de 50% em livros eróticos, pornôs e “escandalosos”, no que foi seguida pela Alameda Editorial.
Haverá um ato hoje, em Porto Alegre, pela Liberdade de Expressão Artística/Contra LgbttFobia, com milhares de confirmados no evento do Facebook.
A cereja do bolo seria a exibição da exposição em outro lugar, um sucesso garantido de público. Tomara que aconteça.
Considerando tudo isso, os que somos contra o preconceito, a caretice e a censura, só podemos dizer uma coisa ao MBL: muito obrigado!