DISCURSO DO PRESIDENTE XI JINPING, Fórum Comercial, abertura da Cúpula dos BRICS, Xiamen, China, 3/9/2017 (traduzido)
Tradução: Vila Vudu
Trabalhar Juntos para Avançar na Segunda “Década de Ouro” da Cooperação entre os BRICS
3/9/2017, Presidente Xi Jinping da República Popular da China
Cerimônia de Abertura do Fórum Comercial dos BRICS
Xiamen, China, 3/9/2017 (Xinhuanet)
Entreouvido na Vila Vudu:
ATENÇÃO! Onde o presidente Xi Jinping fala de primeira “Década de Ouro” e de “década passada”, deve-se ler: “no Brasil, foram os anos dos governos Lula-Dilma, até o golpe”.
Com o golpe de 2016, o Brasil foi arrancado e jogado fora dos BRICS, não pelos demais BRICS, mas pelo facinoroso “Consenso de Washington”, já fracassado e agonizante, mas ainda capaz de promover golpes e desgraças precisamente contra a unidade dos BRICS – unidade que a China promove nesse importante discurso, e que o presidente Putin da Rússia também promoveu nessa mesma reunião em Xiamen-2017.
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“Bem unidos façamos
Nesta luta final,
Uma terra sem amos,
A Internacional”*
Senhores presidentes,
Representantes da Comunidade de Negócios,
Senhoras e Senhores,
Caros amigos
Boa-tarde! É com grande prazer que os recebo todos nessa bela cidade de Xiamen, conhecida como a “Ilha da Garça”. Amanhã, teremos aqui a reunião de Cúpula dos BRICS. Em nome do governo e do povo chineses e do povo de Xiamen, e também em meu nome, saúdo todos, muito bem-vindos ao Fórum Comercial.
Xiamen é porto comercial desde tempos ancestrais, bem como um portão para a abertura da China e para a cooperação externa. Abraçando o vasto oceano, a cidade sempre hospedou visitantes de todo o mundo. Pessoalmente, Xiamen foi onde comecei quando vim para a província Fujian para assumir novo posto em 1985. Naquele momento, sendo uma das primeiras zonas econômicas especiais na China, a cidade estava na vanguarda da reforma da China e da missão de abertura e fervilhava de oportunidades. Três décadas adiante, Xiamen tornou-se conhecida pela inovação e pelo empreendedorismo, fervilhante de novas formações econômicas e de novas indústrias, comércio robusto e investimentos, com fácil acesso para o mundo por ar, terra e mar. Hoje, Xiamen é uma bela cidade-jardim, homem e natureza em perfeita harmonia.
Há um dito popular, aqui no sul de Fujian, “Aplique-se e você vencerá”, que incorpora um espírito de empresa e empreendimento. O sucesso de Xiamen é bom exemplo, demonstração convincente da perseverança dos mais de 1,3 bilhão de chineses que somos. Aproximando-nos dos 40 anos da reforma e da abertura, sob a liderança do Partido Comunista da China, nós chineses avançamos, sem medo e com determinação, e abraçamos um bem-sucedido caminho de socialismo com marcadas características chinesas. Houve dificuldades e desafios a superar ao longo do caminho. Mas perseveramos e nos mantivemos em dia com os novos tempos. Com dedicação, coragem e engenho, estamos fazendo grande progresso na busca do desenvolvimento na China contemporânea.
Senhoras e senhores,
Caros amigos,
A cooperação entre os BRICS chegou agora a um estágio crucial de desenvolvimento. Avaliando seu desempenho, é importante manter duas coisas em mente: o curso histórico do desenvolvimento global e a paisagem internacional mutante, e o processo histórico do desenvolvimento dos BRICS, tanto individualmente como coletivamente, no contexto no qual se busca a cooperação entre os BRICS.
Estamos numa grande era de desenvolvimento, transformação e ajuste. Embora ainda haja conflitos e pobreza a eliminar globalmente, a tendência na direção da paz e do desenvolvimento está cada vez mais forte. Nosso mundo vai-se tornando cada vez mais multipolar, a economia globalizou-se; há crescente diversidade cultural; e a sociedade hoje é digital. A lei da selva, pela qual o mais forte caça o mais fraco e o toma como presa e o jogo de soma zero [o vencedor leva tudo] são já rejeitados; e a paz, o desenvolvimento e a cooperação tipo ganha-ganha tornaram-se aspiração partilhada de todos os povos.
Contra esse pano de fundo, grande número de países em desenvolvimento e mercados emergentes aparecem afinal à frente do palco, desempenhando papel sempre maior nos negócios internacionais. A cooperação dos BRICS é escolha natural feita por nossos cinco países, dado que todos partilhamos um desejo de paz e desenvolvimento. Na década passada, nós, países BRICS, nos levantamos e nos tornamos um ponto de luz, na economia global.
– A década passada assistiu aos países BRICS em avançada, à busca do desenvolvimento comum. A eclosão da crise financeira global de 2008 abalou gravemente a economia global, que ainda não se recuperou completamente. Ante o choque externo, nossos cinco países, para não perder espaço, reforçaram a economia doméstica, promovendo o crescimento e melhorando as condições de vida do povo. Nos dez anos passados, o PIB somado de nossos países cresceu cerca de 179%, o comércio cresceu 94% e a população urbana, 28%. Tudo isso contribuiu significativamente para estabilizar a economia global e para a volta do crescimento, e gerou benefícios tangíveis para mais de três bilhões de pessoas.
– A década passada viu os países BRICS em cooperação orientada para resultados e mutuamente benéfica. Alavancando nossas forças respectivas e interesses convergentes, fizemos acontecer um quadro de cooperação posta em ação pelos líderes que cobre muitas áreas e muitos níveis. Foram lançados grande número de projetos de cooperação, que se harmonizam com nossas estratégias de desenvolvimento e atendem aos interesses de nossos povos. Falo especialmente do Novo Banco de Desenvolvimento e Acordo de Reserva de Contingência, que garantiram apoio para construção de infraestrutura e desenvolvimento sustentável para os países BRICS, contribuindo para aprimorar a governança econômica global e a construção de uma rede de segurança financeira internacional.
– A década passada assistiu aos BRICS dedicados a atender à responsabilidade internacional de todos. Comprometidos com o multilateralismo, a igualdade e a justiça, nossos cinco países reforçaram suas posições nas grandes questões regionais e internacionais e ofereceram propostas para enfrentá-las. Promovemos a reforma global da governança econômica, para aumentar a representação e dar mais voz aos mercados emergentes e aos países em desenvolvimento. Como defensores do desenvolvimento, assumimos a vanguarda da implementação das Metas de Desenvolvimento do Milênio e Metas de Desenvolvimento Sustentável, e nos engajamos em diálogo e cooperação próxima com outros países em desenvolvimento, para promover o desenvolvimento mediante a unidade.
Como diz o velho ditado, a construção do mais alto prédio começa pelos alicerces. Lançamos os alicerces e implantamos o quadro geral da cooperação entre os BRICS. Revisando os avanços já conquistados na cooperação BRICS, entendo que há quatro importantes práticas que devem ser levadas adiante.
Primeira, tratar-nos uns os outros como iguais e buscar território comum a partir do qual superar as diferenças. Em termos da cooperação BRICS, as decisões são tomadas mediante consultas a todos, não só por um ou outro país. Respeitamos o caminho e o modelo de desenvolvimento de cada país, afinamos nossas preocupações e trabalhamos para aprofundar a comunicação estratégica e a confiança política mútua. Dadas as diferenças em condições nacionais, história e cultura, é natural que haja diferenças na construção de nossa cooperação. Mas com fé firme na cooperação e compromisso com aumentar a confiança, podemos alcançar progresso constante em nossa cooperação.
Segunda, assumir abordagem inovadora e orientada para resultados, para que nossa cooperação beneficie todos. BRICS não é balcão de conversa, mas uma força tarefa para que as coisas realmente aconteçam. Nosso objetivo é construir um grande mercado de comércio e investimento, promover o fluxo sem percalços de moedas e finanças, melhorar a conectividade da infraestrutura e construir laços próximos entre os povos. Na busca desse objetivo, nossos cinco países estão engajados na cooperação prática em todo o espectro, cobrindo várias áreas, dentre as quais economia, comércio, finança, tecnologia, ciência, educação e saúde, dando assim expressão concreta à tarefa de construir um novo tipo de relações internacionais com vistas à cooperação de tipo ganha-ganha.
Terceira, desenvolver nossos próprios países para ajudar outros, tendo em mente o bem-estar do mundo. Tendo passado por árdua trilha de desenvolvimento, os países BRICS partilham a agonia dos que ainda permanecem presos no caos e na pobreza. Desde o início, nossos cinco países foram guiados pelo princípio do diálogo sem confrontação, da parceria sem aliança. Comprometemo-nos com observar os objetivos e princípios da Carta da ONU, da lei internacional e das normas básicas que regem as relações da governança internacional na condução de relações estado-estado. Ao nos desenvolvermos nós mesmos, estamos sempre prontos a partilhar as oportunidades de desenvolvimento com outros países. A filosofia da cooperação entre os BRICS obteve cada vez mais apreciação e apoio, e tornou-se uma energia positiva na comunidade internacional.
Disso trata sempre o “espírito BRICS”. É o valor partilhado que nos uniu na cooperação ao longo da década passada. Esse espírito enriqueceu-se constantemente ao longo dos anos, e não só beneficiou nossos povos como, também, nos levou a fazer diferença no mundo.
Senhoras e senhores,
Caros amigos,
Revisitar os progressos conseguidos nos ajuda a andar adiante na direção certa. Atualmente, a economia global retomou o crescimento, com mercados emergentes e países em desenvolvimento apresentando desempenho forte. Está em preparação uma nova rodada de revolução tecnológica e industrial, e reforma e inovação ganham ímpeto. Temos razões suficientes para crer que nosso mundo será um lugar melhor.
Mas, por outro lado, mais de 700 milhões de pessoas ainda sofrem fome; dezenas de milhões de pessoas são arrancadas da própria casa e tornam-se refugiados; muitos, muitos, inclusive crianças inocentes, são mortos nos conflitos. A economia global ainda não está suficientemente saudável e permanece num período de ajudes, mostrando crescimento fraco, e ainda não emergiram novas forças capazes de puxar o crescimento. A globalização econômica enfrenta novas incertezas. Mercados emergentes e países em desenvolvimento veem-se hoje em ambiente externo mais complexo. A longa estrada até a paz e o desenvolvimento globais não será estrada fácil, sem sobressaltos.
Alguns, vendo que o mercado emergente e países em desenvolvimento passam por reveses no crescimento, decidiram que os países BRICS estariam perdendo a potência. É verdade que, afetados por ambientes internos e externos complexos, nossos países BRICS encontramos ventos de proa de variada intensidade. Mas o crescimento potencial e a tendência de nossos países não mudou. Nisso, confiamos plenamente.
É tempo de levantar vela, quando a maré sobe. Sempre adiante, os países BRICS temos grande tarefa a completar, que é fazer crescer nossas economias e reforçar a cooperação. Devemos construir sobre os sucessos passados, mapear o curso da cooperação futura e embarcar numa nova jornada que nos levará, juntos, à segunda “Década de Ouro” da cooperação entre os BRICS.
Primeiro, temos de fortalecer a cooperação entre os BRICS, para criar novo ímpeto para o crescimento econômico de nossos cinco países. Nos anos recentes, graças à nossa potência em termos de oferta de mercadorias, custo de recursos humanos e demanda do mercado internacional, nossos cinco países puxaram o crescimento global. Com nossas cinco economias continuando a crescer porém, questões concernentes a alocação de recursos e estrutura industrial tornaram-se mais agudas. Ao mesmo tempo, a estrutura da economia global está passando por mudanças profundas, evidenciadas pela redução na demanda global e crescimento de riscos financeiros. Tudo isso implicou desafiou às forças tradicionais das economias BRICS, levando-nos a um estágio crucial, onde temos de trabalhar mais para superar as dificuldades.
Como ultrapassar esse estágio? Taxas de crescimento, por elas só, não respondem essa pergunta. Em vez disso, temos de, consideradas nossas atuais condições e tendo em mente o objetivo de longo prazo, promover reformas estruturais e explorar outras vias de desenvolvimento e de promotores de crescimento. Devemos tomar a oportunidade apresentada pela nova revolução industrial para promover crescimento e alterar o modelo de crescimento mediante inovação. Devemos buscar desenvolvimento puxado pela inovação criado pela indústria inteligente, o modelo “Internet Plus”, a economia digital e a economia da partilha, mantermos à frente da curva e andar rápido para substituir os velhos promotores de crescimento, por novos. Devemos eliminar os impedimentos ao crescimento econômico mediante reformas, remoção de barreiras sistêmicas e institucionais, e energizar o mercado e a sociedade, de modo a alcançar crescimento de melhor qualidade, mais resiliente e sustentável.
Inobstante as diferentes condições nacionais, nós países BRICS estamos em estágio semelhante de crescimento e partilhamos os mesmos objetivos de crescimento. Devemos explorar juntos outros meios para estimular o crescimento puxado pela inovação. Isso exige que melhoremos a coordenação das políticas macroeconômicas, dar sinergia às nossas respectivas estratégias de desenvolvimento, alavancar nossas forças em termos de estrutura industrial e dotação de recursos, e criar cadeias de valor e um grande mercado para interesses partilhados, de modo a alcançar desenvolvimento interconectado. Baseando-nos em nossas próprias práticas de reformas e inovação, devemos abrir um novo caminho que possa também ajudar outros mercados emergentes e países em desenvolvimento, para que colham as oportunidades e superem os desafios.
O alicerce do mecanismo BRICS é a cooperação econômica. Com esse foco em mente, devemos implementar a Estratégia para Parceria Econômica dos BRICS [ing. Strategy for BRICS Economic Partnership], institucionalizar e dar substância à cooperação em vários setores, e continuar a melhorar o desempenho da cooperação BRICS.
Esse ano, fizemos progressos na operação do Novo Banco de Desenvolvimento e Arranjo para Reserva de Contingência, e no e-commerce, na facilitação de investimentos, comércio de serviços, emissão de bônus em moedas locais, inovação científica e tecnológica, cooperação industrial e parceria público-privada, assim expandindo e intensificando a cooperação econômica. Devemos continuar a implementar acordos e consensos já construídos e melhor alavancar o papel dos mecanismos já implantados. Devemos também explorar ativamente novos modos e novas áreas de cooperação prática e fortalecer nossos laços, para garantir cooperação BRICS durável e frutífera.
Segundo, nós, os países BRICS devemos cumprir nossas responsabilidades e deveres na promoção e defesa da paz e da estabilidade globais. Paz e desenvolvimento alimentam-se mutuamente e se reforçam. Todos os povos do mundo querem paz e cooperação, não conflitos e confrontos. Graças aos esforços conjuntos de todos os países, a paz global reinou por mais de meio século. Contudo, conflitos sem fim em algumas partes do mundo e questões pontuais candentes ameaçam hoje gravemente a paz mundial. As ameaças entretecidas do terrorismo e da falta de cibersegurança, dentre outras, lançam hoje uma sombra sinistra sobre o mundo.
Nós, países BRICS temos compromisso com manter a paz global e contribuir para a segurança da ordem internacional. Esse ano, realizamos a Reunião de Altos Representantes para Questões de Segurança e a Reunião de Ministros de Assuntos Exteriores/Relações Internacionais. Criamos o mecanismo de reuniões regulares para nossos representantes permanentes em organizações multilaterais, e abrimos o Diálogo de Planejamento de Política Exterior; a Reunião do Grupo de Trabalho de Contraterrorismo; a Reunião do Grupo de Trabalho de Cibersegurança e a Consulta de Operações para Manutenção da Paz.
Esses esforços visam a reforçar as consultas e a coordenação para as grandes questões internacionais e regionais e a construir sinergia entre todos os países BRICS. Devemos promover os objetivos e princípios da Carta da ONU e as normas básicas que governam as relações internacionais, apoiando firmemente o multilateralismo, trabalhando para mais democracia nas relações internacionais e em oposição ao hegemonismo e às políticas de poder. Devemos promover a visão favorável à segurança comum, ampla e sustentável, e dar nossa devida contribuição, construtiva, ao processo de resolver impasses geopolíticos.
Estou convencido de que, desde que assumamos uma abordagem holística para lutar contra o terrorismo em todas as suas formas, e cuidarmos simultaneamente de combater os sintomas e destruir as causas, os terroristas não terão onde se esconder. Quando se conduzem diálogos, consultas e negociações para criar condições para alcançar solucionamento político para questões como Síria, Líbia e o conflito Palestina-Israel, é possível extinguir a chama da guerra, e todos os refugiados conseguirão afinal voltar para a própria casa.
Terceiro, nós países BRICS devemos contribuir para aprimorar a governança econômica global. Só a abertura leva ao progresso, e só com inclusão será possível sustentar qualquer progresso. Dado o fraco crescimento global em anos recentes, questões como desenvolvimento equilibrado, governança inadequada e déficit de justiça e igualdade tornaram-se mais agudas. Com isso o protecionismo e a mentalidade de olhar só para os próprios problemas estão em ascensão. A economia global e o sistema de governança econômica global entraram num período de ajustes, diante de desafios novos.
Não podemos ignorar os problemas que advêm da globalização econômica, ou só reclamar deles. Em vez disso, temos de fazer esforços conjuntos para encontrar soluções. Temos de trabalhar juntos com outros membros da comunidade internacional para ampliar o diálogo, a coordenação e a cooperação, e contribuir para que haja estabilidade econômica global e crescimento para todos. Para esse fim, devemos promover a criação de economia global aberta, promover o comércio e liberalizar e facilitar os investimentos, construindo juntos novas cadeias globais de valor, e reequilibrando a globalização econômica. Disso advirão benefícios para todos os povos do mundo. Nossos cinco países devem abrir-se mais uma para os outros, expandir interesses convergentes nesse processo, assumir abordagem inclusiva e partilhar oportunidades, de modo a criar perspectivas ainda mais luminosas de crescimento para as economias de nossos cinco países.
O desenvolvimento de mercados emergentes e países em desenvolvimento não tem o objetivo de tirar o queijo da boca de ninguém, mas de fazer aumentar o bolo da economia global. Devemos juntar as mãos e forçar o rumo da globalização econômica, oferecer ideias mais amplas e melhores serviços públicos, tornar mais equilibrados e inclusivos o modelo e as regras da governança, e remodelar e melhorar a divisão internacional do trabalho e as cadeias globais de valor. Devemos trabalhar para reformar o sistema da governança econômica global, para torná-lo adequado à realidade da arquitetura econômica global. Devemos melhorar as regras da governança nos novos domínios de águas profundas, regiões polares, espaço sideral e ciberespaço, de modo a assegurar que todos os países partilhem direitos e responsabilidades.
Quarto, devemos aumentar a influência dos BRICS e construir parcerias extensivas. Como plataforma de cooperação com influência global, a cooperação BRICS é mais que assunto de nossos cinco países. Em vez disso, ela carrega as expectativas do mercado emergente e de países em desenvolvimento e, na verdade, de toda a comunidade internacional. Guiados pelo princípio de cooperação aberta e inclusiva, nós, países BRICS temos na mais alta conta a cooperação com outros mercados emergentes e países em desenvolvimento, e já estabelecemos mecanismos de diálogo efetivo com ele.
Os chineses dizem que “é fácil quebrar uma flecha, mas é muito difícil quebrar dez flechas amarradas como se fossem uma”. Devemos alavancar nossas respectivas forças e capacidades para influenciar, promover a cooperação Sul-Sul e o diálogo Norte-Sul, mobilizar as forças coletivas de todos os países e, em conjunto, trabalhar para esvaziar os riscos e superar os desafios.
Devemos expandir a cobertura da cooperação BRICS e expandir os benefícios para mais povos.
Temos agora de promover uma abordagem de cooperação “BRICS Plus” e construir rede aberta e diversificada de parcerias de desenvolvimento, para incluir mais mercados emergentes e países em desenvolvimento em nossas tarefas organizadas para cooperação e benefícios mútuos.
Durante essa Cúpula de Xiamen, a China realizará o Diálogo de Mercados Emergentes e Países em Desenvolvimento, no qual líderes de cinco países de diferentes regiões serão convidados a sentar com os líderes dos BRICS para discutir a cooperação para desenvolvimento global e a cooperação Sul-Sul, bem como a implementação da Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.
Compreensão entre todos e amizade mútua entre todos os povos são crucialmente importantes para aprofundar a cooperação entre os BRICS e construir parcerias mais amplas. Devemos fazer valer o papel das trocas povo-povo e culturais em geral e estimular a participação extensiva na cooperação BRICS. Devemos realizar mais eventos como festivais culturais, festivais de cinema e competições esportivas sempre apreciadas, de modo que a história dos BRICS apareça mostrada e prestigiada em todas as trocas e relações de amizade dos povos de nossos cinco países, e se torne fonte inexaurível de força, que conduza a cooperação entre os BRICS.
Senhoras e senhores,
Caros Amigos,
A década passada assistiu não apenas a sólidos progressos no mecanismo de cooperação BRICS: assistiu também ao desdobramento de grande reforma e abertura na China, e seu rápido desenvolvimento econômico e social. Ao longo desses dez anos, o agregado econômico chinês cresceu 239% e o volume total de exportações e importações cresceu 73%. A China tornou-se a segunda maior economia do mundo, a vida de seus mais de 1,3 bilhão de habitantes foi significativamente melhorada, e a China fez contribuição sempre crescente ao desenvolvimento regional e, também, ao desenvolvimento global.
É verdade que, conforme as reformas na China entraram em estágio crucial, no qual o país tem de superar duros desafios, apareceram algumas dificuldades e problemas subjacentes, que têm de ser tratados com firmeza e determinação. Como os chineses costumam dizer “remédio bom é remédio amargo.” O remédio que nos prescrevemos nós para nós mesmos é reformar, reformar ampla e profundamente. Ao longo dos últimos cinco anos, adotamos mais de 1.500 medidas de reforma que atingiram todos os setores, com grandes aberturas em múltiplas áreas. Essa reforma prossegue com grande intensidade. O passo do ajuste econômico estrutural e modernização industrial foi acelerado. A economia da China manteve desempenho forte e estável, e novas forças que sustentam o desenvolvimento ganharam mais força. Na primeira metade desse ano, no crescimento da economia chinesa de 6,9%, o valor agregado de serviços foi responsável por 54,1% do PIB, e criaram-se 7,35 milhões de empregos urbanos. Todas essas conquistas são prova de que reformar ampla e profundamente é a via correta na qual devemos persistir.
Sempre avançando, a China continuará a praticar a visão de desenvolvimento inovador, coordenado, verde, aberto e inclusivo.
Adaptaremos e conduziremos o novo desenvolvimento econômico normal, faremos avançar a reforma estrutural do lado da oferta, aceleraremos a construção de um novo sistema para uma economia aberta, aceleraremos o desenvolvimento com inovação e alcançaremos desenvolvimento sustentável. A China continuará firmemente comprometida com o desenvolvimento pacífico e fará contribuição sempre maior para a paz e o desenvolvimento global.
Em maio passado, a China recebeu o bem-sucedido Fórum Cinturão e Estrada para Cooperação Internacional, do qual participaram 29 chefes de Estado ou governo e mais de 1.600 representantes de mais de 140 países e de mais de 80 organizações internacionais. Assim se abriu um novo estágio do processo de traduzir a Iniciativa Cinturão e Estrada da visão para a ação e do planejamento para a execução dos planos. Os participantes do Fórum discutiram modos para promover a cooperação e o desenvolvimento e alcançaram consenso amplo.
Permitam deixar bem claro: a Iniciativa Cinturão e Estrada não é ferramenta para promover qualquer tipo de agenda geopolítica: é uma plataforma para cooperação prática. Não é esquema de ajuda estrangeira: é uma iniciativa para um desenvolvimento interconectado, que exige consultas extensas, contribuição de todos e benefícios partilhados. Estou convencido de que a Iniciativa Cinturão e Estrada servirá como uma nova plataforma para que todos os países alcancem cooperação de tipo ganha-ganha e para criar novas oportunidades para implementar a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável.
A comunidade de negócios dos países BRICS é a principal força que movimenta nosso desenvolvimento econômico. Ao longo da última década, essa comunidade de negócios incorporou à cooperação BRICS o desenvolvimento dos negócios, fazendo assim importante contribuição para forjar parcerias econômicas entre os países BRICS. A razão pela qual estamos fazendo esse Fórum de Negócios na véspera da Reunião de Cúpula é solicitar a visão e os conselhos dessa comunidade de negócios de nossos países, de modo a que possamos trabalhar juntos para fazer da Cúpula de Xiamen um sucesso, e abrir vias para que a cooperação BRICS realmente aconteça. Espero que todos ganhem maior força em conjunto, em termos de informação, tecnologia e fundos, para lançar projetos mais práticos e mutuamente benéficos, para maior proveito de nossos países e de nossos povos. O que fizerem aqui ajudará a disseminar desenvolvimento social e econômico e a melhorar a vida das pessoas.
O governo chinês continuará a encorajar as empresas chinesas para que operem e lancem raízes em outros países e, assim também, acolhemos como bem-vindas empresas de outros países que queiram investir e operar na China.
Senhoras e senhores,
Caros amigos,
Nós países BRICS entraremos numa segunda década de crescimento ainda mais vibrante. Trabalhemos junto com outros membros da comunidade internacional. Que dessa contribuição brotem mais benefícios para os povos de nossos países. E que os benefícios da paz e do desenvolvimento globais alcancem todos os povos do mundo.
Desejo todo o sucesso ao Fórum Comercial.
Muito obrigado.
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* Do hino “A Internacional Comunista”. Epígrafe acrescentada pelos tradutores.