Com presença de Dilma, brasileiros lotam auditório da ABI para discutir 1 ano de resistência ao golpe

Ontem, dia 31 de agosto de 2017, o auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) foi inteiramente ocupado por brasileiros indignados com o aniversário de 1 ano de golpe de Estado no Brasil.

Indignados e dispostos a resistir e lutar até o esmagamento final do golpe.

Dispostos a resistir e lutar até que o último barão da mídia seja enforcado com as tripas do último juiz golpista.

O evento, organizado pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ) e pelo jornal Brasil de Fato, contou com a presença da presidenta Dilma.

O movimento pela anulação do impeachment compareceu em peso, e se fez ouvir o tempo inteiro: o STF tem de ser pressionado, porque a história precisa saber como julgará cada um de seus 11 ministros: se como um golpista miserável e covarde, ou se alguém que superou sua própria covardia e vaidade e se insurgiu em favor do interesse popular e nacional.

Se o STF confirmar sua aliança com o golpe dos corruptos, então que deixe isso bem claro, que o diga em voz alta, e não se esconda atrás de um silêncio cúmplice.

Se o STF (ou qualquer de seus ministros) quiser resgatar sua dignidade, e anular um impeachment notoriamente ilegal, que levou corruptos e vendilhões da pátria ao poder, que empoderou forças políticas antipopulares e antinacionais, interessadas apenas em vender ou entregar o mais rápido possível o que ainda nos resta de soberania e esperança, então ele será acolhido e apoiado pelo povo brasileiro.

É sempre importante lembrar que, segundo a Constituição brasileira, e segundo qualquer constituição democrática, todo poder emana do povo.

O Judiciário não é dono de si mesmo.

O Judiciário tem um comandante: o povo brasileiro.

O povo se manifesta através do voto individual, secreto e livre.

Esse voto é a representação máxima da liberdade política do povo.

Esse voto foi violado pelo golpe.

54 milhões de votos foram violados!

É o maior golpe já ocorrido na história do mundo!

O judiciário, até o momento, não protestou contra a violação da liberdade política do povo brasileiro.

Todas as instituições e seus representantes que apoiaram o golpe pagarão um preço altíssimo na história.

As pessoas podem ser tolerantes, compreensivas. Nós podemos perdoar aqueles que, por covardia, ficaram contra o povo brasileiro, contra a democracia, desde que peçam sinceras desculpas e venham para o lado do povo.

Mas a história, não. A história não perdoa.

Eu prefiro estar ao lado dos que foram derrotados politicamente, mas que permanecem confiantes de que a razão da história está consigo.

A vingança da história é implacável. Eu não queria estar na pele daqueles que a sofrerão.

E ela já está se manifestando.

Afinal, onde estão os golpistas? Onde eles se reúnem para “comemorar” um ano de impeachment?

Já estão escondidos!

É muito curioso! Mesmo controlando o poder político, judiciário, midiático, policial, exército, mesmo assim eles estão com medo!

Não saem de suas casas!

São esculachados por onde passam!

Enquanto isso o povo, sem poder político, sem judiciário, sem mídia, sem polícia, sem exército, está nas ruas, enfrentando a tudo e a todos.

Os membros da Lava Jato, artífices importantes do golpe, como Deltan Dallagnol, só participam de seminários patrocinados pelo mercado financeiro, nos quais o ingresso custa quase R$ 6 mil!

São eventos dos quais, evidentemente, o povo não participa!

Um agente público, cujo salário, comida, transporte, habitação, são bancados inteiramente pelo povo, só frequenta regabofes patrocinados pela mais sórdida elite financeira.

Enquanto isso, a resistência cresce: lança livros, filmes, faz debates diários, organiza manifestações grandes, médias e pequenas.

Se os golpistas, com tanto poder, já se escondem, apavorados, imagine quando eles começarem a perder, paulatinamente, cada uma das prerrogativas republicanas que roubaram da população?

Imagina quando começarem a perder o poder político, o poder judiciário, o poder midiático, o poder policial, o poder do exército?

O que sobrará deles?

Nada.

Serão apenas o pó da história, a ser soprado por uma criança de seis anos, uma criança alfabetizada numa escola pública de primeira categoria, uma criança saudável, acompanhada por um médico de família gratuito, uma criança que poderá sonhar em cursar uma universidade pública de qualidade, que poderá almejar se tornar uma cientista num país altivo, orgulhoso do amor, dignidade e respeito com que trata a sua própria população.

Essa criança futura, pela qual lutamos, soprará o pó golpista como quem, de manhã, espana a poeira acumulada durante a noite, sobre a carteira da sala de aula.

Abaixo, o registro em vídeo do evento, feito pela comunicação do deputado Wadih Damous (PT-RJ), que foi, junto com o jornal Brasil de Fato, um de seus organizadores.

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Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
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