Por Pedro Breier
Duas matérias no site da Folha ilustram perfeitamente o que é a velha imprensa brasileira: uma verdadeira máquina de manipulação e propaganda neoliberal.
A primeira, sobre a Venezuela, contém a fala de um economista que credita os problemas de abastecimento do país simplesmente à política de controle de preços, a qual “fez com que os produtos mais simples subissem de preço”.
Nada sobre o caos político e econômico venezuelano provocado, em grande medida, pela oposição alinhada aos Estados Unidos.
Iraque, Líbia, Síria, Brasil e Venezuela. Países com importante produção de petróleo que passaram, nos últimos anos, por enormes agitações políticas, guerras (tradicionais ou híbridas) e derrubada de governos – a Venezuela ainda se segura. Os do Oriente Médio com ação direta dos EUA, os da América Latina com ação subterrânea mas evidente.
Diante desses fatos, discutir a situação da Venezuela sem falar no Tio Sam e sua sanha assassina por petróleo é deixar de fora simplesmente o ponto mais importante e aquiescer, como um belo vira-lata, ao velho imperialismo dos EUA.
A segunda matéria é a manchete do site da Folha neste momento, que se repete no Globo e no Estadão, sobre a queda do desemprego no Brasil (de 13,6% no trimestre encerrado em abril para 12,8% no trimestre encerrado em julho) puxada pelos empregos informais.
A Folha até informa que esses empregos pagam salários mais baixos, mas para por aí. Não desenvolve os vários problemas decorrentes disso, como a falta de recolhimento previdenciário, que prejudica a arrecadação do governo, e a precariedade dos postos de trabalho, sem as – agora combalidas – garantias da legislação trabalhista.
Obviamente a Folha não credita a situação calamitosa dos empregos no país ao absolutamente desastroso governo Temer, que aplica a genial estratégia econômica de cortar investimentos, vender nosso patrimônio a preços módicos e, assim, deprimir completamente a economia.
Defender o fracassado neoliberalismo, vá lá. O problema é fazer isso a partir de um oligopólio de mídia que ainda tem a pachorra de fingir-se neutro.