Foto: Dida Sampaio/Estadão
Por Tadeu Porto*
Nos últimos dias uma pilha de 4 bilhões de reais em notas falsas de 100 chamou atenção da população curitibana. O “arranha-céu” de cédulas faz parte de uma peça publicitária do filme “Polícia Federal: a lei é para todo” que representaria, segundo os idealizadores, o tanto que a operação Lava-Jato – que inspirou o filme – “já recuperou” do que foi desviado do país.
Legal, a Lava-Jato “recuperou” um tanto dinheiro. Contudo, qualquer curioso de meia tigela já deve estar se perguntando pra onde foi essa verba. Bom, já se sabe que parte dele ainda está bloqueado na justiça, mas algum dinheiro efetivamente entrou nos cofres públicos e logo no caixa do governo mais impopular (e investigado) da história recente.
Ou seja, na velha máxima do “siga o dinheiro”, não é muito difícil argumentar que a Lava-Jato não recuperou dinheiro algum, mas que, na verdade, ela só pegou o que estava em paraíso fiscal e deu de presente para o presidente golpista Michel Temer brincar de feirão de ofertas com deputados.
Na notícia do Globo, por exemplo, é afirmado que o “dinheiro confiscado” retornou “aos cofres dos órgãos lesados” e “no caso da Petrobras, já foram feitas duas devoluções, que somam R$ 296 milhões”. A notícia é de 2015, quando Temer era apenas um golpista na cadeira da Vice-Presidência, entretanto, é um índicio para sabermos para onde o dinheiro vai, para órgãos lesados, inclusive a Petrobrás.
Oras, tive a oportunidade de escrever aqui como a nossa estatal de petróleo é utilizada pelo executivo para cobrir o rombo que o governo aumentou para se salvar das denúncias de corrupção. Assim, qualquer dinheiro que entre para o caixa da empresa hoje, pode servir para o jogo perverso da dupla Michel Temer e Pedro Parente.
Ademais, numa jogada que escandalizou o país, Temer sinalizou que deve movimentar 140 cargos (centro e quarenta!) para conter uma “rebelião no congresso” (o que foi chamado de presidencialismo de cooptação pelos tucanos). Em contrapartida, há alguns meses, o mesmo governo ilegítimo cortou a verbas essenciais, como bolsas de estudos da Capes, dinheiro para saúde e da própria operação Lava-Jato.
Então, se o dinheiro “recuperado” por Moro e Dallagnol for parar nos cofres da União do governo ilegítimo Michel Temer, dá para calcular qual fatia desse montante vai pára a população (zero?) e qual vai para o bolso do legislativo mais achacador da nossa história (100%?).
E olha que nem estamos aqui argumentando sobre as perdas que a irresponsabilidade da Lava-Jato trouxe para a economia brasileira, como já calculou o “insuspeitíssimo” tucano Gesner Oliveira em estudo divulgado em 2015 (que se confirmou, segundo o próprio Gesner, em 2016). Assim, no quadro geral, comemorar 4 bilhões “recuperados” na sétima economia do mundo cuja uma investigação política e partidária congelou setores e trouxe uma queda de 2,5% do PIB (140 bilhões de reais), é o mesmo que comprar um carro zero superfaturado e comemorar pois ganhou uma uma bala skiss de brinde.
Mesmo sem considerar o desastre que é destruir o capital produtivo do país, focando só no dinheiro recuperado, a operação da República de Curitiba é um fiasco, afinal, devolver capital para a mão do presidente da cooptação, como Michel Temer, é desarmar um aviãozinho para entregar a arma ao traficante.
Nesse ritmo, imaginem só como deve ser a sequencia do filme “Policia Federal – A lei é para todos”, como Dicaprio interpretando o herói Michel Temer que recuperou o país.