Cai mais uma acusação contra Dilma

(Dilma Rousseff recebe flores aos chegar para votar em escola de Porto Alegre. Depois, houve tumulto entre policiais e imprensa. Foto: Daniel Isaia/Agência Brasil)

A reportagem é de alguns dias, mas eu esqueci de mencionar aqui no blog. Uma a uma vão caindo as acusações ridículas contra a Dilma, feita por procuradores interessados apenas em manter acesa a chama do golpe.

Além disso, a história envolvendo Delcídio do Amaral é uma das mais podres do processo de golpe. O senador foi preso numa pegadinha suja da Lava Jato apenas para gerar manchetes de jornal e forçá-lo a delatar. Não interessava se suas delações eram mentirosas, como ficou provado.

O que interessava eram as manchetes, tanto de sua prisão, como de suas delações, necessárias ambas para produzir o clima do impeachment.

A prisão de Delcídio foi um dos capítulos mais violentos do golpe, e deixou claro também a participação do STF em todo o processo.

***

No blog do Fausto, Estadão

PF não vê provas de que indicação de ministro do STJ por Dilma obstruiu Lava Jato

Relatório da Polícia Federal é referente à indicação do ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça

Breno Pires e Rafael Moraes Moura
22 Agosto 2017 | 20h07

BRASÍLIA – A Polícia Federal concluiu que não houve crime de obstrução de justiça na indicação do ministro Marcelo Ribeiro Navarro Dantas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) por parte da ex-presidente Dilma Rousseff em 2015.

A constatação faz parte do relatório final da PF sobre um inquérito que tramita em segredo de justiça no Supremo Tribunal Federal (STF) e investiga se houve, na indicação de Navarro por Dilma, algum tipo de articulação para barrar a Lava Jato, por meio da atuação do ministro no STJ. A suspeita partiu da delação de Delcídio do Amaral, do ex-líder do governo Dilma no Senado.

Segundo Delcídio, Navarro foi escolhido para o STJ com o compromisso de conceder habeas corpus e recursos favoráveis a empreiteiros como Marcelo Odebrecht, do grupo Odebrecht, e Otávio Azevedo, da Andrade Gutiérerrez.

O relatório da PF, encaminhado nesta segunda-feira (21) ao STF, apontou que, feitas todas as diligências, não se confirmou o depoimento de Delcídio do Amaral e do seu ex-chefe de gabinete Diogo Ferreira. Segundo o Broadcast apurou, o relatório também não verificou nenhum tipo de conduta criminosa por parte do ministro Francisco Falcão, do STJ, que já foi presidente da Corte. O relatório já foi encaminhado à Procuradoria-Geral da Republica (PGR), para que decida se pede o arquivamento do caso ou se faz uma denúncia.

Também constam como investigados neste inquérito o ministro do STJ Francisco Falcão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros petistas José Eduardo Cardozo e Aloizio Mercadante tramaram para conter a Lava Jato, além da própria Dilma Rousseff e do ministro Marcelo Ribeiro Navarro Dantas e de Delcídio do Amaral.

Há outras duas outras vertentes de investigação no inquérito, além da indicação de Navarro ao STJ: a indicação de Lula como ministro do governo Dilma e uma conversa gravada entre Mercadante e um ex-assessor de Delcídio no Senado após a prisão do senador.

Em relação a esses dois pontos, o relatório da PF encaminhado ao Supremo nesta segunda-feira não apresenta conclusões, porque já havia um relatório datado de fevereiro em que a PF atribuiu aos ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva crime de obstrução de Justiça e ao ex-ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil e Educação) os crimes de tráfico de influência e também obstrução de Justiça.

Para a PF, ao nomear Lula ministro-chefe da Casa Civil, em março de 2016, a então presidente e seu antecessor – que com a medida de Dilma ganharia foro privilegiado no Supremo e, na prática, escaparia das mãos do juiz federal Sérgio Moro – provocaram ’embaraço ao avanço da investigação da Operação Lava Jato’.

Críticas. A investigação sobre os ministros do STJ por obstrução de justiça é algo que vem sendo frequentemente criticado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. O ministro tem afirmado que esse inquérito tem por objetivo amedrontar os juízes. “O objetivo é constrangê-lo. E constranger o tribunal e constranger a magistratura”, disse Gilmar Mendes em sessão do STF em junho.

O ministro voltou a falar sobre o tema na sessão desta terça-feira (22), em que a 2ª Turma do STF recebeu em parte a denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República contra o senador Fernando Collor (PTC-AL) pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa no âmbito da Operação Lava Jato. Com o recebimento parcial da denúncia, será aberta no STF uma ação penal contra Collor e dois auxiliares, que irão para o banco de réus da Lava Jato.

COM A PALAVRA, PIERPAOLO BOTTINI

“Para Pierpaolo Bottini, advogado de José Eduardo Cardozo, o relatório merece elogios, porque depois de exaustiva apuração concluiu que jamais os envolvidos buscaram obstruir a justiça, apontando a fragilidade das delações que embasavam as suspeitas”.

Miguel do Rosário: Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.
Related Post

Privacidade e cookies: Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.