O novo comandante da Rota cometeu sincericídio em uma entrevista ao Uol divulgada ontem:
É uma outra realidade. São pessoas diferentes que transitam por lá. A forma dele abordar tem que ser diferente. Se ele [policial] for abordar uma pessoa [na periferia], da mesma forma que ele for abordar uma pessoa aqui nos Jardins [região nobre de São Paulo], ele vai ter dificuldade. Ele não vai ser respeitado. Da mesma forma, se eu coloco um [policial] da periferia para lidar, falar com a mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode estar sendo grosseiro com uma pessoa do Jardins que está ali, andando.
Ou seja, quem mora na periferia não tem o direito de “estar ali, andando”, o clássico direito de ir e vir previsto na nossa combalida Constituição. Ah, a liberdade que só o sistema capitalista pode oferecer…
A fala do comandante é emblemática. Com o inacreditável retorno do fascismo às paradas de sucesso, aberrações como as transcritas acima, sobre as quais imperava uma espécie de lei do silêncio, são ditas com toda a naturalidade do mundo, como se não fosse uma confissão explícita do racismo e classismo que direcionam as ações do braço repressor do Estado.
A resposta veio rápida. O Movimento Negro de SP, aliado a um conjunto de organizações populares, protocolou na tarde de hoje um pedido de explicações com base na lei de acesso à informação. A petição foi feita junto à Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público, Ouvidoria das Polícias e Gabinete do Governador e, além de pedir explicações sobre a fala, exige a demissão do comandante.
Amanhã, sábado, haverá um ato ato público anti nazista na Praça Roosevelt, em São Paulo, conforme imagem que abre este post. A fala grotesca do chefão da Rota será um dos temas principais.
Bora lá!