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EUA, China e Canadá: países desenvolvidos mantém controle estatal sobre geração elétrica

Na Carta Capital China, Canadá e EUA mantêm forte presença estatal nas hidrelétricas por José Antonio Lima — publicado 23/08/2017 13h25 Nos maiores produtores do mundo, o setor é encarado como estratégico para garantir a independência energética e o desenvolvimento. E por aqui? O governo de Michel Temer anunciou nesta semana a privatização da Eletrobras, […]

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Na Carta Capital

China, Canadá e EUA mantêm forte presença estatal nas hidrelétricas

por José Antonio Lima — publicado 23/08/2017 13h25

Nos maiores produtores do mundo, o setor é encarado como estratégico para garantir a independência energética e o desenvolvimento. E por aqui?

O governo de Michel Temer anunciou nesta semana a privatização da Eletrobras, a principal companhia energética brasileira, responsável por um terço da geração de energia no País. Atualmente, o governo federal detém 63% do capital total da Eletrobras, sendo 51% da União e outros 12% do BNDESPar, o braço de investimentos do BNDES. Ainda não há detalhes a respeito de como se daria a privatização da empresa, mas chama a atenção a ideia do governo de entregar a investidores privados o controle de um setor estratégico para o país, a energia hidrelétrica.

A Eletrobras tem usinas de diversas naturezas, como eólica, nuclear, solar e termonuclear, mas as que se destacam são as hidrelétricas. No portfólio estão, por exemplo, as usinas de Itaipu (no Parána), Belo Monte e Tucuruí (no Pará) e Jirau e Santo Antônio (em Rondônia). O governo adiantou que Itaipu não seria privatizada, sem explicar como a protegeria, mas as outras, ao que parece, estão no cardápio do mercado.

A entrega do setor a investidores privados, potencialmente estrangeiros, não faz parte atualmente das políticas dos maiores produtores de energia hidrelétrica do mundo. Juntos, China, Canadá, Brasil e Estados Unidos são responsáveis por 52,8% da energia hidrelétrica produzida, segundo dados da Agência Internacional de Energia. Em todos eles, os governos se destacam como donos do negócio.

Na China, a estatal Three Gorges Corporation opera Três Gargantas, disparada a maior hidrelétrica do mundo, localizada no rio Yang-tsé. Por meio de uma subsidiária, a China Yangtze Power Co., controla a segunda e a terceira maiores hidrelétricas chinesas, Xiluodu, com capacidade equivalente à de Itaipu, e Xiangjiaba.

No Canadá, onde 60% da energia é hidrelétrica, o setor é dominado por companhias dos governos provinciais, que constituíram empresas públicas. Em províncias como Columbia Britânica, Manitoba, Nova Brunswick e Québec as controladoras da produção hidrelétrica pertencem ao governo. Em Ontário ocorre o mesmo e, nesta província, onde fica Toronto, a maior cidade canadense, a venda ao mercado de cerca de 30% das ações da Hydro One, uma companhia estatal que transmite energia (não é geradora) foi recebida com indignação pela população em 2015 e 2016.

Nos Estados Unidos, a energia hidrelétrica tem um peso menor. Cerca de 10% da matriz energética norte-americana é renovável e, desse montante, 26% é produzido pelas hidrelétricas. Ainda assim, trata-se de um setor estratégico. Nos EUA, o maior operador de energia hidrelétrica é o Corpo de Engenheiros do Exército, que controla barragens como John Day, The Dalles e Bonneville, todas no rio Columbia. O segundo maior produtor de energia hidrelétrica nos EUA é o United States Bureau of Reclamation, uma agência federal que responde ao Departamento do Interior.

O presidente do EUA, Donald Trump, lançou em maio um enorme plano de privatização de infraestrutura, mas nem mesmo o empresário, que deseja entregar largas fatias da infraestrutura nacional ao mercado, ousou privatizar as usinas hidrelétricas. Uma das ideias de Trump, por exemplo, é privatizar a Administração Energética de Bonneville, agência federal criada em 1937 para vender a energia da usina de Bonneville, operada pelo Exército. Há diversas críticas à ideia, como a feita pelo jornal Seattle Times em editorial de 29 de maio. Para a publicação, se o plano de Trump avançar, o Noroeste dos EUA pode “dar adeus à energia pública e barata e olá para os poderosos da energia de Wall Street.”

A manutenção da energia hidrelétrica nas mãos dos governos é parte da estratégia de desenvolvimento dos países, em geral baseadas no conceito de segurança energética. A ideia é garantir a disponibilidade ininterrupta de fontes de energia a um preço acessível para garantir o desenvolvimento econômico e social dos países. Entregar áreas estratégicas, assim, pode eventualmente comprometer a capacidade dos governos de tomar decisões por conta própria para garantir o seu avanço.

Ainda sem apresentar detalhes do balão de ensaio da privatização, o governo Temer promete ao menos manter uma golden share das ações, que manteria com a União o poder de veto sobre ações estratégicas.

No caso da Eletrobras, entre os candidatos para levar fatias da companhia estão fundos estrangeiros, companhias energéticas europeias e estatais chinesas, como a Three Gorges Corporation. A companhia chegou ao Brasil em 2013 e por aqui atua com o nome CTG. Em seu site, ela diz ter escolhido o país “como prioritário em sua estratégia de crescimento internacional”. Em três anos, se tornou em 2016 a maior geradora privada de energia do Brasil.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Anderson Carlos

15/09/2018 - 15h04

Toda hora tinha apagão no Brasil, tava na cara que tava tendo corrupção. Roubalheira. Se privatizou foi por causa disso.

Anderson Carlos

15/09/2018 - 15h03

Viva o Capitalismo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Se a empresa dá sinal de fracasso, privatiza ela!!!! gastar dinheiro com isso é prejuízo!!!!

Antono Fernando

16/05/2018 - 12h21

Uma nação com a riqueza Hidríca que possuímos, e privatizar um Setor de extrema Importância,vital, para o Desenvolvimento que o País precisa empreender. Com uma justificativa absurda, digna de uma quadrilha que assalta e precisa agir rápido. O Capital privado jamais chegará, aonde o Capital Público precisa e pode alcançar,devido a necessidade de Lucrar. Privatizar as Nossas Hidroelétricas, é privatizar também nossos Rios. Isso é um Crime!!
O Brasileiro não pode aceitar esse assalto. Vamos impedir Sim!!!

Vitor Hugo Cantarelli

27/08/2017 - 02h22

A questão é que tem uma negociata em curso pro Brasil virar terrítorio multinacional

Jesus Calixto

25/08/2017 - 00h03

Leandro Santos

Carlos Santos

24/08/2017 - 22h00

É mais aqui é uma GANDAIA…nesses países existe ordem, educação e pena de morte claro que não nessa ordem e também nem em todos porém aqui é uma nação corrupta e sem educação e não tem ordem então é melhor se desfazer do que tá nas mãos de políticos pra se servirem

    Maurilio

    27/08/2017 - 09h02

    Errado. Nesses países, onde também existe corrupção (em alguns, até mais que no Brasil) eles punem o corrupto, e não as empresas. Sejam elas estatais ou não.

George Dourado

24/08/2017 - 18h57

Se espernear muito eu desligo. Não pertence mais ao Brasil.

Julio Senna

24/08/2017 - 17h39

E ainda tem estupido dizendo que nos EUA esse setor é privatizado.

Enilson Costa Suzart

24/08/2017 - 16h11

Ana Rita Suzart

Ronaldo Augusto

24/08/2017 - 15h38

Os mesmos desmiolados que apoiam estado minimo para o povo não se posicionam da mesma maneira quando o governo tem que salvar as empresas privadas. Salvando empresas de telefonia,perdoando dividas dos bancos e dividas fiscais como exemplo a Rede Esgoto.Ou é incoerencia devido a idiotice ou é discurso de gente que não pagam seus devidos impostos. Vale lembrar ,sera q nosso craque da seleção vai quitar seus debitos com a receita? Duvido, ele é parça do Aécio.

Gilberto Campos Vieira

24/08/2017 - 14h41

Tudo que vendeu nao funciona exemplo as rodovias

Jorge Milan

24/08/2017 - 10h37

A política neoliberal funciona assim mesmo, desmoralizar os políticos e a política. Não sou a favor da corrupção, mas que os políticos corruptos sejam punidos. A questão é que o poder mais corrupto em nosso país é o Judiciário, sim, ele que seria o responsável de manter a ordem. Desta forma a desmoralização da Política e dos Políticos cria campo fértil para implantar a política de privatização, desta forma favorecendo as empresas internacionais na compra do patrimônio Brasileiro. Uma empresa estrangeira não tem a preocupação de construir uma nação soberana, mas apenas de lucrar. Temos que punir os políticos corruptos, mas não podemos dar de bandeja nossas riquezas. Temos que assumir a responsabilidade dessa corrupção, pois todos nós brasileiros somos culpados, de alguma forma, direta ou indiretamente, pelo governo que aí está.

Gustavo Horta

24/08/2017 - 09h40

Não à Privatização do Setor Elétrico pretendida pelos genocidas econômicos que usurparam o poder traindo a Nação!

E AGORA ENTREGARÃO A ELETROBRAS…HAJA CU.
HAJA ESCULACHO
HAJA ESCULHAMBAÇÃO
HAJA ESCRACHO
HAJA ARREGAÇO
HAJA BACANAL

EITA BORDEL ESTE BRAZZILLL!

“Bem vindos ao inferno. Bienvenido al infierno. Welcome to The Hell.”
> https://gustavohorta.wordpress.com/2016/05/12/bem-vindos-ao-inferno-bienvenido-al-infierno-welcome-to-the-hell/

JFO

24/08/2017 - 09h11

Privatizar e abrir o MERCADO significa ficar longe de políticos CORRUPTOS e de capitalismo de compadre , porem não deixa de existir a SABERANIA DA REPÚBLICA BRASILEIRA em solo do mandatário legal púlico.”Só a Democracia Capitalista é capaz de tirar os pobres da pobreza”

    Miguel do Rosário

    24/08/2017 - 10h02

    Por que? Você acha que empresas privadas não tem relação com políticos? É ao contrário. A relação fica mais obscura e mais difícil de combater. Apenas as concessões que o capitalismo precisou fazer, em qualquer democracia capitalista, ao socialismo, é que tirou os pobres da pobreza.

Jorge Milan

24/08/2017 - 08h25

O Estado ter o controle de setores estratégicos, fundamentais ao desenvolvimento econômico e social, é de fundamental importância para a soberania de uma nação. Nossa elite não tem conhecimento desse significado, NAÇÃO, pois são educados a serem subservientes ao interesses dos países capitalistas centrais. Ainda vivem uma realidade dos tempos em que o Brasil só produzia para atender o mercado externo. Temos que extinguir essa elite atrasada e perversa.

Chung Lin

24/08/2017 - 09h42

EUA e China têm algo em comum: eles não votam pra presidente

Jormélio Oliveira

24/08/2017 - 09h40

Os cretinos que pregam o estado mínimo devem estar comemorando. Estamos vivendo estado zero.

Fábio Delgado

24/08/2017 - 05h53

Vendam TUDO

Lucia Stone A. da Rosa

24/08/2017 - 04h18

Governo golpista, antinacional e corrupto!!
#ForaTemer

Antônio Loures

24/08/2017 - 03h40

Estes bandidos sabem o que fazem. A crise e o rombo fiscal foram forjados intencionalmente justificar a vassalagem. Privatizam os direitos do povo e os deveres do estado e leiloam as riquezas minerais do país para cobrir o rombo fiscal que criaram. É o modus operante da quadrilha neoliberal para disfarçar e facilitar a entrega do país aos interesses das Multinacionais e banqueiros (O mercado). Roubam o nosso petróleo e o nosso futuro como nação, privatizam nossos direitos e os deveres do estado e para se justificarem dizem ser para o ajuste das contas públicas, cujo desajuste criaram e ampliaram intencionalmente para justificar a pilhagem . Já havíamos vivido isto na era FHC ( PSDB). Liberalismo econômico é crime lesa pátria e deveria ser tratado com pena de morte.

José Luiz Neto

24/08/2017 - 01h23

E a China ainda vai aumentar seu controle, comprando a Eletrobras.

Renata Zampaglione

24/08/2017 - 00h57

Enfim… só aqui que é essa bagunça aonde vendem até a mãe se deixa! lamentável!

Antenor Nicolau

24/08/2017 - 00h43

Crime de lesa pátria

Karlos Zas

24/08/2017 - 00h38

    Marco rocha

    20/03/2019 - 00h06

    Concordo com todos que defendem o patrimônio Brasileiro, isto que estão fazendo com o Brasil terá consequências no futuro. ( não venda o Brasil )


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