(Charge: Aroeira)
Por Pedro Breier
A direita está em péssimos lençóis para a eleição à presidência, em 2018.
Jair Bolsonaro, o melhor colocado dentre os conservadores nas pesquisas, é um bufão descontrolado que flerta escandalosamente com o fascismo. Há muitos registros em vídeo de seus rompantes machistas, racistas e homofóbicos. Terá muita dificuldade para explicar, na campanha, sua histeria preconceituosa.
Fora do discurso fácil do ódio às minorias, é uma completa nulidade. Será esmagado com facilidade em qualquer debate sobre a economia do país. Se até outro reacionário histriônico, Marco Antônio Villa, deixou Bolsonaro gaguejando sobre o tema com perguntas simplórias, imaginem o massacre que seria o embate com um Ciro Gomes.
Ele concorrerá por um partido nanico que acabou de trocar o seu nome de Partido Ecológico Nacional para Patriota (?). Provavelmente terá pouco tempo de televisão, o que será mais um fator de dificuldade para a sua campanha. A ascensão do discurso fascista, que sempre se segue às crises econômicas cíclicas do capitalismo, é seu trunfo. Não me parece suficiente.
Bolsonaro, por seu discurso exacerbado demais e por sua imprevisibilidade, não é a primeira opção do deus mercado, da mídia, e da burguesia. Tudo indica que o escolhido para a ingrata missão de enfrentar Lula ou quem ele abençoar é João Doria.
Doria deixa evidente, semana após semana, que quer o cargo. Novato na política, em seu primeiro ano de gestão na prefeitura de São Paulo, desandou a viajar pelo Brasil, recebido desavergonhadamente como candidato a presidente por seus apaniguados.
Enquanto isso, a maior metrópole da América Latina sofre com problemas prosaicos como semáforos estragados há meses, praças e parques com falhas de zeladoria e ruas e avenidas esburacadas. O resultado da aplicação do seu ridículo mote de campanha, “acelera”, é o aumento exponencial de mortes no trânsito. Uma irresponsabilidade assassina do gestor.
O campo progressista, como era de se esperar, não perdoa o delírio megalomaníaco de Doria. Uma página do Facebook lançou o boneco Dórinha, que “você encontra em todo o Brasil, menos em São Paulo”. Genial.
Mas as críticas não mais se restringem à bolha ideológica da esquerda. Topei com a seguinte capa do jornal Agora, que pertence ao Uol, em uma banca de revistas paulistana, na semana passada:
A manchete “Viagens de Doria pelo país já irritam paulistanos” estampada nas bancas é um ataque nada sutil às pretensões presidenciais de Doria. A reportagem vai na mesma linha desta matéria da Folha. O grupo Folha/Uol parece não se empolgar muito com o aventureiro Doria e tenta garantir a indicação de Alckmin como candidato tucano.
A explicação de Doria para abandonar a cidade que o elegeu e sair viajando em campanha é patética: “Hoje o mundo é digital. Por aqui (pelo celular), você acompanha tudo, participa de tudo”.
A estratégia do prefeito (nas horas vagas) é antagonizar com Lula. Uma insanidade, obviamente, pois o homem é simplesmente o presidente mais popular da história brasileira e líder em todas as pesquisas.
Em sua louca cavalgada, Doria disse, dias atrás, que se Lula é Messi ele prefere ser Neymar, “porque é brasileiro e negro”. Detalhe: o discurso, aos berros, foi feito para uma plateia de empresários ricos e brancos (vídeo aqui). Neste mesmo vídeo, a partir dos 30 segundos, Doria deixa escapar todo o seu preconceito típico da elite paulistana, insinuando que Lula não sabe ler. Se há melhor maneira de jogar fora qualquer chance de crescimento no nordeste do que chamar Lula de analfabeto, eu desconheço.
Para completar a desastrosa estratégia de Doria, o novo playboy de estimação do cidadão de bem brasileiro troca afagos públicos com Michel Temer, o presidente mais impopular da história do Brasil, pego no flagra em atividades nada republicanas e responsável por uma retirada de direitos da população trabalhadora sem precedentes.
As outras opções da direita para 2018 são Geraldo Alckmin, cujo apelido, picolé de chuchu, já diz tudo sobre sua capacidade de cativar a população, e Henrique Meirelles, que disse ontem, em entrevista para a Folha, que “uma mensagem reformista deve ganhar a próxima eleição”. Só se a votação for restrita aos frequentadores da bolsa de valores e aos sócios da FIESP.
A direita está totalmente desmoralizada depois do golpe que jogou o Brasil no buraco. Seus candidatos não têm a mínima chance contra Lula. No provável cenário de impedimento da sua candidatura, a tendência é de vitória de quem Lula abençoar.
É melhor correr com o parlamentarismo…