Traduzi um dos poemas do filme Paterson, de Jim Jarmush. Os textos são, na verdade, do poeta americano Ron Padgett, e a maioria deles foi escrita especialmente para o filme.
Poema de amor
A casa está cheia de caixas de fósforo
Nós as deixamos sempre a mão
No momento, nossa marca favorita
É a Ohio Blue Tip
Mas até pouco tempo preferíamos o Diamond
Isso foi antes da gente descobrir
Os fósforos da Ohio Blue Tip
Eles são excelentemente guardados
Em sólidas e pequenas caixas
De rótulo escuro, branco e azul claro
Com palavras estilizadas
Em forma de megafone
Como se quisesse gritar alto ao mundo
Aqui está o mais belo palito do mundo
Um delicado palito de quatro centímetros
Com uma cabeça granulada, escura e púrpura
Tão sóbrio e furioso e determinadamente pronto
A irromper em chamas
Acendendo, talvez, o cigarro da mulher que você ama
Pela primeira vez
E nada mais foi o mesmo depois disso.
Tudo que eu quero te dar
É o que você deu a mim
Eu tornei-me o cigarro e você o fósforo
Ou eu o fósforo e você, o cigarro
Queimando com beijos que fumegam até o céu
(Tradução: Miguel do Rosário)
***
Love Poem
We have plenty of matches in our house
We keep them on hand always
Currently our favourite brand
Is Ohio Blue Tip
Though we used to prefer Diamond Brand
That was before we discovered
Ohio Blue Tip matches
They are excellently packaged
Sturdy little boxes
With dark and light blue and white labels
With words lettered
In the shape of a megaphone
As if to say even louder to the world
Here is the most beautiful match in the world
It’s one-and-a-half-inch soft pine stem
Capped by a grainy dark purple head
So sober and furious and stubbornly ready
To burst into flame
Lighting, perhaps the cigarette of the woman you love
For the first time
And it was never really the same after that
All this will we give you
That is what you gave me
I become the cigarette and you the match
Or I the match and you the cigarette
Blazing with kisses that smoulder towards heaven
Vagner Santos
27/03/2018 - 03h19
Maravilhosos! Tanto o filme quanto os poemas. Belíssima interpretação de Adam Driver e uma sensibilidade incrível do diretor Jim Jarmush. Uma prova de que a beleza do banal, do cotidiano, apenas espera por palavras que possam exibi-la e revela uma profundidade nada banal e nem um pouco corriqueira naquilo que chamamos de rotina, mas que no fundo atende por outro nome: vida.
Carrie Coleman
23/08/2017 - 22h35
Também gostei muito do filme! O protagonista vê beleza e poesia nos lugares mais simples e rotineiros de sua vida!
maria meneses
22/08/2017 - 13h45
lindoo.
Nívea F Lima
22/08/2017 - 13h32
Adoro poemas de amor.Este é lindo.No cinema passou rápido e não pude repetir . Obrigada Miguel.
Paulo Pignanelli
22/08/2017 - 15h57
lindo, lindo, filme e poemas