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Bom dia, imprensa cínica e golpista

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[Esse é o Cafezinho Spoiler, nosso serviço de análise política diária, enviado aos assinantes em duas edições, às 7:30 am e às 9:30 am. Para assinar, basta clicar aqui. É gratuito, por enquanto)

A grande imprensa hoje, inflada de propaganda do governo federal, repete o seu serviço sujo diário de desinformar e fazer política partidária em favor da direita e do governo golpista.

Para disfarçar, a Folha publica denúncia anódina sobre financiamento aos deputados, mas a sua verdadeira mensagem é um editorial econômico profundamente chapa-branca, intitulado “Respiro Econômico“, no qual diz que todos os índices estão melhorando.

É um editorial mentiroso, que esconde números muito perigosos para o futuro dos brasileiros, em especial a paralisia (ou mesmo cancelamento) dos investimentos públicos em educação, saúde, pesquisa, inovação, infra-estrutura e assistência social. Paralisia que tem repercussões trágicas para milhões de pessoas. Não há nenhum “respiro econômico” para quem voltou a passar fome.

Ainda na Folha, há histórias para boi dormir sobre o DEM lançar seu candidato próprio em 2018, sair do governo no primeiro semestre de 2018, superar o PSDB, e também sobre a briga interna no PSDB sobre ficar ou não no governo.

Fake news.

DEM não vai lançar nenhum candidato próprio, não vai sair do governo e a briga tucana sobre sua posição em relação ao governo é apenas um jogo de cena: o PSDB, está claro, não vai sair governo. A preocupação da ala “jovem” do PSDB é apenas com sua imagem na opinião pública, e não com ética ou com a orientação ideológica do governo Temer, que é uma orientação essencialmente tucana. Espera-se, com ajuda da mídia, que o contratempo da delação da JBS se dilua no tempo, e que a passsividade da população continue como está.

No Globo, há duas matérias tenebrosas. Uma delas é um sórdido ataque duplo ao BNDES: a reportagem sugere (e defende) que o BNDES deve perder uma de suas principais fontes de crédito, o FAT, e ainda vende a implementação do famigerado TLP, em substituição ao TJLP, como algo que poderá “ajudar” ao banco, na contramão do que afirmar todos os especialistas do BNDES e da indústria, que afirmam, com base em inúmeros estudos, que o TLP irá simplesmente destruir o BNDES, que perderá qualquer sentido de existir.

A outra é um surreal ataque à Dilma como se esta ainda fosse presidente da república. O subtitulo sugere que se trata de um texto velho contra a Dilma que tiraram da gaveta: “Dilma usa Fies como peça de propaganda eleitoral e acrescenta bilhões ao rombo fiscal”.

É um texto escrito com a linguagem baixa e vulgar da mais vil luta partidária: “No Brasil de PT e Dilma, como se tornou praxe, o programa [FIES] passou a ser encarado como a chave da porta do paraíso para jovens carentes”.

O ódio aos pobres exalado pelo editorial é digno de uma marcha nazista. Não há nenhuma referência ao fato de que o Fies ajudou o país a incluir milhões de jovens no ensino superior.

A expressão “Brasil de PT e Dilma” é uma expressão de ódio, um cacoete fascista, porque os governos petistas foram eleitos pela maioria do povo brasileiro, tinham forte apoio popular, e essas iniciativas, como o Fies, eram não só apoiadas pela população como tinham sido articuladas, desde muito tempo, por setores sociais. Não foram iniciativas nascidas da cabeça do “Brasil de PT e Dilma”. Foram iniciativas que nasceram da sociedade.

Nunca houve um “Brasil de PT e Dilma”, como se PT e Dilma tivessem sequestrado o país: ao contrário, PT e Dilma foram eleitos quatro vezes consecutivas pela maioria do povo brasileiro, em especial pelo povo mais humilde, sem apoio da mídia, sem apoio dos EUA, vencendo candidatos que tinham, por sua vez, apoio de magnatas bilionários da mídia e dos grandes fundos internacionais interessados em saquear o país (como estão fazendo agora, após o golpe).

Estas são as razões pelas quais eu afirmei, no Spoiler 1, que o artigo de Michel Temer, dizendo que Brasil e Paraguai são “irmãos” e que “não se admitem, em nossa região, rupturas democráticas”, resume tão bem o cinismo golpista que caracteriza o noticiário político desta segunda-feira.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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