Nessa guerra entre golpistas, não sou a favor de ninguém.
Como todos sabem, Gilmar Mendes mandou soltar Jacob Barata.
Agora há pouco, o juiz Marcelo Bretas mandou prender de novo.
Apesar de considerar Gilmar Mendes uma das figuras mais torpes do país, eu acho que a postura de Bretas reflete a anarquia institucional que o judiciário e o ministério público criaram no país.
A grande hipocrisia do sistema de justiça é existir um Gilmar Mendes para soltar Jacob Barata e ninguém, nas altas cortes, para protestar contra a prisão bizarra do Almirante Othon Pinheiro, heroi nacional, o homem que criou o nosso reator nuclear.
Cada juiz e cada procurador pensam que são príncipes absolutistas que podem, por conta própria, “salvar” o Brasil.
Se um ministro do STF, errado ou não, solta um cidadão, um juiz de primeira instância, em nome da ordem pública, não deveria desafiá-lo.
Barata ainda não foi condenado. Tem o direito de aguardar o julgamento em liberdade. Não fará diferença nenhuma, para o processo de investigação.
Corrupção se combate com transparência e participação social, não com prisões. Sobretudo não com o abuso de prisões cautelares e delações, os dois principais instrumentos do arbítrio e do Estado de Exceção.
Além disso, o juiz Marcelo Bretas é notadamente um sub-Moro, mais um representante de um judiciário enlouquecido pelos holofotes da mídia e pela ideologia fascista do “punitivismo libertador”.
Foi ele que condenou o almirante Othon Pinheiro a 43 anos de prisão.
Essa sub-Lava Jato no Rio, contra o sistema de transportes, é conduzida com irresponsabilidade similar a que testemunhamos na operação de Sergio Moro.
Quase todas as grandes empresas de transporte de passageiros do estado do Rio tiveram suas contas bloqueadas, seus donos e executivos presos. O representante da Fetranspor também foi preso. Representantes do governo do estado na área de transporte foram presos.
É evidente que uma operação que afeta diretamente a infra-estrutura do transporte estadual tem de ser conduzida com moderação e prudência, para não prejudicar os cidadãos que usam a rede de ônibus pertencentes às empresas, nem o Estado, cuja receita fiscal depende dos impostos pagos pelas mesmas empresas, nem os milhares de funcionários que trabalham nelas.
Em primeiro lugar, a marca “Lava jato” virou uma espécie de coringa do judiciário de exceção. O que a corrupção no sistema de transporte no Rio de Janeiro tem a ver com a Lava Jato? Nada.
Pior, a Lava Jato virou uma metástase judicial, perigosíssima, porque invade todos os ramos da economia nacional, sempre com foco na infra-estrutura, provocando instabilidade, desemprego e recessão econômica.
E aí entra a mídia, com a solução: redução de salários, privatização, cortes de gastos.
A economia do Rio de Janeira precisa de investimentos em indústrias, em projetos agrícolas modernos, em obras de infra-estrutura, e não de mais prisões cautelares e operações policiais espetaculares.