(Foto: Tuca Vieira)
Por Pedro Breier
O governo Temer anunciou que o salário mínimo diminuirá 10 reais em 2018, passando de R$ 979 para R$ 969. Cerca de 45 milhões de pessoas recebem salário mínimo no nosso país.
A expectativa é que o governo federal economize, com a redução, R$ 3 bilhões em 2018.
Este mesmo governo federal que arrancará 10 reais de quem sentirá muita falta desse dinheiro é o mesmo governo federal que perdoou uma dívida de R$ 20 bilhões do Itaú e outra de R$ 10 bilhões de ruralistas devedores da previdência.
A Globo citou, ao final da matéria sobre a redução, que o salário mínimo está distante do valor considerado como “necessário” (aspas por conta da Globo) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A Globo repetiu, para reforçar, as aspas na palavra necessário:
De acordo com o órgão, o salário mínimo “necessário” para suprir as despesas de uma família de quatro pessoas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência deveria ser de R$ 3.810,36 em julho deste ano.
Nada de novo para quem noticiou a instituição do 13º salário como algo “desastroso para o país”.
Esta mesma Globo, que parece não achar tão necessário assim o valor calculado pelo Dieese, pertence à família Marinho, detentora de, segundo a lista da Forbes de 2016, uma fortuna de algo em torno de 13 bilhões de dólares, mais de 42 bilhões de reais utilizando-se a cotação de hoje.
Uma fortuna (necessária?) conquistada graças a um monopólio inconstitucional na área das comunicações, o qual foi obtido em troca dos nojentos e vergonhosos serviços de propaganda prestados para a sanguinária ditadura militar brasileira.
O governo Temer e a Globo são dois dos expoentes da teoria econômica da direita, que consiste basicamente em tirar dos que tem pouco para garantir a fortuna dos que já tem muito. Todo o economês dos cabeças de planilha é, na verdade, um grande disfarce para a pilhagem perpetrada em cima da absoluta maioria da população.
O objetivo da direita é espoliar a população trabalhadora para que os ricaços não diminuam seu ridículo padrão de vida. Milhões podem passar fome desde que o fim de semana na mansão absurdamente cara, que fica em uma praia tornada ilegalmente particular, esteja garantido.
Chego a quase ficar com pena de almas tão mesquinhas, tão miseráveis. Quase.
Tamanha miséria moral, falta de escrúpulos e voracidade sobre a renda dos trabalhadores terá, cedo ou tarde, resposta à altura.