(Charge: Aroeira)
Por Pedro Breier
Sérgio Moro continua desfilando toda sua imparcialidade em convescotes coxinhas Brasil afora. Ele compareceu ontem a um evento da Jovem Pan, aquela rádio seríssima que abriga analistas sóbrios e nada tucanos como Marco Antônio Villa, Reinaldo Azevedo e Augusto Nunes. Este último cumpriu o papel de fazer as perguntas e bajular Moro no evento.
Carmem Lúcia não poderia ficar de fora de uma festa dessas e, naturalmente, também se fez presente para maravilhar a todos com frases marcantes como “quero mudar o Brasil, não me mudar do Brasil”. A presidente da corte máxima do judiciário, que em tese deveria preocupar-se com a pauta de julgamentos do STF, quer “mudar o Brasil”, vejam só. Parece que tem mais gente largando as maçantes funções inerentes ao seu cargo para fazer campanha presidencial, não é, Dória?
Moro mostrou, em sua fala, que não cansa de agradar o seu patrão, a Globo. Em uma empresa, seria aquele funcionário que fica puxando o saco do chefe, rindo constrangedoramente até das piadas mais sem graça.
O jagunço dos Marinho criticou o financiamento totalmente público de campanhas e sugeriu a volta das doações empresariais, desde que com limites “muito estritos”, de no máximo R$ 100 mil, para que os candidatos “não se sintam devedores” dos empresários.
Imaginem o tamanho e o poder de lobby de empresas que teriam condições de doar R$ 100 mil para várias campanhas eleitorais. É óbvio que a lógica permaneceria a mesma de sempre: grandes empresas doando para candidatos e cobrando a fatura durante os seus mandatos, sob pena de cortarem o financiamento na próxima eleição.
A preocupação com a corrupção e com o sequestro da democracia pelo capital é apenas cortina de fumaça. O que importa é produzir manchetes para a mídia amiga, como a que O Globo estampou em seu site ontem, alegremente: “Moro diz que financiamento público integral de campanhas impede renovação política”.
É claro que a Globo não gosta da ideia de financiamento público de campanhas, pois esta é a única maneira de mitigar o poder do dinheiro sobre os mandatos dos políticos e de fortalecer os partidos e o voto ideológico.
O distritão, por sua vez, terminaria de aniquilar com os partidos e favoreceria candidatos mais conhecidos (o que parece deveras interessante para a Globo). Ou seja, é o distritão que impediria a renovação política, não o financiamento público. Sobre esta verdadeira aberração, Moro, miseravelmente, silenciou.
É impressionante a capacidade do deslumbrado juiz de Maringá de agir estritamente conforme o script global. Nunca um prêmio/propina “Faz Diferença” valeu tanto a pena para os Marinho.