Foto: Marcos Corrêa/PR
Por Tadeu Porto
Escrevi em certa oportunidade, no ano de 2016, que a história cobraria caro pelo Golpe de Estado que o Brasil sofria. Não esperava, honestamente, que a fatura chegaria tão rápido.
A coleção de vexames que os golpistas colecionam desde a chegada do usurpador Michel Temer ao poder, daria para escrever mais cinco volumes de Game of Thrones* e mais alguns spin-offs. Desde o ministério mais retrógrado desde Geisel (Completo por Homens brancos, ricos e héteros) até a maior (e mais descarada) compra de parlamentares que o Brasil já viu – parecia uma feira de domingo a céu aberto – Temer e seus asseclas colecionam atitudes vergonhosas que, não por coincidência, o fizeram ser o presidente mais impopular da história do país.
Mas de todos insucessos nenhum é maior que o fiasco do “dream team” – time dos sonhos – econômico que Michel Temer anunciou junto com suas assessorias de comunicação, a Globo, o Grupo Abril e a Folha de São Paulo. É impossível ignorar que o grande argumento do Golpe foi “melhorar” a economia do país e que o resultado foi um total desastre.
Desastre que ocorre agora, por exemplo, com a equipe do governo adiando o anúncio da meta fiscal, um dos três pilares da política macroeconômica do país – o tal tripé – como a gente adia o começo de uma dieta.
Atitudes como essas significam, nada mais nada menos, que uma grande derrota daqueles que se arvoraram em dizer que solucionariam o Brasil com a derrubada de uma Presidenta democraticamente eleita.
E olha que a revisão do rombo fiscal vem em conjunto com um aumento desigual de impostos; a liberação recorde de emendas parlamentares (leia-se dinheiro público) para deputados e deputadas antes da votação que salvou Michel Temer das garras de Janot e o perdão de dívidas fiscais de grandes empresários que farão o Estado perder meio trilhões de reais no médio prazo.
Ou seja, o “dream team” de Temer e da Globo conseguiu a façanha de tirar dos pobres, dar aos ricos e ainda sair devendo. Nem os Três Patetas conseguiriam tamanha trapalhada em tão pouco tempo.
Aliás, é impossível esquecer a celeuma que esse mesmo congresso criou quando Dilma propôs um déficit 40% menor. Assim, fica cada dia mais claro que a presidenta eleita sofreu um grande boicote e que Cunha e sua trupe paralisou e lesou o Brasil exclusivamente para derrubá-la.
Afinal, estamos falando hoje de um governo que prometeu austeridade, entregou um plano de desmonte do Estado enquanto promoveu aumento dos gastos públicos em locais que estavam longe de passar por uma crise fiscal, como o aumento de 41% para o judiciário. Concomitantemente, esse mesmo executivo praticou a maior relação fisiológica legislativo-executivo que esse país já viu.
E se a promessa do Golpe – transmitida pela Globo – era tirar a presidenta para melhorar a economia. Contudo o tempo mostrou, sem muito esforço mas com muita propriedade, que na verdade a diferença básica entre Dilma e Temer era “comprar ou não comprar deputados, eis a questão?” e que o único compromisso da equipe econômica é manter Temer são e salvo na cadeira da presidência.
Com um time dos sonhos desse, ninguém precisa de pesadelo. Aliás, façamos o seguinte: mantemos o “team”, anagrama de meta, e trocamos o dream por nightmare. Meirelles e seu nightmare team soa muito mais real.
* Não resisti: Michel Temer, filho do PMDB, o não investigado, o anão moral de Santos, senhor do acordo nacional com supremo com tudo, comprador de deputados, usurpador do trono de brasília, primeiro do seu nome. Afundou o nome da Casa Temer para sempre com o Golpe.